Alianças políticas para 2026: os blocos que decidirão a eleição no oeste do Pará

Por Fábio Maia

À medida que as eleições de 2026 se aproximam, o cenário político no oeste do Pará, especialmente em Santarém, ganha forma não apenas pelos nomes dos candidatos, mas pelas alianças estratégicas que definirão o pleito. Com 200 mil eleitores, Santarém é um polo decisivo, onde o sistema proporcional (quociente eleitoral) e a disputa majoritária para governador dependem de blocos bem articulados. A pesquisa Doxa (fevereiro-março de 2025) aponta Dr. Daniel (PSB) com 18,2% para governador, seguido por Hana Ghassan (MDB, 9,1%), mas são as alianças que transformarão intenções em votos. Este artigo analisa os cinco principais blocos políticos, suas estratégias, projetando quem pode liderar a região.

1. Bloco do MDB: a máquina do Governo e a COP 30

O MDB, liderado pelo governador Helder Barbalho, é o favorito pela capilaridade estrutural conquistada na eleição de 2022 no Pará, com 13 deputados estaduais, centenas de vereadores e prefeituras estratégicas. Em Santarém, José Maria Tapajós no comando do terceiro maior colégio eleitoral do estado, junto a Henderson Pinto, formam os pilares do bloco na região. Para a Assembleia Legislativa, Nélio Aguiar (União Brasil), aliado do governo, é um nome forte para assumir uma cadeira, e agrega bastante esse grupo.

O MDB planeja uma chapa ampla, repetindo 2022, com PSD, Republicanos, PP e União Brasil como base. A COP 30, em novembro, sediada em Belém, vista como um trunfo por Helder, tenta posicionar o Pará como líder climático global, podendo ser uma espada de dois gumes caso os problemas estruturais de cidade se agravem. Hana, sua vice e possível indicada, não poderá fugir dessa defesa da sustentabilidade e infraestrutura verde da COP, podendo herdar esse ônus político. A estratégia, então, será mobilizar a base gigantesca da máquina estadual de prefeitos e vereadores do MDB e atrair moderados e indecisos. Henderson Pinto, fiel a Helder, reforçará a narrativa de continuidade, enquanto Nélio puxará votos para estadual.

2. Bloco do PSB: Dr. Daniel e o equilíbrio moderado

Dr. Daniel Santos (PSB), prefeito de Ananindeua, lidera com 18,2% em Santarém e rejeição de apenas 3,3%. Após romper com o MDB em 2024, formou um bloco moderado, atraindo dissidentes e eleitores cansados da polarização MDB-PL. Em Santarém, busca alianças com vereadores e deputados insatisfeitos com governo estadual, negociando alianças com PL, Podemos e Solidariedade.

Com 70% de aprovação em Ananindeua, Dr. Daniel propõe equilíbrio econômico. O levantamento de uso do solo feito em Santarém embasa sua defesa de regularização fundiária e recuperação de áreas para agricultura, sem confrontar diretamente a COP 30. Ele aposta em turismo sustentável e infraestrutura para atrair eleitores urbanos. Sua estratégia deve começar por visitas às cidades do estado em busca de alianças, uso das redes sociais para atrair os 70,1% de indecisos e alianças com lideranças rurais e religiosos. Com essa medida, PSB tentará suprir sua baixa capilaridade de 1 deputado estadual e uma prefeitura, mostrando uma estrutura limitada e insuficiente.

3. Bloco da Direita Conservadora: PL e o Agro contra o ambientalismo

O PL, impulsionado pelo bolsonarismo, é a principal voz contra a pauta ambientalista do governo estadual, representando o agronegócio. Liderado por Mário Couto (18,6% para senador) e com JK do Povão puxando votos para estadual, o bloco busca consolidar candidatos para federal e ao governo estadual. O PL, crítico ao uso do solo no Pará, onde apenas 9,4% da mesorregião é agropecuária, contra 45,3% de áreas protegidas (Flona Tapajós, Resex Tapajós-Arapiuns), que travam o desenvolvimento, será uma das pautas mais importantes do debate.

