Burocracia do Governo atrapalha desenvolvimento de Santarém
O jovem empresário santareno Alexandre Chaves, uma das lideranças do Grupo Chaves na região oeste do Pará, também é presidente do Conselho de Jovens Empresários (CONJOVE), da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), concedeu entrevista exclusiva a equipe do Jornal O Impacto.
Entre os principais temas abordados, Alexandre fala sobre os trabalhos realizados pelo CONJOVE em 2015, tais como a realização do Liquida Santarém e do Feirão do Imposto, no qual uma das atividades é a venda de combustível sem impostos, visando conscientizar o consumidor sobre a alta taxa tributária e o pouco retorno em obras e serviços para a população.
O empresário também faz análise do cenário econômico para 2016, onde destaca que apesar do clima de crise, o empreendedor pode aproveitar oportunidades ainda não exploradas. Veja a entrevista na íntegra:
Jornal O Impacto: Qual a avaliação que você faz dos trabalhos executados pelo CONJOVE em 2015?
Alexandre Chaves: O CONJOVE é a reunião de empresários de até 40 anos, associados da ACES, que exerçam atividade empresarial. Ele é ligado diretamente a ACES, que hoje é presidida pelo empresário César Ramalheiro. Entre as atividades desenvolvidas pelo CONJOVE, a principal delas é preparar a sucessão da ACES, ou seja, os empresários mais jovens já irem conhecendo a dinâmica de uma Diretoria Executiva, da atividade associativa, do altruísmo pela classe, da doação pelo desenvolvimento da economia da região. Então, ele é como se fosse a formação de base da ACES. Hoje é presidido por mim, 2015/2016, final deste ano meu mandato termina, e aí tem que ter a renovação. As atividades do CONJOVE, além disso, de preparar essa nossa turma de base para exercer funções na Executiva futuramente e assim termos a perenização da casa, são visitas empresariais, sendo que no ano de 2015 nós fizemos cinco visitas em Santarém, e mais três em Itaituba. Nós realizamos palestras de motivação para o empresariado, a baixo custo, porque a finalidade das palestras que o CONJOVE promoveu foi que o empresário treine o seu colaborador.
Em 2015, nós realizamos o Liquida Santarém, que é um evento da casa, é conduzido e executado pelo CONJOVE em parceria com o Sindicato do Comércio Lojista de Santarém (SINDILOJAS), Câmara de Dirigentes Lojistas de Santarém (CDL/Santarém), e tivemos o apoio da Prefeitura de Santarém e do Sebrae. O Liquida Santarém foi o nosso evento máster, porque no momento que a cidade estava precisando desenvolver, criar um clima, criar um astral para o mundo dos negócios, o Liquida Santarém movimentou o comércio santareno. Ele permitiu que o comerciante, que o empresário escoasse o seu estoque antigo e aumentasse o seu faturamento, mesmo numa época que não foi dezembro, que já é naturalmente movimentado, com as festas de final de ano.
Ele teve um sucesso tão grande, com o apoio de todos esses parceiros, que foi até copiado, pois ele tem toda uma dinâmica, em premiação para os consumidores que realizam compras nas lojas participantes, tem uma identificação visual, tem todo um projeto com execução bem trabalhada, com o apoio do nossa grande parceiro que é o Sebrae. Tivemos palestras a nível nacional, do Clodoaldo Araújo; tivemos palestras com pessoal de Capanema, que tem um case de marketing nessas promoções de liquidação que movimenta toda a região do nordeste do Pará. Então, foi muito importante.
E o CONJOVE só consegue fazer isso, porque tem uma equipe de pessoas fantásticas. São jovens empresários que doam o seu tempo, com todo altruísmo necessário para desenvolver a economia da região, e aprender essa dinâmica do dia a dia do associativismo. Para nós é muito gratificante, muito confortável trabalhar com a equipe que temos hoje. Se me perguntarem o que tem feito a diferença no CONJOVE, é a equipe, além do apoio da Diretoria Executiva, do Conselho da Mulher Empresária, mas a equipe do CONJOVE é uma coisa assim fantástica, formada ao longo do tempo.
