MILTON CORRÊA

Trabalho acadêmico de conclusão de curso. A nota desse trabalho foi excelente. É um trabalho de conclusão do curso de pós-graduação em Jornalismo Científico

Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)

Curso de pós-graduação lato sensu em Jornalismo Científico

PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Reportagem Especial (com enfoque científico)

IGARAPÉS NO CONTEXTO AMAZÔNICO

A região Amazônica possui a maior bacia de drenagem do mundo, com cerca de 7.000.000km². É formada por uma diversidade de corpos d’água, não somente grandes rios e lagos, mas também inúmeros riachos que constituem uma das redes hídricas mais densas do mundo. Com exceção dos rios maiores de águas brancas, cujas nascentes se encontram nas altas cadeias de montanhas andinas, quase todos os rios amazônicos são resultantes da junção de pequenos igarapés que drenam a floresta.

Imagem cedida por Diego Ramos
Imagem cedida por Diego Ramos

Os riachos amazônicos, em sua maioria, apresentam águas ácidas, devido à presença de ácidos húmicos e fúlvicos e são pobres em nutrientes. Entretanto, mantêm uma fauna rica e diversa, sustentada energeticamente principalmente pelo aporte de material orgânico (folhas, galhos, flores, frutos) proveniente da floresta ripária. Esta dependência trófica deve gerar uma associação marcada entre as características da floresta que circunda o igarapé e a riqueza em espécies, a repartição de espécies em grupos funcionais e a abundância de determinados grupos dentro da comunidade.

Riachos de cabeceira são pequenos corpos d’água que ocorrem em uma vasta amplitude de configurações climáticas, topográficas, vegetacionais e biogeográficas, o que os torna um dos sistemas aquáticos mais diversos estruturalmente. Esses riachos abrigam conjuntos únicos de espécies, que são progressivamente substituídas ao longo da rede de drenagem. Além das espécies que tipicamente ocupam estes ambientes, espécies não residentes utilizam frequentemente estes corpos d’água como áreas de alimentação, sítios para reprodução, recuperação ou refúgio, sendo, portanto, ambientes muito importantes para uma vasta diversidade de organismos.

A relação de estreita dependência com a floresta faz com que alterações no ambiente terr estre afetem direta e indiretamente o sistema aquático, tanto em sua estrutura (habitats) como em suas funções ecológicas. Assim, alterações ambientais como as produzidas pelo desmatamento e poluição podem condenar os pequenos igarapés ao desaparecimento, especialmente em ambientes urbanos. Isso resulta em perda de biodiversidade e alteração de serviços ambientais importantes, como o balanço hídrico e regulação do micro clima local.

As alterações resultantes nas comunidades de peixes, por exemplo, podem abrir as portas destes ambientes para a invasão por espécies exóticas (de outros ambientes ou locais), acentuando ainda mais os impactos negativos nos igarapés .

CONCEITO DE IGARAPÉ

Igarapé é um nome de origem indígena, que significa o caminho de um rio, ou são pequenos rios com baixas ordens, onde há uma nascente, ou um riacho, de acordo com os estudos identificados pela professora doutora Ynglea Georgina de F. Goch, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), que desenvolveutese de doutorado na área de Ecologia.

LOCALIZAÇÃO

O igarapé Urumari está localizado na parte leste de Santarém, região do Baixo Amazonas, no Oeste do estado do Pará. A “Pérola do Tapajós”, como ficou poeticamente conhecida à cidade de Santarém, estásituada na microrregião do Médio Amazonas, a 36m de altitude, na confluência dos rios Amazonas e Tapajós. Distante 1.369 km da capital do estado (807 em linha reta aproximadamente) e ocupa uma área de 22.887,08 km², com uma população de 274.285. O clima é quente e úmido com temperatura média anual variando de 25º a 28°C. Apresenta pluviosidade média de 1.920 mm. As temperaturas mais elevadas ocorrem entre os meses de junho a novembro e o período de maior precipitação pluviométrica é dezembro a maio. (Associação dos Descendentes de Confederados Americanos na Amazônia).

A URBANIZAÇÃO DE SANTARÉM

Ocupação desordenada no igarapé Urumari– Foto: Comitê em defesa do igarapé Urumari
Ocupação desordenada no igarapé Urumari– Foto: Comitê em defesa do igarapé Urumari

A grande expansão começou a ocorrer na década de 1970 com a abertura da rodovia Curuá-Una (que liga a cidade de Santarém com a hidrelétrica do mesmo nome). A ocupação que acompanhou o vetor da antiga rodovia que ligava Santarém a Belterra (atual BR-163) é mais rarefeita, pois nela se concentravam muitas colônias agrícolas, constituindo-se numa importante área abastecedora de gêneros alimentícios da cidade (PEREIRA, 2004).

Como entender a forma alongada da malha urbana para o interior? Até o final da década de 1970, a expansão urbana de Santarém só se orientava no sentido sulem virtude dos igarapés do Urumari, a leste e o do Irurá/Mapiri, a oeste servirem de obstáculos naturais para seu crescimento urbano. Somente na década de 1980 que estes igarapés foram ultrapassados, dando possibilidade ao surgimento dos bairros Jutaí, Maicá, Jaderlândia, Urumarie Área Verde, no sentido leste. Na direção oeste, foi grande o número de bairros que surgiram em virtude do aterramento do IgarapéIrurá, realizado para interligar o novo aeroporto à cidade. Assim, os bairros de Santarenzinho, Amparo, Conquista, Maracanã e Elcione Barbalho se originaram de ocupações às margens da Rodovia Fernando Guilhon. Já a expansão ao sul permitiu o surgimento dos bairros Ipanema, Matinha, Floresta, Nova República, Vitória Régia e Cambuquira (SILVA, 2001). (Continua na próxima edição).

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