A força e os riscos das grandes alianças políticas em Santarém
Por Fábio Maia*
As alianças políticas sempre foram um componente decisivo da disputa eleitoral em Santarém. Em 2025, esse elemento ganha contornos ainda mais relevantes diante da aproximação das eleições estaduais e da reconfiguração de grupos de poder locais.Três nomes centrais emergem como o eixo das articulações: o deputado federal Henderson Pinto, o prefeito José Maria Tapajós e o ex-prefeito Nélio Aguiar.
A parceria entre Henderson, José Maria e Nélio representa um polo de estabilidade, acesso a recursos e capilaridade eleitoral. A conexão com o governador Helder Barbalho também fortalece a base institucional desse grupo. No entanto, toda grande aliança carrega riscos embutidos: sobreposição de lideranças, disputa por protagonismo e insatisfações silenciosas de aliados que se sentem à margem das decisões.
Henderson, por exemplo, lidera as pesquisas para deputado federal em Santarém, mas precisa ampliar sua atuação para além do reduto local. Sua reeleição dependerá da manutenção da base e do controle da concorrência interna e externa. José Maria, por sua vez, vem de uma transição e trabalha para consolidar sua marca própria, enquanto carrega a herança administrativa de Nélio. E este, que se lança como pré-candidato a deputado estadual, precisa reconectar sua imagem ao sentimento popular e mostrar que ainda representa força de agregação.
A população santarena, cada vez mais atenta, pode começar a questionar esse tipo de centralização do poder. A sensação de que “tudo está no mesmo grupo” pode abrir espaço para vozes que preguem a pluralidade e a alternância. Nesse contexto, nomes como Chapadinha, Adriana Almeida, JK do Povão e Maria do Carmo tentam construir alternativas, mesmo com estrutura inferior.
O desafio para as grandes alianças é claro: como manter a unidade sem perder a capacidade de renovação interna? Como continuar ocupando espaços políticos sem transmitir ao eleitor a imagem de hereditariedade? O futuro político de Santarém passa por essas respostas. Para os profissionais da estratégia eleitoral, é hora de observar os sinais de desgaste, medir a fidelidade da base e, acima de tudo, entender que alianças são instrumentos, não garantias. A força de um grupo está na sua capacidade de dialogar com o novo, sem renegar o que o trouxe até aqui.
Em 2026, veremos se as grandes alianças ainda são sinônimo de vitória ou se esse novo ambiente onde o eleitor está mais exigente, fragmentado e desconfiado, poderá trazer surpresas.
O Impacto