Outra atividade que nós temos, também, é a conscientização. E nisso a gente trabalha no Feirão do Imposto, que acontece em setembro. No ano de 2015, nós fizemos atividades em três dias. Na primeira atividade foi a doação de sangue, onde deixamos claro que por esse país a gente dá o sangue. Realizamos um trabalho de venda de combustível sem impostos, onde o consumidor santareno pôde perceber o quanto alta é a carga tributária; e a conscientização que aconteceu em um Shopping da cidade, onde nós passamos uma tarde demonstrando o quanto custaria os produtos vendidos sem impostos. E aí, a conscientização principal, primeiro, a gente paga muito imposto; segundo, que o nosso imposto é muito mal aproveitado. Então, trabalhamos nestas duas vertentes. Que nossos impostos precisam ser melhor administrados pelos governantes que aí estão.
Jornal O Impacto: Com o trabalho desenvolvido pelo CONJOVE, com a sua visão empresarial, como você analisa o cenário econômico para 2016?
Alexandre Chaves: O CONJOVE para este ano, nós estamos com mais uma linha de frente, que em parceria com a Prefeitura Municipal e o Sebrae, nós estamos juntos em um projeto chamado Estação do Empreendedor, que se Deus quiser, permitir e der certo, será um lugar aqui em Santarém onde o empreendedor, ele vai neste local e de uma vez só conseguir tudo que for necessário para ele abrir o seu negócio, e ter uma espécie de preparação e até o fomento do crédito. Então, em apenas um local, o empreendedor vai ter à sua disposição, todos os órgão necessários para abrir sua empresa, como por exemplo, a Jucepa, SEFA, Secretaria de Meio Ambiente, Sebrae, SESC, os órgãos de fomento, como o Banco da Amazônia e o Banco do Brasil. O empreendedor quando pensar em abrir sua empresa não vai passar por uma peregrinação, pois quem abriu empresa nos últimos anos sabe do que eu estou falando, é um peregrinação para conseguir a documentação. A Estação do Empreendedor, se Deus quiser e se der tudo certo, vai fazer isso em poucas horas, porque vai estar tudo em um só lugar. Agora disso dependem muitos fatores, e o idealizador que é a Prefeitura de Santarém, nos convidou para sermos parceiros juntos com o Sebrae, e nós estamos trabalhando nas três frentes, e vamos ver se tudo dá certo. Esse seria o nosso principal projeto para este ano, além de todos os outros que nós já tivemos, e que daremos continuidade.
A economia da região e nacional é um desafio, porque essa crise política no Brasil se transformou em uma crise econômica, ela vai permanecer por no mínimo mais um ano. A previsão que todos os economistas estão fazendo, que ela pode ser confirmada ou não, é de que este ano será de dificuldades a nível nacional. Nossa região, em todos os segmentos caiu menos do que a atividade nacional, ou seja, o segmento de caminhões, por exemplo, caiu a nível nacional 46%, aqui na região caiu 31%. Porque a nossa região tem uma demanda reprimida, então, enquanto no cenário nacional a economia pode cair 70%, aqui pode ser que caia só 40%. Tanto é que o agronegócio da região se manteve, até cresceu um pouco, não tenho esse número fechado, mas a notícia que nós temos é que o agronegócio mesmo com pouca chuva, cresceu em nossa região.
Uma região em que todo mundo está falando de crise, e realmente tá, mas que vai receber alguns investimentos. Temos a notícia de uma grande rede de supermercados, atacadista e varejista que vai abrir em Santarém; a construção de dois ou três portos, que dependem muito das questões ambientais e do apoio do governo e da sociedade, para que isto aconteça; outros pequenos investimentos que a gente tem notícia. Então, na nossa região, é muito fácil de observar, tem demanda reprimida, ou seja, enquanto para outras regiões do País está tudo saturado, aqui tem coisa que ainda falta acontecer. Por isso, esse empreendedor que está em outra região, onde ele tem muita concorrência, onde ele tem margens apertadas, onde ele tem tudo sobrando, vai investir em uma região onde ainda falta acontecer. Aqui na nossa região faltam coisas básicas. Internet de qualidade é um grande exemplo; entretenimento, com parque de diversões, parques temáticos; turismo falta muita ainda para acontecer. Inclusive um dos focos da Associação Comercial e Empresarial de Santarém para 2016 é o turismo, porque aqui temos um potencial muito grande, e ainda falta acontecer. Nosso turismo aqui, eu garanto para vocês que o turista volta brabo de Santarém porque ele não consegue gastar todo o dinheiro que ele trouxe, a não ser que seja assaltado ou que seja explorado como a gente tem notícia que tem acontecido, mas ele vem com aquele dinheiro que trás para gastar e não consegue. Você vai numa região turística em outras regiões e consegue gastar tudo e mais um pouco. Aqui em Santarém não, o turista não consegue gastar tudo que trouxe, porque ainda falta muito para acontecer.
