O fim do bônus demográfico e seus reflexos no mercado imobiliário

Por Ítalo Melo*

O fim do bônus demográfico no Brasil é um fenômeno que trará impactos profundos no país, especialmente no mercado imobiliário. O bônus demográfico ocorre quando a população em idade ativa (15 a 64 anos) é maior do que a população dependente (crianças e idosos). Esse fenômeno impulsionou o crescimento econômico nos últimos 30 anos, pois uma maior parte da população estava em fase produtiva. No entanto, com a queda nas taxas de natalidade e o aumento da longevidade, o Brasil está chegando ao fim dessa fase, o que resultará em um cenário demográfico mais envelhecido e, consequentemente, em mudanças significativas para a economia e o mercado imobiliário.

Com o aumento da expectativa de vida e a diminuição das taxas de natalidade, a proporção de pessoas em idade ativa começará a diminuir, enquanto a de idosos aumentará significativamente. A população brasileira de 65 anos ou mais deve representar cerca de 25% da população total até 2050. Esse envelhecimento afetará todos os setores da economia, incluindo o mercado imobiliário, já que haverá uma mudança nas preferências de consumo e nas necessidades habitacionais da população.

O impacto no mercado imobiliário será diretamente ligado às mudanças nas preferências da população. A demanda por imóveis maiores e em áreas suburbanas deve diminuir, enquanto a busca por imóveis menores, mais acessíveis e próximos de serviços essenciais, como hospitais e centros urbanos, crescerá. Imóveis pequenos, como apartamentos de um ou dois quartos, serão mais procurados, especialmente por pessoas idosas que buscam mais acessibilidade e facilidade de locomoção. O mercado também verá um aumento na demanda por imóveis adaptados para idosos, com elevadores, rampas e banheiros adaptados.

O mercado de aluguel também será impactado, com uma possível preferência por aluguel em vez de compra de imóveis, especialmente entre os idosos que, ao se aposentarem, preferem a flexibilidade e menor custo de manutenção de um imóvel alugado. Isso pode gerar uma demanda crescente por imóveis para aluguel, principalmente em áreas centrais ou próximas a serviços de saúde.

A mudança demográfica também exigirá uma adaptação na infraestrutura urbana. As cidades precisarão se adaptar às necessidades de acessibilidade para a população idosa, oferecendo habitação inclusiva e serviços de saúde acessíveis. Imóveis adaptados, comunidades planejadas para idosos e infraestruturas acessíveis serão essenciais para atender a essa crescente demanda.

O fim do bônus demográfico e o envelhecimento da população trarão desafios significativos para o mercado imobiliário. A mudança nas necessidades habitacionais exigirá adaptações rápidas, tanto em termos de tipos de imóveis quanto em infraestrutura urbana. Com investimentos adequados, será possível transformar esses desafios em oportunidades de crescimento sustentável, atendendo às novas demandas habitacionais de uma população mais idosa e menos jovem.

Sobre o autor:

*Ítalo Melo de Farias é advogado especializado em Direito Público e Imobiliário, com mais de 20 anos de experiência. Mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Coimbra, atualmente está cursando um MBA em Incorporações e Construções Imobiliárias pela FGV. Sócio do escritório Melo de Farias Advogados Associados, é também o Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB Santarém. Sua atuação abrange a defesa de servidores públicos, questões sucessórias e planejamento patrimonial, sempre com foco em soluções jurídicas estratégicas e humanizadas.

O Impacto

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