Marina Silva diz que governo Dilma é maior exemplo do fracasso do sistema político

Marina Silva e Eduardo Campos em evento no Rio de Janeiro
Marina Silva e Eduardo Campos em evento no Rio de Janeiro

No seminário programático que o PSB, a Rede e o PPS realizaram na manhã deste sábado no Rio de Janeiro, a ex-senadora Marina Silva disse que “o governo Dilma é a denúncia mais contundente do fracasso do atual sistema político brasileiro” e que nem sempre consegue corresponder a seus próprios interesses, muito menos os do país.

— Desde 2010 eu trabalho para o fim desse ciclo — afirmou Marina. — Esse processo chegou ao esgotamento. E o governo Dilma é a denúncia mais contundente desse modelo. É um governo não de programas, mas de elementos de força e favor. Não corresponde ao interesse de governo e de país. O governo tem que ser programático. É assim que se faz nas democracias modernas.

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e pré-candidato à presidência da República ao lado de Marina, engrossou o tom crítico em relação à crise aberta na base aliada do governo, entre o PT e o PMDB:

— O que vemos hoje dia é um conjunto político de costas para sociedade, discutindo como se distribuem cargos. E nós vemos só parte dessas conversas. Não sabemos a outra parte — afirmou Campos.

Tanto para ele quanto para Marina a atuação do governo federal frente à situação energética do país também virou alvo de ataques.

— Não vou faltar com o respeito à presidente Dilma, mas vou exercitar meu direito de discutir o Brasil de forma diferente. O que é fundamental para o Sudeste? — perguntou o governador. — A energia dá sinais de que o setor precisa de atenção. O preço no mercado futuro dá o diagnóstico. Quem vê esse preço vê a situação. Em três anos a Petrobras teve seu valor reduzido à metade. E isso não deve ser discutido? Desestruturaram completamente o setor do etanol. Quarenta unidades foram fechadas. Em 2010, a Eletrobras valia R$ 32 bilhões. Hoje vale R$ 8 bilhões e, pela primeira vez na história, está devendo aos que produzem energia no Norte. Os parques eólicos no Brasil estão pronto, mas não têm linhas de transmissão. Enquanto isso, compramos diesel lá fora para manter as termoelétricas. Será que não é para discutir isso?

Na coletiva de imprensa que sucedeu os discursos realizados para um público de mais de três mil pessoas, Marina criticou abertamente o ministro de Minas e Energias, Edison Lobão. Disse que diferentemente de outros ministros, que têm compromissos com a agenda da pasta que ocupam, ele causa vergonha quando fala do assunto.

— Especialistas dizem que há duas Belo Monte em bagaço e palha de cana de açúcar. Isso está sendo perdido. É preciso ter matriz energetica diversificada. E isso nao está sendo feito. É até um vexame quando a gente ouve uma entrevista do ministro falando sobre o assunto.

No seminário programático, que se estenderia até o fim da tarde, Marina não assumiu ser vice na chapa presidencial de Campos. Disse que esse anúncio será feito em abril. A indefinição também se manteve com relação ao candidato do grupo ao governo fluminense. Os deputados federais Miro Teixeira (PROS-RJ) e Alfredo Sirkis (PSB-RJ) participaram do evento e também discursaram.

Teixeira, que esteve o tempo todo ao lado de Marina e Campos, lembrou a posse de Lula em 2003 e ressaltou a presença de diversos ministros daquele governo no encontro: ele próprio, Campos, Marina, Roberto Amaral e José Viegas Filho.

— Nós éramos um mesmo governo. Trabalhávamos juntos pelo êxito. Não havia loteamento, entrega de cargos — ressaltou. — Nesse governo a chantagem se manifesta, e o governo se curva, fazendo o povo fraco.

Depois de ser aplaudido pelos presentes, Teixeira pediu que a eleição deste ano seja “uma revolução pacífica para realmente implementar a República no país”.

Sirkis, que ficou à margem do burburinho e disse que aceitaria “como uma missão” uma possível proposta para concorrer ao governo do Rio, atacou o PT:

— É fundamental que o PT se salve de si próprio. No caminho que eles estão, todas as conquistas dos últimos vinte anos serão postas em questão. Se não houver uma rearrumação histórica, no futuro e na direita, o resultado talvez seja trágico para todos nós.

Ainda participaram do encontro que tinha por objetivo debater as diretrizes do programa de governo da aliança o vereador Jefferson Moura (PSOL-RJ), o deputado Márcio França (PSB-SP), o ex-ministro e atual vereador Raul Jungman (PPS-PE) e a deputada Luisa Erundina (PSB-SP). O cineasta Silvio Tendler e o antropólogo Luiz Eduardo Soares também estavam no palco do encontro.

Fonte: O Globo

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