Santarém: a capital estratégica do futuro amazônico
Por Manoel Chaves Lima – Advogado tributarista e trabalhista, inscrito na OAB/PA nº 7677, com mais de 26 anos na advocacia cível
Esse artigo foi elaborado com base na minha trajetória, na minha visão, na minha vivência profunda na Amazônia e de meu amor incondicional pela região, ou seja, está organizado em palavras aquilo que já carrego na alma há quase 50 anos.
Assim, entendendo ser uma missão a ser cumprida, acredito que esse e os outros 04 artigos que elaborei poderão ajudar a despertar consciências, mobilizar forças e projetar um futuro digno para Santarém e para o povo amazônida. Assim, feita essa introdução, vamos ao artigo.
Santarém é mais que uma cidade. É um símbolo. Localizada no encontro das águas do Tapajós com o Amazonas, com mais de 300 mil habitantes e mais de 350 anos de história, está entre Belém e Manaus, como elo entre o passado e o futuro da Amazônia brasileira. No entanto, até hoje, segue tratada como uma cidade do interior paraense, quando, na verdade, tem todos os atributos para ser uma metrópole regional, um centro logístico, tecnológico e político da Amazônia do século XXI.
Em tempos passados, o Brasil sonhava com a integração da Amazônia. A BR-163 e a Transamazônica foram idealizadas com o intuito de povoar a região e integrá-la ao restante do país. O governo militar da década de 1970, apesar de seus erros, entendeu que a Amazônia era parte vital do projeto de Nação. Ofereceu terras, promoveu infraestrutura, incentivou migrações internas. Sonhou grande. Mas o sonho parou no meio do caminho.
Atualmente, Santarém vive a contradição de ser uma das cidades mais promissoras do Brasil, mas limitada por uma política centralizada e uma narrativa ambientalista estrangeira que não reconhece os amazônidas como sujeitos de direitos. Em nome da preservação ambiental, impede-se a exploração racional de recursos, a regularização fundiária e o progresso social de milhões de brasileiros. ONGs estrangeiras, amparadas por burocracias nacionais, atuam mais como agentes de bloqueio do que de cooperação.
É hora de reverter essa lógica.
Santarém precisa ser vista como o que é: um polo estratégico nacional.
Santarém pode liderar um novo ciclo de desenvolvimento regional com base em três frentes:
- Polo de Logística e Integração Nacional
A localização de Santarém é uma dádiva. Com o porto da Cargill, a proximidade com Itaituba e a BR-163 como eixo de escoamento da produção agrícola do centro-oeste, o município pode se consolidar como o maior hub logístico fluvial e rodoviário da Amazônia.
Propostas viáveis:
I – Instalação de terminais intermodais de carga, com integração rodoviária, fluvial e aérea.
II – Criação de zonas de processamento logístico-industrial (ZPLIs) no entorno de Miritituba, com incentivos fiscais municipais e parcerias público-privadas.
III – Conclusão e duplicação da BR-163, com extensão ferroviária até Santarém.
IV – Ampliação do aeroporto Maestro Wilson Fonseca, com voos diretos para o Sul e Centro-Oeste.
- Polo Tecnológico e de Bioeconomia da Amazônia
Santarém abriga universidades, centros de pesquisa, riqueza vegetal e mineral imensa. Mas a ausência de estrutura para transformar ciência em tecnologia deixa tudo no plano teórico.
Propostas viáveis:
I – Implantação do Parque Tecnológico Tapajós, com foco em:
a – Fitoterápicos e cosméticos naturais;
b – Madeira engenheirada (madeiras que passam por um processo de seleção que exclui nós, trincas e rachaduras para, então, alinhar as fibras e transformar as madeiras em tábuas, lâminas ou até mesmo micropartículas de modo que facilite a união das peças);
c – Produtos orgânicos e agricultura sustentável.
II – Criação de linhas de crédito específicas para jovens empreendedores da bioeconomia.
III – Atração de incubadoras de startups e parcerias com a Embrapa, UFOPA, UEPA e instituições internacionais.
- Polo Turístico, Cultural e Ambiental
Santarém possui mais de 40 praias, com destaque internacional para Alter do Chão. O turismo pode ser fonte de desenvolvimento, desde que aliado à valorização da cultura local e à infraestrutura.
Propostas viáveis:
I – Selo “Capital Brasileira das Águas”, com marketing turístico nacional e internacional.
II – Roteiros integrados de turismo ecológico, cultural e histórico.
III – Criação de um Centro de Cultura Amazônica, com exposições permanentes, teatro, escola de artes e artesanato.
IV – Incentivos à produção audiovisual, moda regional e gastronomia local.
Conclusão
É inegável, que Santarém tem tudo para ser a capital estratégica do futuro amazônico. Mas para isso é preciso romper com a passividade. Não podemos continuar aceitando que decisões sobre o nosso território sejam tomadas por estrangeiros ou por gabinetes distantes da realidade amazônica.
A Amazônia é nossa. O povo que aqui vive precisa ser protagonista e não espectador.
Está na hora de Santarém levantar sua voz, organizar seus projetos, unir sua gente e mostrar ao Brasil que o futuro já começou — e ele passa por aqui.
O Impacto
Excelente artigo . Atual , progressista e verdadeiro . Um norte para o nosso desenvolvimento , Dr. Manoel . Parabéns .