Fifa demite secretário-geral Jérôme Valcke
Em meio ao escândalo de corrupção que enfrenta desde a prisão de sete dirigentes da Fifa em maio do ano passado, a entidade demitiu nesta quarta-feira o secretário-geral Jérôme Valcke. A decisão foi tomada pelo Comitê de Emergência da Fifa.
Valcke já estava afastado de suas atividades desde o dia 17 de setembro do ano passado. No dia 7 de outubro, o dirigente francês foi suspenso temporariamente. A sua suspensão iria até o dia 6 de janeiro, mas ela acabou sendo ampliada por mais 45 dias.
Valcke fora suspenso depois de ter sido acusado de participar de um escândalo de desvio e revenda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014. O dirigente francês teria montado um esquema para ficar com 50% dos lucros da comercialização de 11 mil bilhetes, que eram negociados por um valor até quatro vezes maior do que o original. O dirigente teria arrecadado € 2 milhões. O ex-secretário-geral negou envolvimento no caso.
Em comunicado, a Fifa disse que Markus Kattner assumirá definitivamente as funções de secretário-geral.
“A relação empregatícia entre a Fifa e Jérôme Valcke está encerrada. A suspensão provisória, extendida no dia 6 de janeiro de 2016, continua válida. Os deveres de secretário-geral permanecerão com o atual secretário-geral, Dr. Markus Kattner”.
Valcke, de 55 anos, já havia anunciado em julho do ano passado que deixaria a Fifa após as eleições presidenciais da entidade marcadas para o mês que vem. Mas a sua situação começou a ficar insustentável depois das denúncias. Ele foi acusado de violar diversos códigos da entidade, como de lealdade, confidencialidade, conflitos de interesses e aceitação de presentes e ouros benefícios não permitidos.
O dirigente ainda sserá julgado pelo Comitê de Ética e pode ser banido do esporte por nove anos. Além de ser obrigado a pagar uma multa de 100 mil francos suíços (R$ 400 mil).
O dirigente está na Fifa desde 2003, quando foi contratado para o cargo de diretor de marketing e TV. Foi demitido três anos depois depois que a Justiça dos Estados Unidos identificou irregularidades nas negociações entre a Fifa e dois possíveis patrocinadores, as empresas de cartão decrédito MasterCard e Visa. Por causa do escândalo, a Fifa teve que desembolsar US$ 60 milhões.
Valcke acabou sendo recontratado em 2007, desta vez a pedido do então presidente da Fifa, Joseph Blatter. Com o dirigente suíço, o francês assumiu o cargo de secretário-geral. Valcke então passou a ser o homem forte da Fifa e o grande protagonista na organização dos Mundiais de 2010, na África do Sul, e do Brasil. Ele visitava frequentemente o Brasil para vistoriar as obras de preparação para a Copa.
Dois anos antes do mundial, o dirigente francês disse que o Brasil merecia “um chute no traseiro” por causa do não cumprimento do cronograma das obras dos estádios do Mundial.
Fonte: O Globo