Tribunal da Líbia condena à morte filho de Kadafi
Um tribunal líbio condenou à morte à revelia o filho mais conhecido de Muamar Kadafi, Saif al-Islam, nesta terça-feira, por crimes de guerra e atos para reprimir protestos pacíficos durante a revolução de 2011 que acabou com o governo de seu pai. Oito colaboradores do ex-ditador também receberam a mesma sentença por pelotão de fuzilamento. A corte julgou mais de 30 colaboradores próximos ao ex-líder.
Entre os condenados estão o ex-primeiro-ministro de Kadafi, Baghdadi al-Mahmoudi, e seu ex-chefe dos serviços de inteligência, Abdullah al-Senussi. Eles foram processados por seu papel na sangrenta repressão da revolta que, com a ajuda da Otan, levou ao fim do regime de Kadafi.
Outras oito ex-autoridades receberam sentenças de prisão perpétua e sete foram condenados a 12 anos de prisão cada, informou Sadiq al-Sur, investigador-chefe da procuradoria de Trípoli, em entrevista à imprensa. Quatro foram inocentados. Todos, menos Saif al-Islam, estão sob custódia.
O veredicto sobre al-Islam foi aprovado à revelia em Trípoli, uma vez que ele tem sido retido há quatro anos por um ex-grupo rebelde na região de Zintan, fora do controle do governo central. Ele também é procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por acusações de crimes de guerra e crimes contra a Humanidade.
Segundo a corte internacional, que tem sede em Haia, al-Islam fazia parte dos planos de seu pai para “sufocar, com todos os meios, as manifestações civis contra o regime”.
O julgamento começou em abril de 2014, antes de confrontos entre facções rivais que dividiram a Líbia entre dois governos competindo pela autoridade central. Um parlamento reconhecido internacionalmente é baseado em Tobruk, enquanto Trípoli está sob controle de uma administração rival.
Cabe recurso contra as sentenças e elas devem ser confirmadas pela Suprema Corte da Líbia. O TPI e grupos de direitos humanos dizem se preocupar com a imparcialidade e competência do sistema judiciário líbio, embora tenha reconhecido em 2013 o direito de julgamento de Senussi em casa, e não no TPI. Desde a morte de Kadafi, a Líbia tem sido assolada pela instabilidade.
Fonte: O Globo