A Consciência Negra

Neste vinte de novembro estamos celebrando o dia da consciência negra.

Muitas cidades do país, diversas entidades, o povo, mais uma vez, rememoram a saga de Zumbi dos Palmares um dos maiores, talvez o maior vulto nacional na luta pela libertação dos escravos.

Resgato, agora, para a história, a saga de um personagem praticamente esquecido e que merecia, pelo menos na região do Baixo Amazonas, ser reverenciado.

Refiro-me a Pai Antônio. Escravo na região do Cacoal Grande, na fazenda pertencente ao Dr. Gama Abreu, promoveu uma campanha sistemática para livrar seus irmãos do cativeiro.

Tramava fugas, arranjava remo e canoa, expunha-se ao tronco, aos “anjinhos”, aos baraços e outras torturas, simplesmente pelo amor à liberdade.

Com a sua colaboração logística e estratégica surgiram os quilombos do Trombetas, do Curuá e outros mais que em tamanho e importância para a região e para os nossos irmãos negros que ali se refugiavam rivalizava até mesmo com Palmares.

Até hoje ainda existem na região os remanescentes desses quilombos, sentinelas na luta pela liberdade.

Paulo Rodrigues dos Santos (Tupaiulândia), Vicente Salles (O negro no Pará), Éfrem Galvão (Romanceiro Mocorongo), Nazareno Tourinho (peça Teatral Pai Antônio) nos legaram informações valiosíssimas sobre aqueles heróis e sobre Pai Antônio.

Atanásio, Belisário, Balduíno, Nego Cirilo, Nego Felix, Maria Felipa, José Sapateiro entre outros são os heróis hoje praticamente esquecidos de nós todos, mas que tiveram importância fundamental na luta de nossos irmãos afro-descendentes pela justa liberdade.

Hoje é fácil ser oposição. Mas já imaginaram que as punições para um escravo rebelde poderiam chegar à castração, à imersão num tacho de azeite fervente, à amputação de membros ou a deformação da formosura se fosse uma bela escrava a despertar ciúmes na sinhá?

Esse mártir da liberdade, como disse antes, está totalmente esquecido pela história. Merece ser resgatado e lembrado. É um santareno ilustre.

Mas os tempos vão passando e ainda existem neste nosso amado país muitos casos de escravatura. Não mais aqueles que vinham em navios negreiros, mas os irmãos que nascem nos guetos, nas baixadas, morrem na porta dos hospitais públicos, não encontram escola para estudar nem trabalho condigno.

Em homenagem a Pai Antônio e sua plêiade de heróis, compus uma ÓPERA (ainda inédita) que se chama PAI ANTÔNIO, baseada na saga heróica, nos fatos reais contados na bibliografia que acima mencionei.

PAI ANTONIO, após um julgamento forjado, foi enforcado em Santarém, ali nas proximidades do antigo Castelo, próximo à praça da Matriz.

Eis um herói legitimamente santareno que está a merecer o resgate da memória e as merecidas homenagens.

Um comentário em “A Consciência Negra

  • 1 de setembro de 2011 em 21:02
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    estou tentando encenar esta peça maravilhosa,espero conseguir apesar de ter pouco tempo para apresentala em minha escola,parabéns pela matéria,sou de Belém do Para,Icoaraci

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