Sexta-feira Santa: momento de reflexão ou diversão?

Hoje pela manhã dei uma volta no passado, lembrei quando era garoto. Naquele tempo, nesse período, havia uma reverência enorme ao Todo-Poderoso. Essa caminhada começava no domingo. A gente era levado para os templos e, na volta, trazia um pequeno ramo nas mãos, como sagrado e, na maioria das vezes, prendia-o atrás da porta de entrada da casa.

A gente fazia isso sem ter compreensão sobre o significado, mas fazia com devoção. Afinal, era Domingo de Ramos, que simboliza a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém. Essa era a ideia, só isso. Mas não sabíamos o real significado. Seria um ato de fé? Um ato político? Ou representava uma ameaça ao poder romano?

Naquela época, os templos suntuosos ficavam repletos de pessoas que buscavam a compaixão, se compadecendo de Jesus. Era assim. As pessoas vestiam-se de acordo com o momento, reinava um silêncio ensurdecedor. Nossos pais não admitiam algazarra, barulho ou falta de respeito, toda hora era hora do Criador. As rádios tocavam canções fúnebres, as igrejas lotadas, e nas casas fazia-se rodas de orações.

As refeições também entravam na ritualística: nada de carne. Era preciso evitar o pecado. Mas por quê? Que elo de ligação existe entre a morte de Jesus e essa proibição? Acho que até hoje muitas pessoas não sabem, mas é bom não tentar convencer uma senhorinha de que isso não é pecado mortal e sim um ato de salvação.

Séculos se passaram. Aos poucos, o rigor das tradições foi sendo abandonado, as igrejas esvaziadas. Os adolescentes, outrora cheios de candura, hoje, suspensos por fios tecnológicos, não pensam mais nisso, não lembram de orar, muito menos de ir aos templos agradecerem pela vida. Pra quê isso? Que importância tem?

No mundo moderno, contaminado com tanta tecnologia, já não precisam mais pensar ou escrever alguma coisa. Ora, não vou perder tempo se posso tudo naquele que está em minhas mãos. Oh! Bendito seja nosso celular de todos os dias, deixai vir a mim a IA. Maldito aquele que ainda anda nas trevas e não utiliza a inteligência artificial…

Esse misto de tecnologia, o distanciamento das tradições, a compressão de certos fenômenos, a consciência coletiva de governos canalhas, as políticas públicas de gênero exacerbadas, a desmoralização da religião, a promiscuidade de grupos que utilizam a imagem de Cristo, símbolo máximo do cristianismo, nas avenidas sendo hostilizado como homossexual — tudo isso é sinônimo de uma sociedade devassa, de famílias destruídas, de absoluta falta de respeito. Como resultado desse processo de desconstrução do cristianismo, temos a falência do Estado, a prostituição de jovens, adolescentes e crianças que já não acreditam mais na ressurreição, e sim na prostituição. Onde a droga é ovacionada e defendida por familiares em passeatas nas ruas. Da mesma forma, a defesa de pessoas LGBTQIA+. Nada contra, só não é possível aceitar as investidas contra a religião da maioria das pessoas, especialmente do povo brasileiro.

Dessa forma, hoje, sexta-feira abençoada, faço essa reflexão e vejo o quanto tudo mudou. A Semana Santa está longe de ser momento de reflexão e oração. Quando se aproxima o início, todos já estão arrumados para viajar. Os bares funcionam a todo vapor: festas, bailes, praias lotadas, músicas em volume alto. Ninguém, na verdade, lembra que estamos num período de oração e devoção. Atualmente, a palavra de Deus só é lida, rapidamente, nos velórios. Assim, estamos assistindo ao desmonte da religião e à liberação da libertinagem.

Raros são os locais onde a tradição ainda resiste. O que esperar dessa juventude transviada? Dessa juventude que mal aprendeu a ler na faculdade? Dessa juventude que, na maioria das vezes, junto com os pais, dormem nas filas, ao relento, para assistir a um show de um artista desconhecido, cujas letras das músicas sequer conseguem compreender?

Como estarão as famílias daqui a 10 ou 15 anos? Ainda teremos? Ou teremos um novo modelo de família criado por inteligência artificial? Quem sabe, quem sabe o novo modelo de família seja híbrido: meio humano, meio máquina. Esperar pra ver… Enquanto isso, todos estão se divertindo e aproveitando o chamado “feriadão”. Tenham todos uma abençoada Semana Santa.


Carlos Augusto Mota Lima

Advogado – Esp. em Segurança Pública

Belém, 18 de abril de 2025

Um comentário em “Sexta-feira Santa: momento de reflexão ou diversão?

  • 19 de abril de 2025 em 06:55
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    Taí, alguém que lembra do passado, e vive o presente e futuro, nossos governantes e a fraqueza da mente humana se deixaram levar pela esperteza daqueles que exploram a religião e a política.
    Apelar pra quem…? Valeu a lembrança..

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