Dilma pode anunciar provável ministro da Fazenda para acalmar mercado

Nelson Barbosa e Aluizio Mercadante
Nelson Barbosa e Aluizio Mercadante

A decisão de anunciar a equipe econômica de um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff deverá ser tomada ao sabor da reta final da campanha. Essa poderia ser uma cartada para tentar reverter a aversão do mercado financeiro à gestão petista e ganhar apoio extra nos últimos dias. A ideia é defendida por parte dos integrantes da campanha. Outros, no entanto, afirmam que a chefe deveria esperar a resposta das urnas para se posicionar.
Nos bastidores, continuam as discussões sobre quem receberá a missão de recolocar o Brasil no rumo do crescimento. Um dos mais cotados para ocupar o lugar do atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, é seu desafeto e ex-secretário-executivo Nelson Barbosa. Em visitas à Brasília, Barbosa nega que será o indicado pela presidente. No entanto, em conversas reservadas, já chega a dar pistas de quem continuaria na sua equipe caso Dilma consiga se reeleger.
— Ele já está falando por aí como ministro da Fazenda — disse uma fonte do governo.
Barbosa conta com o apoio do ex-presidente Lula, tem bom trânsito no setor público e é bem visto pelo mercado financeiro. Na avaliação de fontes próximas a Dilma, ele é um dos candidatos de mais peso, mas não o único.
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é outro que ganhou força, principalmente depois que se licenciou do cargo para trabalhar na reta final da campanha. Ele tem servido como um contraponto a Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e futuro ministro da Fazenda caso o candidato do PSDB, Aécio Neves, vença a disputa nas urnas. Publicamente, o ministro nega ser o nome escolhido para comandar a economia a partir de 2015, mas a hipótese não está descartada.
Além de Barbosa e Mercadante, também são cotados para a Fazenda o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e até o ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda Otaviano Canuto, hoje no Banco Mundial. Também não está descartada a indicação de um empresário para a pasta da Fazenda. Um dos nomes que já circulam nos bastidores é o de Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José Alencar. Ele também é cotado para compor a equipe de Dilma no comando do Ministério do Desenvolvimento.
SECRETÁRIOS DEVEM SAIR, DIZ FONTE
Se reeleita, a presidente deve mudar não apenas o comando da equipe econômica, mas também nomes que hoje ocupam postos estratégicos. Integrantes da campanha de Dilma afirmam que o primeiro deles deve ser o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, autor das manobras que deterioraram as contas públicas nos últimos anos.
— Tirar o Arno é até mais importante do que tirar o Guido Mantega (ministro da Fazenda) — disse uma fonte.
O secretário é um quadro histórico do PT e tem muita afinidade com Dilma, o que o tornou um nome praticamente tão forte quanto Mantega, sendo chamado ao Palácio do Planalto com frequência para despachar diretamente com a presidente. No entanto, a fragilidade da política fiscal tem sido um fator de pressão para que ele saia do Tesouro.
Outro que deve deixar o governo é o secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland, que ao comentar o resultado da inflação de setembro, sugeriu que os brasileiros substituíssem a carne bovina, que subiu de preço, por ovos e frango.
A frase enfureceu a presidente, que chegou a ligar para Mantega para reclamar, e foi explorada pela oposição na campanha eleitoral.
ENQUANTO ISSO, NA ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS…
A nove dias das eleições, menos da metade dos 39 ministros despachou ontem na capital federal. Além da campanha presidencial acirrada, com empate técnico entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), 13 estados e o DF terão segundo turno, o que torna as agendas políticas ainda mais fortes. Dos 39 chefes de pasta, oito estão de férias e 16 cumpriram agenda fora do Distrito Federal. Um deles, Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), informou por sua assessoria que foi ao Maranhão para participar do ato de campanha “Caminhada com Dilma”.
Entre os ministros com agenda oficial, oito passaram o dia em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, e estado onde a presidente conseguiu apenas 25,8% dos votos válidos no primeiro turno. Dois ministros estiveram no Rio de Janeiro: Vinícius Lages, do Turismo, e Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, ambos para atividades oficiais. Bahia, Minas, Amazonas, Pará e Paraná também receberam visitas de ministros.
Na sexta-feira, mais dois anúncios de férias de ministros foram publicados no Diário Oficial: Moreira Franco, da Secretaria de Aviação Civil, e Neri Geller, do Ministério da Agricultura. Ao todo, oito chefes de pastas estão de férias e se dedicam à campanha da presidente Dilma. Manoel Dias, ministro do Trabalho, por exemplo, cumpriu agenda em Santa Catarina com a candidata. Além dele, a ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, que também está de férias, participou do evento. No debate de quinta-feira, no SBT, estavam na plateia Aloizio Mercadante (Casa Civil), Thomas Traumann (Comunicação Social), e Miriam Belchior (Planejamento).

Fonte: O Globo

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