ANTT exclui Santarém da exploração das Rodovias BR-163 e BR-230
Uma audiência pública realizada por volta de 16h, da última terça-feira, 12, no plenário Benedito Magalhães, da Câmara Municipal de Santarém definiu a ida de uma comissão de parlamentares locais à Brasília, para cobrar junto a esfera federal, a inclusão de Santarém, no programa de exploração de rodovias.
O governo federal planeja privatizar a rodovia Santarém-Cuiabá, até o Porto de Miritituba. Porém, os vereadores de Santarém querem que o projeto também contemple Santarém.
O modelo de privatização da presidente Dilma Rousseff (PT) será a partir do preço de pedágio apresentado pelas empresas. Ganhará quem oferecer a menor tarifa, sendo que não serão cobrados pedágios nas áreas urbanas e a cobrança só poderá começar depois que pelo menos 10% das obras nas rodovias federais estiverem concluídas.
Pelo menos 13 trechos em oito Estados e no Distrito Federal farão parte da malha rodoviária que passará pelas concessões. O governo espera investimentos na casa dos R$ 42 bilhões para melhoria das rodovias, sendo R$ 23,5 bilhões nos primeiros cinco anos.
“No entendimento dos vereadores santarenos é sério a não inclusão do nosso Município neste vultoso projeto. Santarém tem posição estratégica para o escoamento de grãos e verticalização de seus derivados. Daí ser importante a presença da sociedade civil e autoridades locais para reverter o processo e incluir a nossa cidade nos debates”, disse o presidente da Câmara, Reginaldo Campos.
A audiência pública contou com a participação de representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do Ministério dos Transportes e a da sociedade civil organizada de Santarém, autoridades municipais, estaduais e federais. Segundo Reginaldo, a audiência teve como objetivo receber contribuições e sugestões da sociedade e das autoridades da região sobre as minutas de edital e contrato que versa sobre o programa de exploração de Rodovias, bem como os estudos de viabilidade para a concessão das BRs 163 e 230, no trecho entre os estados do Pará e Mato Grosso.
De acordo com o presidente da Câmara, o processo está sendo discutido sem a participação de Santarém, o que considera grave, uma vez que o Município recebe os reflexos positivos e negativos das duas rodovias em questão.
MOVIMENTO SOCIAL: Para o representante da Diocese de Santarém, Padre Edilberto Sena, a preocupação é que a pavimentação das rodovias federais não sejam meramente para atender aos interesses dos exportadores de grãos, mas que seja para facilitar a vida das pessoas que moram ao logo das rodovias e das populações de Santarém e das cidades vizinhas. “Que o ser humano seja levado em consideração e não apenas as questões econômicas para a melhoria das rodovias”, criticou o Padre.
Segundo Edilberto Sena, está claro de que o Governo Federal não assume o seu papel, pois explicou que a rodovia é logradouro federal, com a privatização, o governo está transferindo a responsabilidade dele. “Quem vai pavimentar? São os empresários interessados na estrada; os exportadores de grãos lá de Mato Grosso. É por esse motivo que eles optaram por Miritituba e não por Santarém. Com isso, o projeto vai ser mais lucrativo aos exportadores. Vão ganhar mais dinheiro e Santarém deixa de ser interessante”, argumentou Edilberto Sena.
Sena disse, ainda, que a população da região deve continuar lutando por dignidade, pelo território e por seus direitos de viver em Santarém. Segundo o Padre, é tão perceptível a forma com que a população de Santarém é ignorada que a rodovia que atende o porto da Cargill, ao passar por comunidades populosas como Tabocal, São José e Cambuquira até as mediações do viaduto não tem qualquer proteção, não tem lombada, não tem sonora e até a iluminação pública é fraca. “Estamos sendo ignorados. A pavimentação da rodovia está sendo meramente para render dinheiro às grandes empresas”, afirmou.
