Trabalhadores fazem greve em São Bernardo após Volkswagen demitir 800

Trabalhadores em greve em São Bernardo
Trabalhadores em greve em São Bernardo

O ano novo mal começou e o setor automobilístico já demitiu mais de mil trabalhadores, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Nas contas dos sindicalistas, 800 foram dispensados na Volkswagen e outros 244 na Mercedes. Na unidade da Volks, os trabalhadores decidiram entrar em greve por tempo indeterminado até a revisão das demissões, sob o argumento de que a empresa está descumprindo acordo firmado em 2012, que previa a estabilidade dos funcionários até 2016. A Mercedes não confirma o número de demitidos.
O grupo de empregados cortados na Volks recebeu uma carta solicitando o comparecimento ao departamento de Recursos Humanos antes do início do turno desta terça-feira, primeiro dia de trabalho após as férias coletivas. Já os trabalhadores demitidos pela Mercedes estavam retornando de um lay-off iniciado em julho. Na ocasião, 1,2 mil metalúrgicos tiveram seus contratos suspensos. Em fim de novembro, parte deles teve o lay-off estendido, outros aderiram a um programa de PDV (programa de demissão voluntária) e uma parte entrou no “processo de encerramento de contrato”, nas palavras da montadora.
Sobre a acusação de rompimento do acordo de estabilidade de emprego feita pelo Sindicato, a Volks afirma que no dia 2 de dezembro tentou negociar com os trabalhadores uma nova proposta, afirmando que havia um excedente na fábrica de 2,1 mil trabalhadores e que a montadora precisava ganhar competitividade. O novo acordo era de trocar os reajustes de salário por um abono em 2015 e 2016, além de um programa de demissões voluntária. A proposta foi rejeitada e, no final das férias coletivas, a empresa passou a enviar o comunicado a esses trabalhadores.
O comunicado da empresa enviado aos jornalistas sinaliza ainda que novos cortes podem acontecer. “Continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições de competitividade da Anchieta, motivo pelo qual a empresa inicia a sua primeira etapa de adequação de efetivo”, diz a Volks.
GREVE NA VOLKS
Às 7h desta terça-feira, os trabalhadores fizeram uma assembleia para definir o início da greve na fábrica de São Bernardo da Volks. A reunião contou com a participação da quase totalidade dos 7 mil trabalhadores, segundo o sindicato. Outras assembleias devem ocorrer nos turnos da tarde e da noite. A paralisação é apenas interna, ou seja, os trabalhadores permanecem na fábrica, mas sem executar nenhuma tarefa.
A montadora reforçou diversas vezes em nota oficial que sua decisão de cortar funcionários está baseada na retração no setor automobilístico no país, que acabou por afetar a Volkswagen no Brasil e, principalmente, a unidade de São Bernardo, com uma retração na produção de aproximadamente 15%.
“Há um acordo trabalhista vigente desde 2012, que foi estabelecido em premissas de mercado e vendas que infelizmente não se confirmaram”, justifica a nota, que reforça ainda que os concorrentes realizaram reajustes salariais menores nos últimos anos e que a média salarial da unidade Anchieta já é mais elevada do que a de outras fábricas de automóveis.
UNIDADE ANCHIETA
A unidade fabril de São Bernardo, inaugurada em 1959, foi a primeira da Volkswagen fora da Alemanha. Com cerca de 11 mil funcionários, a planta produz hoje os modelos Gol, Polo, Polo Sedan, Saveiro e Saveiro Cross.
De acordo com a empresa, a unidade tem “um nível de remuneração média acima dos principais concorrentes”, inclusive os que estão instalados na mesma região. “As premissas de reajustes salariais que foram definidas com o objetivo de aumentar a competitividade da Anchieta infelizmente têm distanciado a companhia de suas principais concorrentes (que realizaram reajustes menores com base no cenário dos últimos 2 anos).”
Fonte: O Globo

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