O PL busca formar alianças com Novo, Patriota e setores do Podemos, focando evangélicos e ruralistas. A COP 30 é um desafio: o bloco precisará modelar o discurso, propondo agricultura sustentável, regularização fundiária e defesa da geração de emprego e renda, mantendo ataques ao ambientalismo excessivo do governo estadual.

Sua estratégia será na mobilização do setor produtivo e igrejas, usar as redes sociais para atacar restrições ambientais e visitar zonas rurais para aumentar a base e firmar novas alianças. Malaquias Mottin, vereador em Santarém, pode puxar votos locais.

Seus principais desafios são a falta de capilaridade, pois com apenas uma prefeitura, e três deputados estaduais, o PL depende do empenho de sua militância e financiadores. Uma possível divisão com o PSB de Dr. Daniel fragmentará a direita.

4. Bloco Progressista: PT, PSOL e o ambientalismo

O bloco progressista, formado por PT e PSOL, é limitado em Santarém, mas tem militância ativa. Maria do Carmo, (PT, 18,6% para estadual), Airton Faleiro (PT, 44% para Federal), Beto Faro (PT, 7, 8% para governador), defendem pautas sociais de direitos humanos e reforma agrária, mas a popularidade do governo federal em queda pode afetar o desempenho em Santarém. A COP 30 fortalece o bloco progressista, mas Santarém, onde Bolsonaro teve ampla votação de 49,40% em 2022, é conservador, e mostra resistência às pautas ambientalistas.

A estratégia será mobilizar sindicatos, ONGs e minorias, com eventos sociais e de viés progressista e de defesa climática, com o intuito de manter a militância.

5. Candidaturas Independentes: João Pingarilho

João Pingarilho (Podemos, 10,2% para estadual), após a fusão PSC-Podemos, atua como independente, focando pautas comunitárias. Seu alinhamento com o setor produtivo sustenta suas propostas de regularização fundiária e geração de emprego, mas a dependência da estrutura do estado e seu compromisso com o governador na sua pauta da COP 30 exigem alinhamento com sustentabilidade e as pautas ambientais do Estado, entrando assim em contradição com seu eleitorado alvo.

A estratégia de Pingarilho será usar o máximo de sua base em Santarém, mas com a necessidade de ampliar suas alianças na região oeste, além de ampliar suas redes sociais para ganhar visibilidade, e tentar assim manter sua cadeira.

Seu maior desafio é a falta de estrutura estadual e a concorrência com blocos maiores que reduzem suas chances.

Projeção final: alianças e o futuro de Santarém

A eleição de 2026 em Santarém será decidida por alianças estratégicas. O MDB, com Hana Ghassan e a máquina de Helder, lidera pela estrutura, usando a COP 30 para tentar atrair moderados. O PSB de Dr. Daniel surpreende, equilibrando economia e sustentabilidade. O PL, com Mário Couto, JK do Povão e Malaquias Mottin, polariza, criticando o ambientalismo e as pautas da COP 30. Progressistas (PT, PSOL) e independentes (Pingarilho) buscam espaço, mas esbarram na falta de estrutura e capilaridade.

A chave será traduzir alianças em votos reais. O MDB tem vantagem, mas o PL pode crescer se capitalizar o agro e a igreja. A COP 30 e o uso do solo moldarão o debate: quem souber unir estrutura, narrativa e pautas locais vencerá.

O Impacto

3 comentários em “Alianças políticas para 2026: os blocos que decidirão a eleição no oeste do Pará

  • 29 de maio de 2025 em 20:41
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    esse Beto faro foi cassado?,, se foi cassado. automaticamente está inelegível,, ,,
    portanto,, estará fora do jogo,,

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    • 29 de maio de 2025 em 20:49
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      E se lideranças políticas de santarem não deixarem de lado o EGOISMO político e pensarem um pouco mais no desenvolvimento desta região, PODEREMOS NAO FAZER NENHUM DEPUTADO ESTADUAL…,, esses 200 mil votos podem virar poeira no EGOCENTRISMO..

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  • 29 de maio de 2025 em 11:48
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    o escritor do artigo só esqueceu de questionar por onde o ex-prefeito Nélio Aguiar pretende concorrer as vistas seus problemas com União Brasil e sua parceria com deputados do MDB

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