SINDICATO DOS COMERCIÁRIOS COBRA ASFALTAMENTO: Para o presidente do Sindicato dos Comerciários de Santarém e Oeste do Pará, Carlos Estáquio Esselin a reivindicação da classe é para que venha o asfaltamento e que seja um asfalto de qualidade, e que com a privatização da BR a população tenha mais a ganhar do que perder, uma vez que haverá mais benefícios. Estáquio relata as péssimas condições e os problemas que vem sendo enfrentados pela falta de uma pavimentação boa, “em menos de 60 dias duas carretas já quebraram, um prejuízo de mais de cem mil reais. Para nós que trabalhamos trazendo mercadoria do sul do País, a privatização da rodovia será nota mil”, afirmou o sindicalista. O presidente falou o que falta para a execução da obra é a participação efetiva dos políticos e relatou que Mato Grosso já luta há mais de 10 anos pela pavimentação e Santarém começou sua luta agora: “Temos que unir forças para que possamos alcançar a vitória”, advertiu.
ACES DIZ QUE É NECESSÁRIA PRIVATIZAÇÃO DA BR-163: O represente da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), Reginaldo Ávila, fala que para o maior desenvolvimento de Santarém e cidades adjacentes é necessária a privatização da BR 163, já que as empresas responsáveis poderão ser cobradas pelo serviço e espera que esse grande feito seja concluído o mais rápido possível para trazer melhorias à região.
OAB APOIA CONCESSÃO DAS RODOVIAS: A Ordem dos Advogados de Santarém (OAB), representada pelo presidente, Dr. Ubirajara Bentes Filho, dá total apoio a concessão das BRs. Segundo ele, é um sonho que perdura há quase 40 anos. Dr. Ubirajara relatou que em reunião com o presidente da Câmara, Reginaldo Campos e o presidente da OAB/Pará, irão unir forças e acionar o Conselho Federal e a OAB/Mato Grosso para não deixar Santarém de fora dessa obra.
NOTA DA ANTT SOBRE AUDIÊNCIAS NO OESTE DO PARÁ: A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vai realizar a Audiência Pública nº 014/2015, com o objetivo de receber contribuições sobre as minutas de edital e contrato, o Programa de Exploração da Rodovia (PER) e os estudos de viabilidade para concessão da BR-163/230/MT/PA.
O período para envio de sugestões será das 9h do dia 29/12/2015 até às 18h do dia 12/2/2016, no horário de Brasília. Haverá também sessões presenciais a serem realizadas em Brasília/DF (18/1/2016), Itaituba/PA (21/1/2016) e Sinop/MT (26/1/2016).
As informações específicas sobre a matéria, os locais que serão realizadas as sessões presenciais, bem como as orientações acerca dos procedimentos relacionados à realização e participação da audiência estão disponíveis abaixo:
CONCESSÃO: A concessão consiste na exploração por 30 anos da infraestrutura e da prestação do serviço público de recuperação, conservação, manutenção, operação, implantação de melhorias, pavimentação, ampliação de capacidade e manutenção do nível de serviço no trecho de 976 quilômetros da BR-163/230/MT/PA, no trecho da BR-163 do entroncamento com a MT-220 até o entroncamento com a BR-230(A); e da BR-230 do entroncamento com a BR-163(B) (Campo Verde/PA) até Miritituba/PA.
O segmento abrange 12 municípios em dois estados: Mato Grosso e Pará. Está prevista, pelo mecanismo do gatilho de tráfego, a duplicação de 246,8 quilômetros da rodovia e a implantação de marginais e melhorias em 10 travessias urbanas. A execução dos trabalhos iniciais, a conclusão da pavimentação (118,6 quilômetros) e a construção de quatro pontes nos primeiros dois anos da concessão são condições para o início da cobrança de pedágio.
INVESTIMENTO EM ESCOAMENTO DE GRÃOS: Projetos que beneficiarão o setor portuário e a área da saúde foram formalizados, no dia 07 deste mês, no auditório do edifício sede do Banco da Amazônia, em Belém. O acordo foi firmado pelo Ministério da Integração Nacional e Banco da Amazônia junto às empresas Hidrovias do Brasil e Hospital Beneficente Portuguesa.
