Santarém: A Fumaça do Bem, a fumaça do Amor
Por Carlos Augusto Mota Lima*
Advogado
Era uma vez o “Governo do Amor”, liderado pelo magnânimo Lula, que prometeu um Brasil verde e sustentável, onde o desmatamento seria uma lenda do passado e as queimadas, meras fagulhas controladas. “Combatemos de forma implacável!”, declarava o líder, com a firmeza de quem acredita que discursos resolvem incêndios. Enquanto isso, no oeste do Pará, Santarém tem amanhecido sufocada pela chamada “Fumaça do Amor” – um presente atmosférico das políticas públicas mais poéticas do planeta.
A realidade, contudo, tem um humor ácido. Enquanto o governo diz ter domado as chamas da Amazônia, o país bate recordes de queimadas e desmatamento. É o auge do combate seletivo: combate-se as más notícias e varre-se para debaixo do tapete o cheiro de floresta queimada. Em Santarém, o céu, encoberto de fumaça densa, reflete mais a incompetência do que a ação. Os moradores, de nariz tapado e olhos irritados, perguntam: “Será que a fumaça do amor é reciclável?” Na falta de respostas, aceitam queimar até as promessas feitas. “O governo é fake, mas o fogo é bem real”, comentam os moradores, enquanto espantam a fuligem do interior de suas residências.
Lula, do alto de seu palanque, talvez diga que é “apenas uma narrativa”, ou quem sabe culpe os algoritmos. Afinal, como um governo tão preocupado com o planeta permitiria que Santarém se tornasse um inferno cinzento? Deve ser só intriga da oposição – ou quem sabe do vento, que insiste em espalhar a fumaça para todos os lados.
Enquanto o governo ensaia novos slogans, a Amazônia arde. A floresta grita, mas o “Governo do Amor” só escuta o eco de suas próprias palavras. Combate implacável? Só se for contra a lógica, porque, pelo que se vê (ou quase não se vê em meio à fumaça), as chamas seguem livres e desimpedidas, com a cumplicidade dos globalistas, especialmente dos artistas que cantavam e choravam a morte das girafas e leões da Amazônia, inclusive, artistas internacionais, quanta demagogia.
E assim, o Brasil vai ganhando mais recordes – de desmatamento, queimadas e ironias. Santarém é apenas um retrato fiel de um governo que prefere ilusão à ação. A fumaça do amor, infelizmente, é tóxica, e o único verde que parece prosperar é o da tela dos meios de comunicações, cúmplices com os desmandos presidenciais. Para mitigar os efeitos dos danos políticos, o prefeito de Santarém publicou um decreto proibindo queimadas, quem sabe agora, com essa medida implacável a gente acorde podendo enxergar às águas do Rio Tapajós, uma vergonha, ou será que essa fumaça é de churrasco de picanha?
Santarém, 27 de novembro de 2024