Campanha Nacional de Doação de Leite Materno começa no Pará
Como parte das ações em comemoração ao Dia Mundial de Doação de Leite Humano, o Ministério da Saúde lançou, na quarta-feira (20), em Brasília, campanha nacional para incentivar o ato da doação. A campanha deste ano, que tem como tema “Seja doadora de leite materno e faça a diferença na vida de muitas crianças”, é direcionada aos bebês prematuros. Além da ministra interina da Saúde, Ana Paula Soter, o evento contou com a presença da atriz e apresentadora Maria Paula, que recebeu em 2012 o título de Embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, devido ao seu envolvimento e dedicação à causa.
O Pará conta com quatro bancos de leite humano. Durante o evento de ontem, a ministra interina destacou a importância dos bancos de leite para salvar a vida dos bebês prematuros e de baixo peso, que estão internados nas UTIs neonatais. “A nossa rede de banco é a maior e mais completa do mundo. Temos hoje 215 bancos de leite espalhados por todo o Brasil e cada estado tem, pelo menos, uma unidade, além dos postos de coleta”, explicou. A secretária ressaltou que a meta do Ministério da Saúde é aumentar em 15% o volume do leite coletado. “Amamentar o próprio filho é um ato de amor, mas doar leite e ajudar a alimentar outros bebês é um ato de amor ainda maior. Esse gesto de solidariedade salva vidas e forma o futuro de muitas crianças”, observou. A ministra interina também destacou a importância de se fazer a coleta adequada. “Se você quer doar e tem dúvida, procure o banco de leite mais próximo ou ligue para o Disque-Saúde”, ressaltou Ana Paula.
Em 2014, no Pará, 3.966 mulheres doaram 4,5 mil litros de leite materno que beneficiaram 3,6 mil bebês. Organizada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Rede BLH, a campanha tem como objetivo aumentar o número de novas doadoras voluntárias e o volume de leite materno coletado e distribuído para os recém-nascidos, especialmente os prematuros de baixo peso internados no nas unidades de saúde. Atualmente, o volume de leite materno coletado representa de 55% a 60% da real demanda no País. De janeiro a dezembro de 2014, foram coletados, em todo o país, 184 mil litros de leite materno, beneficiando a 178 mil recém-nascidos. Ao todo, 164 mil mulheres doaram neste período.
“Amamentar é uma função social, um vínculo afetivo muito grande. Doar leite é que nem amor: quanto mais se dá, mais ele jorra dentro de você”, frisou a Embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, Maria Paula, durante a cerimônia de lançamento da campanha.
Este ano, as ações marcam a comemoração dos 30 anos de Políticas Públicas dos Bancos de Leite Humano em defesa do bebê prematuro, que será o protagonista da campanha publicitária. Com duração de um ano, a campanha terá mensagens enfatizando que o leite doado serve para salvar a vida destes bebês, que não podem ser amamentados pelas próprias mães. Serão 1,2 milhão de folders e 20 mil cartazes distribuídos aos bancos de leite humano de todos os estados. Das 2,9 milhões de crianças nascidas em 2013, 11,9% foram prematuras.
O coordenador da Saúde da Criança e do Aleitamento Materno, do Ministério da Saúde, Paulo Bonilha, lembrou que a doação de leite e o aleitamento materno contribuíram para a redução da mortalidade infantil no Brasil, sendo fundamental na diminuição de doenças infecciosas e alérgicas que afligem os bebês recém-nascidos prematuros de baixo peso. “Esta redução se deve, em muito, ao aumento da taxa de doação de leite humano”, reafirmou o coordenador.
“Estamos aqui para celebrar 30 anos de êxito em políticas públicas e sociais voltadas para o aleitamento materno e doação de leite. Nós trabalhamos, com honra, em prol do verdadeiro milagre da vida, que são os recém-nascidos prematuros e de baixo peso que não podem ser amamentados pelas mães. Esse é o Sistema Único de Saúde (SUS) que dá certo e que permite ao Brasil contar com 11 milhões de mulheres doadoras”, declarou o coordenador da rede brasileira de banco de leite humano, João Aprígio.
BENEFÍCIOS – Com o leite humano, o bebê fica protegido de infecções, diarreias e alergias, cresce com mais saúde, ganha peso mais rápido, além de ficar menos tempo internado. O aleitamento materno também diminuiu o risco de doenças como hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade e colesterol. A amamentação também reduz o peso da mãe mais rapidamente após o parto e ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia após o parto. As chances de se adquirir diabetes ou desenvolver câncer de mama e de ovário também diminuem significativamente.
Uma série de evidências científicas mostra que o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a OMS e a UNICEF, cerca de seis milhões de crianças são salvas por ano devido ao aumento das taxas de amamentação exclusiva. Além disso, o leite materno tem tudo o que a criança precisa até os seis meses, inclusive água.
PESQUISA – Em março, foi divulgado um estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Pelotas, que acompanhou 3,5 mil recém-nascidos durante mais de três décadas. A pesquisa, feita a partir de 1982, comprova que, quanto mais duradouro o período de amamentação na infância, maiores os níveis de inteligência e renda média na vida adulta até os 30 anos. Foi o primeiro estudo no Brasil a mostrar o impacto no QI e o primeiro internacionalmente a verificar a influência na renda. O estudo foi divulgado pela The Lancet, uma das publicações científicas mais importantes do mundo.
BANCO DE LEITE – O Brasil possui a maior e mais complexa rede de bancos de leite do mundo. Atualmente, conta com 215 bancos de leite e 98 postos de coleta distribuídos em todos os estados. Nos últimos quatro anos, o Ministério da Saúde já repassou R$ 3,2 milhões para custeio do serviço no país. O modelo do Banco de Leite Humano Brasileiro é referência internacional e, desde 2005, o país exporta técnicas de baixo custo para implementar bancos de leite materno em 25 países da América Latina, Caribe Hispânico, África Portuguesa e Península Ibérica. Uruguai, Venezuela e Equador receberam as primeiras tecnologias transferidas e Portugal e Espanha receberam os primeiros bancos no modelo brasileiro.
SERVIÇO – Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano, basta estar saudável e não estar tomando nenhum medicamento que interfira na amamentação. Por isso, se você está amamentado e quer doar, procure o banco de leite humano mais próximo ou ligue para o Disque Saúde, no número 136. Seu gesto significa a vida para uma criança.
Antes da coleta, é aconselhável que a doadora faça uma higiene pessoal, cobrindo os cabelos com lenço ou touca, usando pano ou máscara sobre o nariz e a boca, lavando bem as mãos e os braços, até o cotovelo, com bastante água e sabão. As mamas devem ser lavadas apenas com água e, em seguida, secadas com toalha limpa. O leite deve ser coletado em local limpo e tranquilo. O leite humano extraído para doação pode ficar no freezer ou no congelador da geladeira por até 10 dias. Nesse período, deverá ser transportado ao banco de leite humano mais próximo da sua casa.
Fonte: Ascom/MS