Levy queria corte em desonerações ainda maior para dar sinal ao mercado

Ministro da Fazenda, Joaquim Levy
Ministro da Fazenda, Joaquim Levy

Navalha na carne Joaquim Levy queria ter apresentado na sexta-feira um pacote de cortes mais profundo nas desonerações de folha de pagamento para acalmar o mercado e conter o risco de rebaixamento da nota de crédito do Brasil. O titular da Fazenda defendia extinguir o benefício de setores inteiros da economia e mantê-lo apenas para indústria e construção civil. Dilma Rousseff decidiu pelo corte gradual, mas vigoroso. O objetivo é assegurar que não haverá recuo na meta de economia de 1,2% do PIB.
Despertador 1 Os argumentos da Fazenda se fortaleceram dentro do governo após o rebaixamento do rating da Petrobras e o risco de contágio da nota do Brasil.
Despertador 2 O anúncio das medidas de quinta e sexta-feiras foi antecipado.
Isolamento Levy tenta dar o recado de que o governo não será arrastado pelos erros da estatal e que terá a autonomia para cortar despesas desnecessárias.
Flancos O corte amplo, geral e quase irrestrito às desonerações, barrado por Dilma, não contava com a simpatia da Casa Civil e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Espera O tamanho dos próximos ajustes anunciados pela Fazenda dependerá da votação das primeiras medidas de ajuste no Congresso e da intensidade do freio necessário na economia para rearranjar as contas públicas.
Fermentação O diagnóstico da equipe econômica de que seria preciso mexer nas desonerações concedidas a granel no primeiro mandato era anterior à posse de Dilma.
Pra valer O anúncio dos novos cortes não é um bode na sala para pressionar o Congresso a aprovar as medidas trabalhistas, tributárias e previdenciárias que estão lá.
Menos mal Após uma torrente de más notícias, o núcleo político do governo terminou a semana aliviado por não ter que empregar as Forças Armadas para contornar os protestos de caminhoneiros nas estradas.
Disperso A maior dificuldade para conter o movimento dos caminhoneiros, segundo ministros, é que não há uma liderança centralizada.
De camarote Em reunião da cúpula do tucanato nesta sexta-feira, a decisão foi assistir com atenção, mas sem deixar que sejam partidarizadas, as manifestações previstas para o dia 15 pedindo o impeachment de Dilma.
Com que roupa? Do senador José Serra (PSDB-SP), usando a polêmica virtual sobre as cores mutantes de um vestido para ilustrar a situação política da presidente: “Se Dilma pedir para as pessoas irem às ruas de branco e dourado no dia 15, vai todo mundo sair de preto e azul”.
Queda de braço Petistas estão receosos com o tamanho do ato em defesa do governo organizado pela CUT no dia 13, antevéspera da manifestação contra Dilma. Dirigentes da sigla acham que haverá comparação direta.
Superego Caiu mal no Palácio do Planalto a afirmação de peemedebistas de que Lula é o “fiador” da coalizão, insinuando que a presidente não tem poder para manter as pontes com a sigla.
Bedel O ex-presidente quis saber do PMDB como os ministros tinham se saído no jantar com a sigla. Eunício Oliveira (CE) elogiou Aloizio Mercadante (Casa Civil), que reconheceu que é preciso melhorar a relação com a base.
Técnico Lula sugeriu a Jaques Wagner (Defesa) que ele deveria ser mais atuante na política. O ministro respondeu que não se deve buscar um “salvador da pátria”.
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TIROTEIO
Lula só passou limpo pelo mensalão porque disse que não sabia de nada. Mas Dilma, agora, vive dizendo que sabe de tudo.
DE JULIO DELGADO (PSB-MG), deputado federal, sobre a presidente ter dito que a redução da nota da Petrobras mostra “falta de conhecimento” sobre a estatal.
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CONTRAPONTO
Guia do mochileiro das galáxias
Em palestra para jovens estudantes de Brasília nesta semana, após sucessivas perguntas sobre extraterrestres e a área 51 –suposta base ultra-secreta dos EUA–, o chefe da Nasa, Charles Bolden, resumiu:
–Não se preocupem com aliens: eles não são maus. Talvez não sejam bons, mas não sabemos como são.
Em seguida, no entanto, fez um alerta à plateia:
–Se vocês estiverem na primeira tripulação a ir a um planeta distante e encontrar um ser com vida, e ele não se parecer com você, não faça o que os humanos têm a tendência de fazer…não pegue uma arma e atire!
Fonte: Folha de São Paulo

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