O primeiro contrato, firmado com Hidrovias do Brasil, consiste na viabilização do Projeto Corredor Norte de Exportação, empreendimento que implantará um sistema de escoamento da produção de grãos, utilizando as bacias hidrográficas da Amazônia. O projeto será instalado em Miritituba, no município de Itaituba; e Vila do Conde, que fica em Barcarena. Serão investidos R$ 1,5 bilhão no projeto. O Banco da Amazônia aportará recursos na ordem de R$ 189 milhões, do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO).
Estiveram presentes na formalização dos contratos o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, e o ministro da Secretaria de Portos da Presidência da República, Helder Barbalho, entre outras autoridades. “O setor portuário do Pará ganha cada vez mais importância e assume o protagonismo, fazendo com que o nosso Estado se transforme em ponto estratégico para o escoamento da produção nacional”, pontuou o ministro Helder Barbalho.
O diretor de Infraestrutura e Negócios do Banco da Amazônia, Antônio Carlos de Lima Borges, destacou a participação da instituição no investimento do projeto. “É muito importante para o cumprimento do papel do banco, que existe para reduzir a desigualdade e promover o desenvolvimento, seja em que âmbito for”. Ainda de acordo com o diretor, a expectativa é de que, até março deste ano, o projeto já entre em fase de conclusão e que, até janeiro de 2017, entre em operação.
Por: Manoel Cardoso
Boa Noite!
Impressionante o interesse de alguns políticos em pressionar o governo federal para inclusão da cidade no projeto de asfaltamento. Gostaria desse interesse na busca constante por melhorias na cidade. Será que isso acontece? Ou somente no mês de outubro de certos anos.
Se tem uma classe que não podemos contar em definitivo e que não tenha outro interesse a não ser o desenvolvimento, é a política.
De que adianta o afasto chegar até a santarém,se empresas são barradas quando da pretensão de instalar suas bases na cidade, onde ONGs e grupos religiosos fazem de tudo para não permitir o avanço do agronegócio na região. O asfalto está indo até onde há negócios lucrativos para o governo. Ao que consta os grandes terminais estão se instalando em miritituba e não em santarém, local onde deveriam estar, mas que por forças ou descasos políticos foram desviados para tal lugar.
Sabemos que já houve e ainda há diversos interesses de empresários em instalar suas empresas na cidade, mas sabendo da dificuldade principalmente na questão ambiental, optam por agilizar seus processos fechando negócios mais ágeis e em cidades menos burocráticas.
Como não lembrar da agilidade que foi para instalação dos portos em miritituba, e como não lembrar da dificuldade que a Cargil sofreu e ainda sofre por causa do seu terminal na cidade. Como esquecer das barreiras que a CEAGRO, CEVITAL E EMBRAPS enfrentam para se instalarem na cidade.
Então eis a pergunta, porque mesmo que santarém não pode ficar de fora do projeto de pavimentação?
Claro que queremos o asfalto até cidade, pois vai favorecer o acesso entre cidades, vai tirar a cidade do isolamento, e o custo de alguns produtos certamente será melhor.
Mas dizer que o projeto deve incluir a cidade por causa da localização estratégica, dos projetos em andamento, etc,etc. Isso não cola.
Tanto que o próprio governo se deu conta disso, que não quer incluir a cidade no projeto.
O problema é que a cidade espera a coisa acontecer primeiro para depois tentar reverter a situação.
Não vemos antecipação. Ora! se pretendemos ter a BR asfaltada até a cidade, já era pra ter sido dado um basta na burocracia ambiental, já era pra termos as várias licenças em andamento aprovadas,assim as empresas já estariam prontas pra usufruir do asfaltamento, e todos seriam felizes eternamente, enquanto os interesses durarem.