Fifa vai distribuir R$ 2 milhões em dinheiro a cartolas durante eleição
A cidade de Zurique vai viver um mini-boom econômico a partir desta segunda-feira. A Fifa decidiu que, para suas reuniões anuais que começam nesta semana e que culminam com as eleições para definir o próximo presidente, cada cartola que viajará para a cidade suíça receberá dinheiro vivo para poder gastar com despesas pessoais enquanto estiverem no evento.
Por dirigente, a Fifa vai dar US$ 1 mil em dinheiro assim que o cartola pisar em Zurique. Isso, claro, sem contar com hotel e transporte. Segundo a entidade, diante da dificuldade de fazer a transferência por banco a cada uma das 209 federações, o dinheiro será distribuído em espécie, em envelopes. Por federação, além do presidente, outros dois cartolas poderão receber o dinheiro. No caso da CBF, ela inclui o presidente Marco Polo Del Nero.
Durante o evento, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, vai concorrer a seu quinto mandato consecutivo. Na última quinta-feira, dos quatro concorrentes ao cargo, dois já desistiram, alegando que não tem qualquer chance diante das táticas usadas por Blatter. Segundo eles, enquanto a oposição tenta trazer ideias e debates, o suíço concentra sua campanha em apenas um aspecto: dinheiro e retribuição de favores.
O suíço se recusou a fazer parte de qualquer debate público com outros candidatos e ainda se recusou a apresentar seu plano de governo para os próximos quatro anos.
Essa não é a primeira vez que os dirigentes são informados pela Fifa que vão ganhar dinheiro, simplesmente por ir às eleições. Um dia depois de a entidade anunciar a lista oficial dos candidatos para a eleição, há três meses, Blatter enviou uma carta aos presidentes de todas as 209 federações para anunciar que estava oferecendo US$ 300 mil a cada um deles, usando um total de US$ 62 milhões dos caixas da entidade.
São justamente os presidentes das 209 federações que escolherão o novo comando da Fifa em três meses. Além de Blatter, naquele momento concorriam ao cargo o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al Hussein, o ex-jogador Luís Figo e o cartola holandês Michael van Praag. Hoje, Ali é o único que continua no páreo contra Blatter.
A carta, obtida com exclusividade pela reportagem, é assinada pelo braço direito de Blatter, o francês Jérôme Valcke, e foi enviada no dia 30 de janeiro, um dia depois do registro oficial dos candidatos. Segundo o documento, a gerência da Fifa indicava que todas as federações que estivessem interessadas em ganhar esse bônus de US$ 300 mil deveriam se apresentar.
Se para grandes federações como a da Alemanha, Inglaterra e mesmo a CBF o valor é baixo, o dinheiro pode representar até 20% do orçamento de dezenas de federações nacionais para o ano de 2015. Das 209 federações, cerca de 100 delas contam com recursos que não ultrapassam a marca de US$ 2 milhões por ano. O cheque de Blatter, portanto, faz diferença.
Oficialmente, o dinheiro deveria ser usado para ajudar as federações a enviar suas equipes para as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. A Fifa também autoriza as federações a usar o dinheiro para competições como a Sub-17, Sub-20, Futsal e até para os torneios de Beach Soccer em 2015 e 2016.
Em 2014, a Fifa também já usou a mesma estratégia e, com a renda da Copa do Mundo no Brasil, distribuiu mais de R$ 200 milhões aos dirigentes das 209 federações nacionais, justamente os 209 votos na eleição.
Durante a Copa, a Fifa ganhou isenção total de impostos no Brasil e, enquanto o País ve pelo menos metade dos estádios do Mundial em dificuldades financeiras, nunca em sua história a entidade em Zurique acumulou uma fortuna tão elevada: US$ 1,4 bilhão. Fonte: Estadão