Delegado e perito criminal da DPMA são presos acusados de extorquir empresários

Delegado Fernando reis
Delegado Fernando reis

A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança (SSINTE), em ação conjunta com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) prendeu, na manhã desta quarta-feira, o delegado Fernando Reis e o perito criminal José Afonso Garcia Alvenaz. Policiais ainda estão em diligência para cumprir um mandado de prisão contra o policial civil José Luiz Fernandes. Os três são acusados de participar de uma organização criminosa que composta por agentes da Delegacia de Proteção do Meio Ambiente (DPMA) com a finalidade de extorquir empresários. De acordo com o MP, o bando atuava pelo menos desde 2012.
Os denunciados vão responder pelos crimes de organização criminosa, extorsão, extorsão mediante sequestro e concussão (exigência de pagamento de propinas). Outras sete pessoas, sendo cinco policiais civis, também foram denunciadas pelos mesmos crimes, mas já se encontram presas. Também estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências dos acusados.
e por seu homem de confiança, José Luiz. Segundo o MP, Reis era o chefe maior de todo o esquema, comandando-o, inicialmente, do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) da Polícia Civil e, posteriormente, como delegado titular da DPMA. Já José Luiz era chefe das equipes de investigação da DPMA. Os dois mantinham uma relação de subordinação, proximidade e confiança na Polícia Civil há 19 anos, o que ajudou na estruturação do bando e na coordenação dos agentes a eles obedientes.
De acordo com o Ministério Público, José Luiz, sob as ordens de Fernando Reis, era o responsável pela administração operacional da arrecadação de propina realizada diretamente por seus comparsas, integrantes das equipes de investigação da DPMA. Já José Afonso forjava laudos periciais que apontavam crimes ambientais inexistentes. As vítimas eram, então, ameaçadas de prisão em flagrante ou de instauração de investigação.
Segundo informações da Subsecretaria de Segurança, em algumas ocasiões o dinheiro era arrecadado pelos policiais envolvidos no esquema de uma só vez, o que eles chamavam de “pancada”. Isso ocorria quando uma empresa tinha seus funcionários ameaçados de prisão, ou eram efetivamente presos. Em alguns casos, as vítimas chegavam a ser sequestradas ou mantidas reféns por mais de oito horas, enquanto o preço dos resgates era negociado. Muitas vezes, não apenas os empregados, como os donos das empresas eram ameaçados com armas de fogo. No caso da “pancada”, o percentual arrecadado destinado aos chefes da organização era de 40%, sendo que o restante era dividido entre os agentes que participavam das diligências. Algumas extorsões chegavam a R$ 300 mil.
Ainda de acordo com o MP, havia também as chamadas “merendas”, acertos fixos e mensais criados a partir de uma intervenção policial na sede da empresa. Constatando ou não a prática de crime ambiental, os agentes pressionavam o empresário a entrar para a lista de pagadores mensais de propina. Esses pagamentos indevidos eram realizados muitas vezes nas dependências da própria DPMA, sempre até o dia 10 de cada mês. No caso da “merenda”, o percentual que cabia a cada um dos integrantes girava em torno de 50% do montante para os chefes, e o restante para os demais agentes. O valor das propinas mensais variava de R$ 500 a R$ 6 mil, dependendo do porte da empresa.
Ainda de acordo com o MP, a quadrilha atuava sempre da mesma forma. Eles chegavam à empresa com o pretexto de verificar uma denúncia anônima sobre a prática de crime ambiental. Eles alegavam que precisavam fazer uma vistoria e sempre constatavam alguma irregularidade ou simplesmente apontavam, sem fundamentos técnicos razoáveis, que havia crime ambiental no local.
Ainda segundo a denúncia, parte da investigação foi baseada no sistema de delação premiada de um dos policiais civis lotados na DPMA. Todos os pedido formulados pelo Ministério Público foram acolhidos pela juíza em exercício na 16ª Vara Criminal da Capital, Simone Ferraz.
Essa é a terceira etapa da Operação Hiena, que começou com uma denúncia da prática de extorsão mediante sequestro por policiais lotados na DPMA, e consequente prisão dos agentes Conrado Zimmermann Coimbra, Anderson Pinheiro Dias, conhecido como Jesus, Diogo Ferrari e Márcio Benevides (chefe do Setor de Investigações da Delegacia de Defraudações). Na segunda etapa da operação, foram presos o policial Rogério Rodrigues França, além de Lucas Zimmermann Coimbra e Cesar Augusto Zimmermann, filho e irmão, respectivamente, do policial Conrado.
Fonte: O Globo

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