Emissões de gases poluentes no Pará caem quase 30% em duas décadas

Um estudo recente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) revelou que o Pará conseguiu reduzir em quase 30% suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 2000 e 2023. O levantamento, publicado em 26 de março, aponta que o estado foi responsável por 13,6% das emissões nacionais em 2023, com uma queda significativa de 28,8% nas emissões brutas desde o ano 2000.

A análise, que leva em consideração as dinâmicas do carbono na economia e no meio ambiente do estado, utiliza ferramentas do Observatório do Clima e contribui para a construção de uma base de dados essencial para governos, setor privado, ONGs e outras partes envolvidas em decisões sobre mudanças climáticas. A nota técnica da Fapespa oferece uma visão detalhada das atividades econômicas e dos municípios que mais contribuem para a emissão e captura de GEE, ajudando a embasar estratégias para uma economia mais sustentável.

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A pesquisa aponta que a Amazônia brasileira tem uma função primordial como “sumidouro de carbono”, absorvendo grandes quantidades de CO2 da atmosfera. Porém, a destruição da floresta compromete esse papel essencial, fazendo com que algumas áreas, em vez de capturar, acabem se tornando emissores de carbono.

Márcio Ponte, diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Fapespa, destaca que o Pará, por sua vasta extensão territorial e por abrigar uma parte significativa da floresta amazônica, enfrenta o difícil desafio de equilibrar crescimento econômico, justiça social e preservação ambiental. “A nota técnica é uma ferramenta para auxiliar na busca de soluções que diminuam os impactos ambientais negativos e reforcem as iniciativas de conservação”, afirmou.

De acordo com a pesquisa, 2023 foi o ano dos menores índices de emissões de CO2 desde 2017. Em termos absolutos, o Pará emitiu 312,3 milhões de toneladas de CO2, correspondendo a 13,6% das emissões nacionais. Quando se considera a diferença entre as emissões brutas e as capturas de CO2, as emissões líquidas caíram para 192,6 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 60,6% em comparação com o ano 2000.

Entre os principais responsáveis por essa diminuição está a redução de 49,8% nas emissões provenientes da agropecuária na floresta primária, sugerindo que políticas de preservação e monitoramento começam a surtir efeito. A diminuição nas emissões pela conversão de florestas em pastagens, que caiu 45,6%, também contribuiu significativamente para esse avanço.

A pesquisa identificou a pecuária como o maior setor emissor, mas destacou que as emissões do setor reduziram em 31,6% durante o período analisado, devido a mudanças nas práticas de manejo e na desaceleração da conversão de florestas para pastagens. O estudo também apontou um aumento nas capturas de CO2, com destaque para a vegetação nativa, que representa 99,7% da remoção de gases da atmosfera.

O estudo também identificou progressos significativos em vários municípios do Pará. Marabá, por exemplo, conseguiu reduzir suas emissões de CO2 em 60%, passando da segunda para a sexta posição no ranking de emissores do Estado. Já Santa Maria das Barreiras reduziu suas emissões em 44,7%, e São Félix do Xingu, apesar de ainda ser o maior emissor, apresentou uma queda de 14,9% em suas emissões.

Em relação à captura de CO2, o município de Altamira se destacou, com um aumento de 160,4% na remoção de gases, mantendo-se como o maior receptor de CO2e no Estado. Esse avanço pode ser atribuído a iniciativas de conservação e práticas ambientais sustentáveis, posicionando Altamira como um exemplo positivo na mitigação das mudanças climáticas.

“É importante destacar que a redução das emissões de  CO2  (principal gás de efeito estufa) se apresenta como um resultado direto de iniciativas robustas e intersetoriais como o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), lançado em 2020, que articula ações de comando e controle com incentivos econômicos, e do Plano Estadual de Bioeconomia do Pará (PlanBio), que promove o uso sustentável da biodiversidade amazônica como base de uma nova economia inclusiva e de baixo carbono”, destaca o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

 

Por Rodrigo Neves com informações da Fapespa

Imagem: Reprodução/Fapespa

 

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