Ministério da Saúde suspende pagamentos à agência de publicidade BorghiLowe
O Ministério da Saúde informou na noite de sexta-feira que suspendeu os pagamentos à agência de publicidade BorghiLowe, contratada pela licitação pela pasta em 2010. O ministério anunciou também que não irá autorizar novas ordens de pagamento para a empresa e criou uma comissão de sindicância para avaliar a regularidade da execução do contrato quem mantém com a BorghiLowe.
Os contratos com a agência são renovados ano a ano pelo Ministério da Saúde desde 2010, sem novas disputas entre empresas da área. A pasta divulgou nota na tarde desta sexta-feira em que informa que a última concorrência pública ocorreu em 2010, ano em que quatro agências foram selecionadas para a realização de campanhas de utilidade pública. “Os contratos cumprem todos os requisitos exigidos na legislação de licitação. Os contratos têm vigência de um ano, podendo ser renovado por até cinco anos”, diz a nota.
O ministério informou que abriu uma apuração interna para analisar as denúncias de irregularidades. “As informações dos contratos de publicidade, do período em análise pela Polícia Federal, serão encaminhadas para a Controladoria Geral da União e Polícia Federal e ficarão à disposição dos demais órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União e Ministério Público, para reforçar as medidas de controle e auxiliar nas investigações”, afirma a nota.
A pasta voltou a defender que não chegou a assinar contrato com o laboratório Labogen, suspeito de pertencer ao doleiro Alberto Youssef e que contou com lobby do então deputado federal André Vargas. O termo de compromisso firmado com o laboratório, para a produção de um medicamento, só foi suspenso depois da deflagração da Operação Lava-Jato. “A proposta envolvendo a Labogen sequer passou da fase do cumprimento dos requisitos para assinatura de contrato”.
Na sexta-feira, a Operação Lava-Jato abriu uma nova frente de investigação e chegou ao Ministério da Saúde e à Caixa Econômica Federal. A Polícia Federal desarticulou esquema que desviava dinheiro de contratos de agência de publicidade na 11ª fase da operação, batizada de “A Origem”. Ricardo Hoffman, ex-diretor da agência BorghiLowe, em Brasília, é suspeito de repassar comissões ao ex-petista e ex-deputado cassado André Vargas, em esquema semelhante ao operado pelo publicitário Marcos Valério durante mensalão. Os investigadores descobriram ainda que a empresa ligada a um irmão de Vargas recebeu, em 2013, R$ 50 milhões do banco.
Além de Vargas, foram presos preventivamente mais dois ex-deputados: Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), que cumpre regime semiaberto após ter sido condenado no processo do mensalão. Foram detidos provisoriamente: a secretária de Argôlo, Hélia Santos da Hora, Ivan Mernon da Silva Torres, Leon Vargas (irmão de André Vargas) e Ricardo Hoffman, diretor de uma agência de publicidade.
Fonte: O Globo