O caos logístico brasileiro: acaso ou estratégia deliberada?
Por Fábio Maia
O Brasil, celeiro do mundo, enfrenta uma crise logística que não é novidade, mas que se agrava a cada dia. Reportagens recentes, como a publicada por Jamil Chade no UOL em 13 de abril de 2025, mostram como a guerra comercial entre Estados Unidos e China está impactando os produtores de soja norte-americanos, que temem falências devido à preferência chinesa pela soja brasileira.
A China, maior compradora global de soja, importou quase três vezes mais do Brasil em 2022/23, enquanto os EUA amargam uma queda de 3% na demanda em 2024/25. Essa guinada beneficia o Brasil, mas expõe uma fragilidade crítica: nossa infraestrutura logística não acompanha a demanda crescente. Portos saturados, estradas precárias e uma dependência excessiva do modal rodoviário elevam custos e comprometem a competitividade do agronegócio brasileiro.
Por outro lado, o artigo do O Impacto, intitulado “Ainda estou aqui: Plano Diretor”, aponta para um problema estrutural ainda mais profundo. A falta de planejamento urbano e logístico em regiões estratégicas, como o município de Santarém, no Pará, reflete um atraso crônico que não pode ser atribuído apenas à ineficiência. Há décadas, a infraestrutura da região Norte, essencial para escoar a produção agrícola e mineral, é negligenciada. O texto destaca a resistência de setores da sociedade civil e do poder público em avançar com projetos que poderiam transformar a realidade local, como a falta de segurança jurídica fundiária e o Plano Diretor de Santarém, que enfrentam entraves burocráticos e ideológicos.
Esses dois cenários convergem para uma conclusão alarmante: o atraso logístico brasileiro não é um acidente. Ele é, em grande medida, resultado de ações deliberadas ou omissões estratégicas de ONGs ambientalistas, setores do serviço público e até mesmo de interesses externos que lucram com nossa estagnação. ONGs, muitas vezes financiadas por organizações internacionais, promovem campanhas que demonizam o desenvolvimento de infraestrutura sob o pretexto de proteger o meio ambiente. Embora a preservação seja crucial, o radicalismo de algumas dessas entidades ignora o equilíbrio entre sustentabilidade e progresso, condenando comunidades inteiras à pobreza e ao isolamento. Servidores públicos, por sua vez, muitas vezes alinhados a ideologias que veem o crescimento econômico como ameaça, criam barreiras burocráticas que travam projetos essenciais.
Não é difícil enxergar que por trás dessas ações também podem estar interesses corporativos de grandes empresas e países que competem com o Brasil no mercado global. O agronegócio brasileiro, responsável por cerca de 27% do PIB nacional em 2024, é uma ameaça direta a nações como os Estados Unidos e Europa, que veem sua influência no mercado de commodities diminuir. Congestionar nossos portos, atrasar ferrovias e manter estradas em condições precárias beneficia quem deseja frear nosso avanço. A pergunta é: quem realmente ganha com o caos logístico brasileiro?
Um exemplo gritante dessa sabotagem é o projeto Arco Norte, uma iniciativa que visa fortalecer a infraestrutura portuária e de transporte na região Norte, reduzindo a dependência dos portos do Sul e Sudeste. Portos como Santarém, Miritituba e Itacoatiara poderiam escoar milhões de toneladas de grãos e minérios com maior eficiência, encurtando distâncias e custos. No entanto, o Arco Norte enfrenta resistência feroz há anos. ONGs ambientalistas, sob o argumento de proteger a Amazônia, conseguem embargos judiciais que paralisam obras. Servidores públicos, muitas vezes movidos por visões míopes ou interesses escusos, atrasam licenciamentos ambientais e autorizações. O resultado? Um projeto que poderia gerar empregos, atrair investimentos e melhorar a qualidade de vida de milhões de brasileiros segue engavetado, enquanto o Brasil perde competitividade e a população local permanece à margem do desenvolvimento.
Essa situação não é isolada. A ferrovia Ferrogrão, outro projeto estratégico para conectar o Centro-Oeste ao Norte, enfrenta obstáculos semelhantes. A demora na sua implementação força o agronegócio a depender de rodovias saturadas, como a BR-163, onde caminhões ficam dias parados em atoleiros durante a temporada de chuvas. O custo logístico no Brasil chega a 15% do preço final dos produtos agrícolas, contra 8% em países como os EUA. Isso não é apenas ineficiência; é um sistema que parece desenhado para falhar.
A convergência entre o que dizem as reportagens e o artigo de O Impacto é clara: o Brasil está preso em um ciclo de atraso que beneficia poucos e prejudica muitos. Enquanto o mundo demanda mais do nosso agronegócio, nossa incapacidade de investir em infraestrutura nos condena a perder oportunidades históricas. A China pode até comprar mais soja brasileira hoje, mas por quanto tempo conseguiremos atender essa demanda com portos congestionados e estradas intrafegáveis? E por que projetos como o Arco Norte, que poderiam mudar esse cenário, continuam sendo sabotados?
Vou finalizar com uma reflexão: Leitor, o que você acha? Será que esse caos logístico, esse atraso crônico, acontece por acaso? Ou será que há uma estratégia pensada, orquestrada por quem teme o potencial do Brasil, para garantir que nada dê certo? Será que os entraves ao Arco Norte, à Ferrogrão, a falta de regularização fundiária e ao desenvolvimento de estados como o Pará são apenas coincidências, ou existe um plano para manter nossa região e nossa população reféns da estagnação? Pense bem: em um país com tanto potencial, por que continuamos tão longe de realizá-lo?
O Impacto