A dignidade humana e a realidade brasileira

Por José Ronaldo Campos

É difícil compreender como autoridades dos três poderes da República, com remuneração exponencial, conseguem dormir tranquilamente, sabendo que a grande maioria do povo brasileiro vive na pobreza. Muitos moram em favelas e alguns sobrevivem do que conseguem catar em lixões.

O princípio da dignidade da pessoa humana, direito fundamental consagrado na Constituição Federal, parece cada vez mais distante da nossa realidade. Vivemos em um país onde poucos têm muito, enquanto muitos não têm nada — nem mesmo o mínimo existencial. Surge, então, uma pergunta inquietante: onde estão a equidade e a justiça necessárias para que possamos, de fato, falar em Direito?

Para quem quiser se espantar, basta uma rápida pesquisa no Google para descobrir quanto ganha um deputado federal. Ao somar todos os penduricalhos, o montante mensal ultrapassa qualquer noção de razoabilidade. Esses parlamentares, que deveriam legislar em favor do povo, frequentemente agem em causa própria, defendendo apenas os seus interesses. Os cidadãos que os elegeram, paradoxalmente, acabam relegados a um plano secundário, quando não totalmente esquecidos.

O Poder Judiciário também não escapa à crítica. Nos tribunais superiores, as remunerações frequentemente superam o teto constitucional, algo que pode ser facilmente constatado por quem se der ao trabalho de conferir os números.

Enquanto isso, o professor — profissional responsável por formar e informar todas as outras categorias, essencial para o desenvolvimento de qualquer sociedade — continua recebendo um tratamento incompatível com a sua importância. Mal remunerado e constantemente desprestigiado, sofre com a desvalorização econômica e social que o sistema perpetua.

É preciso repensar nossas prioridades como nação. Sem justiça social, sem equidade, sem valorização de quem realmente constrói o futuro, continuaremos reféns de uma estrutura que favorece poucos e marginaliza muitos. A dignidade da pessoa humana não pode ser apenas um princípio abstrato em nossas leis, mas uma realidade concreta no cotidiano de todos os brasileiros.

Enfim, lamentavelmente, conclui-se: para a elite no poder, que tudo pode, o céu é o limite. Já para o pobre, na base da pirâmide social, o buraco é, literalmente, mais embaixo.

O Impacto

2 comentários em “A dignidade humana e a realidade brasileira

  • 23 de dezembro de 2024 em 15:56
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    Pode acrescentar, incluindo todos, indistintamente, inclusive os órgãos de controle, como os tribunais de contas, se assim entender.

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  • 23 de dezembro de 2024 em 11:53
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    Ainda faltou incluir nessa distinta lista, a casta dos militares de alta patente do exército, marinha e aeronáutica.

    Resposta

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