Santarém no cenário político de 2026: uma ponte para o futuro do Pará
Por Fábio Maia
Santarém, a pérola do Tapajós, não é apenas o coração econômico e cultural do oeste do Pará, mas também um palco decisivo na política estadual. Com as eleições de 2026 se aproximando, a cidade, que é o terceiro maior colégio eleitoral do estado, está no centro das atenções. Sua influência vai além dos limites municipais, moldando o jogo político para governador, senador e deputados. Depois da polarizada eleição municipal de 2024, Santarém vive um momento de efervescência, impulsionado pela COP 30 em 2025 e pelo peso de suas lideranças locais. Este artigo, voltado para eleitores e políticos, explora o cenário político atual da cidade, sua importância no contexto estadual e como ela pode definir o futuro do Pará em 2026.
Santarém tem uma política vibrante, marcada por divisões claras. Em 2024, Zé Maria Tapajós (MDB) venceu JK do Povão (PL) no segundo turno, com 52% contra 48% dos votos válidos, mostrando um eleitorado dividido. O MDB, apoiado pelo governador Helder Barbalho, reforçou sua força, enquanto o PL, ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, consolidou uma base conservadora. Essa divisão reflete o que vimos nas eleições de 2022: Helder Barbalho (MDB) teve 65,09% dos votos em Santarém para governador, mas Bolsonaro venceu Lula na cidade para presidente, com 55,57% no segundo turno. Isso mostra que Santarém tem eleitores leais ao MDB no cenário estadual, mas um forte apoio ao bolsonarismo em disputas nacionais. Em 2026, essa dinâmica vai ser decisiva, já que a cidade representa quase 10% dos eleitores do Pará, com cerca de 200 mil votos.
Por que Santarém é tão importante para 2026? Primeiro, ela é um termômetro político do oeste do Pará, uma região com 28 municípios e peso eleitoral crescente. Uma pesquisa da Destak, iniciada em fevereiro de 2025, entrevistou 1,2 mil pessoas em Santarém e confirmou a cidade como um polo de influência. Líderes locais, como o ex-prefeito Nélio Aguiar, JK do Povão e Júnior Tapajós, estão entre os nomes cotados para disputas eleitorais, como deputados federal ou estadual. Outros, como o vereador bolsonarista Malaquias (PL) e a empresária Adriana Almeida, também aparecem como possíveis candidatos a cargos legislativos. Esses nomes mostram que Santarém não só elege, mas também exporta lideranças que podem mudar o equilíbrio de forças na Assembleia Legislativa (Alepa) e na Câmara dos Deputados.
Além disso, Santarém é um campo de batalha ideológico. O MDB de Helder Barbalho domina a máquina estadual, com recursos e alianças que fortaleceram Zé Maria Tapajós em 2024. Mas o PL, com JK do Povão, provou que pode mobilizar uma base fiel, especialmente em áreas rurais e entre evangélicos. Para 2026, o governador Helder, que não pode se reeleger, deve apoiar um sucessor do MDB, possivelmente enfrentando um nome forte do PL ou de outro partido, como o Daniel Santos do PSB. Santarém será crucial para o MDB manter sua hegemonia, mas também é onde a oposição pode ganhar terreno se souber unir eleitores urbanos, que querem segurança e emprego, com os rurais, que pedem estradas, regularização fundiária e segurança jurídica.
A COP 30, que tem Santarém como subsede em novembro de 2025, dá ainda mais destaque à cidade. O evento coloca pressão sobre os políticos para mostrarem compromisso com o meio ambiente, mas sem ignorar a economia local, que depende de agricultura, logística e comércio. Eleitores urbanos, mais jovens e conectados, estão atentos a temas como sustentabilidade, enquanto comunidades rurais querem apoio para suas atividades. Quem souber equilibrar essas demandas pode conquistar votos importantes. Por exemplo, propostas de empregos verdes ou turismo sustentável podem unir esses grupos, enquanto falhas na gestão ambiental podem custar caro. A COP 30 também atrai atenção nacional, o que aumenta o peso de Santarém nas negociações estaduais.
No contexto de 2026, Santarém também influencia a disputa pelo Senado. Helder Barbalho é apontado como um possível candidato, e sua força na cidade, onde sempre teve votação expressiva, será um trunfo. Mas nomes como Henderson Pinto (MDB) ou Airton Faleiro (PT), que buscam reeleição como deputados federais, também dependem de Santarém para consolidar suas bases. A pesquisa Destak sugere que Daniel Santos lidera intenções de voto para governador na cidade, enquanto Helder é favorito para o Senado, mas JK do Povão e Nélio Aguiar aparecem empatados para deputado estadual. Isso indica que Santarém pode dividir seus votos entre MDB e PL, influenciando diretamente o resultado estadual.
Para os políticos, a lição é clara: ganhar Santarém exige ouvir a cidade. Visitar bairros, conversar com líderes comunitários e usar redes sociais para falar com os jovens são passos essenciais. Propostas práticas, como melhorar estradas rurais e fomentar a geração de empregos, podem conquistar eleitores de todos os lados. Para os eleitores, 2026 é uma chance de escolher quem vai representar Santarém e o Pará com força. A cidade não é só um ponto no mapa, é uma ponte para o futuro do estado. Quem entender isso vai sair na frente.
O Impacto