Setor privado se mobiliza para COP30 com ação inédita de empresas globais

O setor privado tem avançado nas últimas semanas na preparação para a COP30 e já articula uma mobilização inédita: a criação da SB COP — sigla para Sustainable Business COP.

A iniciativa reúne empresas brasileiras e internacionais em torno de uma plataforma comum para influenciar os debates climáticos da conferência, marcada para novembro em Belém (PA).

Inspirada no modelo do B20 — braço empresarial do G20 —, a SB COP tem como objetivo contribuir com recomendações aos governos, além de apresentar casos concretos de soluções sustentáveis em curso no Brasil e no mundo.

A ideia é influenciar discussões na chamada blue zone, espaço onde ocorrem as negociações oficiais, que reúne representantes de mais de 200 países.

“No caso do B20 no Brasil, a gente entregou um documento e 72% do que estava escrito foi aceito pelos países do G20 nas recomendações finais. Agora vamos entregar para a presidência da COP um documento mostrando que o setor privado do mundo inteiro se reuniu e o que considera relevante para os governos discutirem na COP”, afirmou à CNN Ricardo Mussa, chair da SB COP, liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo Mussa explicou à CNN, a estrutura do SB 20 foi desenhada para entregar três grandes contribuições até o início da conferência:

  1. Um documento com recomendações do setor privado para os líderes globais;
  2. Uma curadoria com 50 projetos sustentáveis desenvolvidos por empresas nos países participantes;
  3. O lançamento de um projeto específico — ainda a ser escolhido — com potencial de impacto e visibilidade internacional.

Para organizar o trabalho, a iniciativa foi dividida em oito eixos temáticos, cada um liderado por um executivo do setor empresarial:

  1. Transição energética – Daniela Manique (Solvay-Rhodia)
  2. Economia circular e materiais – Tércio Borlenghi (Ambipar)
  3. Bioeconomia – João Paulo Ferreira (Natura)
  4. Sistemas alimentares – Gilberto Tomazoni (JBS)
  5. Empregos e habilidades verdes – Rafael Segrera (Schneider Electric)
  6. Financiamento climático – Luciana Ribeiro (eB Capital)
  7. Cidades sustentáveis e resilientes – Rubens Menin (MRV)
  8. Soluções baseadas na natureza – chair ainda a ser definido

Para garantir articulação com instâncias globais, a SB COP se reporta a um conselho formado por associações empresariais internacionais.

“A SB COP reporta a um conselho de associações de indústria e comércio do mundo inteiro. Tem CNI, Amcham, Mouvement des Entreprises de France (MEDEF), Business Europe, National Association of Manufacturers (NAM). E elas têm poder enorme de influenciar seus países e levar adiante o trabalho que estamos fazendo”, explicou Mussa.

“A SB COP não é algo só do Brasil e por meio dela o setor privado de todo o mundo chegará na COP sabendo o que propor e defender”, completou.

Uma COP de ação

Lideranças empresariais ouvidas pela CNN veem um contexto especialmente favorável à participação ativa do setor privado nesta edição da COP.

Entre os fatores, está a formação de uma espécie de aliança global entre governos e empresas como contraponto ao negacionismo climático associado a Donald Trump — uma movimentação que busca mostrar que o avanço da agenda ambiental independe da política climática da Casa Branca.

Outro ponto é a postura da presidência brasileira da COP, comandada pelo embaixador André Corrêa do Lago.

Ele tem feito convites diretos ao setor privado, destacando que esta deve ser uma COP voltada à demonstração de ações, já que as grandes negociações foram seladas nas edições anteriores.

Por fim, há o contexto próprio da COP30: a expectativa de uma mobilização intensa de ONGs e movimentos sociais nas ruas de Belém, conforme mostrou a CNN em 21 de março.

Esse cenário pressiona o setor empresarial a se posicionar de forma mais propositiva e pragmática diante das autoridades.

Fonte: CNN Brasil

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