Padre: “Fui mal interpretado pelos vereadores”

Os argumentos defendidos pelo coordenador da omissão de Justiça e Paz da Diocese de Santarém, padre Edilberto Sena, sobre os problemas que a construção de pelo menos quatro portos graneleiros podem causar à população e a biodiversidade, na Grande Área do Maicá, virou motivo de críticas de um grupo de vereadores, durante a Sessão Tribuna Livre, que aconteceu na manhã da última terça-feira, 17, no plenário do Poder Legislativo local.

A Sessão Tribuna foi de autoria da Vereadora Ivete Bastos (PT). Segundo ela, a sessão foi necessária para fins de importantes esclarecimentos, bem como trazer para o debate os impactos sociais, ambientais e legais. Em sua análise, é imprescindível que haja o amplo debate, para discutir o modelo de desenvolvimento desse grande projeto e para que as condicionantes do empreendimento sejam cumpridas.

Um dos questionamentos da população e de lideranças comunitários que estiverem presentes na sessão foi em relação ao nome da empresa que está fazendo o EIA RIMA. Comunitários afirmaram que não ouviram os coordenadores do projeto citar o nome de nenhuma empresa.

Em relação aos argumentos na sessão, o padre Edilberto Sena justificou que quando ele disse na tribuna que alguns membros da classe política não estavam defendendo os interesses da população, ele afirma que foi mal interpretado pelos vereadores que estavam presente na sessão. “Em nenhum momento eu quis afrontar ninguém ou desmoralizar a Câmara. O que eu quis dizer é que os interesses do povo não estão sendo defendidos como deveriam ser”, justifica o religioso.

Outro problema relacionado à Grande Área do Maicá foi revelado na sessão de quarta-feira, 18, pelo vereador Marcílio Cabral (PMN). Ele cobrou do Executivo municipal a legalidade de áreas de terras em Santarém, citou principalmente a área do Maicá, onde se destinam a construção de portos de exportação e importação. Segundo o Vereador, aquela área é de propriedade de Marques Pinto, “com escritura legitima desde muito tempo. Então, o Município não pode dar documento de uma área que está registrada”, aconselhou.

VEREADORES CONTESTAM PADRE: O vereador Mauricio Corrêa (PSD), em pronunciamento na tribuna da Câmara, na sessão de quarta-feira, 18/03, contestou o padre Edilberto Sena, que segundo ele, em meio à sessão da terça-feira, 17/03, que discutiu a implantação de portos na grande Área do Maicá, fez uso da tribuna, para desmoralizar a Câmara e os vereadores.

Mauricio disse que a Casa de Leis é lugar de ressonância das questões de interesse do povo santareno. “É onde todos os problemas da sociedade ecoam. Então, o padre não poderia ter usado a tribuna do Poder Legislativo para usar da demagogia, fazendo lambança, para ser aplaudido e eu o repudiei em defesa do Poder Legislativo”, disse Maurício Correa. Segundo o Vereador, o padre Edilberto disse que a população não poderia acreditar nos políticos “e muito menos nas leis que este Poder faz que não têm validade”.

“De alguma forma, ele está errado e quem fala o que quer, ouve o que não quer. Esta Casa de leis tem que ser respeitada”, enfatiza o Vereador do PSD.

Maurício Correa solicitou à Mesa Executiva, que a Câmara faça uma Moção de Repúdio ao pronunciamento do padre, enviada à Diocese de Santarém, com cópia à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “para que saibam que tipo de padre eles têm aqui em Santarém, pregando a religião católica. Ele deveria não incitar a população contra determinados segmentos da sociedade e sim pregar a paz, a verdadeira obra da religião católica”, assegurou o Vereador.

Ainda sobre o assunto, o vereador Emir Aguiar (PR), no momento de seu espaço na tribuna, parabenizou o vereador Henderson Pinto (DEM), que logo em seguida ao pronunciamento de Edilberto Sena posicionou-se em defesa do Poder Legislativo Municipal. Emir Aguiar sugeriu ao padre, que tenha a coragem de se candidatar ao cargo de Vereador e venha para a Câmara atuar na defesa dos interesses da população.

O vereador Silvio Amorim (PRTB), na tribuna também se manifestou indignado com o pronunciamento do padre Edilberto Sena. Amorim, referindo-se padre, disse que ficou triste com o episódio e que os vereadores foram eleitos pela população e de repente são desrespeitados, por um padre que vem à tribuna para destratá-los, usando termos impróprios, numa falta de respeito total

O vereador Erasmo Maia (DEM), também contestou a fala de Edilberto Sena e parabenizou seu colega de partido Henderson Pinto pela defesa imediata do Poder Legislativo, reforçou as palavras de seus pares que se pronunciaram repudiando a fala do padre.

Fonte: RG 15/O Impacto