Tem muito a ser construído ainda em Santarém, ainda existe muita demanda reprimida, ainda tem muito por acontecer. Então, essa é a grande oportunidade para quem está aqui na região, mesmo em um cenário de crise. Agora, as empresas daqui da região precisam se profissionalizar, precisam trabalhar com eficiência, precisam sair da administração caseira, familiar e ter uma administração profissional, porque a estatística não é muito favorável para nossas empresas.
Jornal O Impacto: Recentemente uma pesquisa divulgada pelo SINDILOJAS apontou que em Santarém, de cada 10 clientes entrevistados, 6 estão insatisfeito com a atendimento que recebem. Qual é a mensagem para os empresários santarenos?
Alexandre Chaves: Veja só, mais da metade dos clientes que estão sendo atendidos estão insatisfeitos, segundo esta pesquisa. Olha a oportunidade para quem abrir uma concorrência para essas empresas, vai no mínimo começar com a metade dos clientes do atual player de mercado, do atual empreendedor. Então, é preciso mais profissionalização, é preciso investimento em qualidade e não pensar no lucro por lucro, aquela conta que se eu compro por 5 tenho que vender por 10, não é assim, você tem que atender a necessidade do cliente, ter a sua margem de segurança, ter o seu lucro para o reinvestimento, prever os riscos que vem mais à frente, prever a depreciação que vai ter, e ter condições de continuar investindo no mercado. No ramo que nós atuamos, que o Grupo Chaves atua, foi um ano de muita dificuldade, mas teve uma reengenharia muito grande, um foco muito grande no controle e eficiência para se manter no mercado, porque certamente nós entraríamos na estatística que diz que 92% das empresas familiares fecham na 2ª geração, a nossa empresa, o nosso grupo, se Deus quiser, no ano que vêm estará indo para a 3ª geração, e com muita satisfação. Aqui em Santarém tem algumas empresas indo também para a 3ª geração, mas a estatística não é muito favorável.
Jornal O Impacto: Com a possibilidade de tanto investimento privado chegar a Santarém, o Poder Público precisa fazer a sua parte. Como você analisa o desempenho dos governos nesta questão?
Alexandre Chaves: Eu penso que o Governo pode até não ajudar, só precisa não atrapalhar. O problema é que os nossos governos, nas três esferas, eles atrapalham, infelizmente é verdade. Se ajudassem seria o máximo, seria muito bom, seria o ideal. Mas, além de alguns governos não ajudarem, eles ainda atrapalham, brecando processos, se utilizando de uma burocracia muito grande, uma apatia muito grande, uma falta de criação de clima/motivação para o investidor vir até a região, alta carga tributária, dificuldade de trato, de relacionamento, falta de infraestrutura, falta de tecnologia na região. Então, somando tudo isso, é como eu digo, o governo pode até se dar o luxo de não ajudar, mãos que não atrapalhe, porque o empreendedor ou o investidor faz do mesmo jeito, com governo ou sem governo. Se os governos, nas esferas federal, estadual e municipal, fizessem a sua parte, que em nossa opinião seria a obrigação deles, seria o ideal. Mas não fazendo, pelo menos não atrapalhe.
Nós temos notícias aqui, não estamos falando especificamente de um governo ou de outro, nós temos notícias que grandes indústrias deixaram de vir para Santarém por falta de apoio do governo, e algumas até por criação de dificuldades, não vou me ater a questões partidárias ou de nomes, mas nós temos notícias de grandes empresas, indústria de cimento, que deixaram de vir para região por falta de apoio dos governos. Isso aí geraria investimentos bilionários, ia fomentar a região com emprego e com renda. Nós precisamos repensar a nossa matriz de investimento. Temos que repensar como ter aqui na região energia de qualidade, internet de qualidade, governos rápidos e eficientes na liberação de licenças, principalmente no tocante ao meio ambiente. Precisamos de governos que ajudem; não de governos que atrapalhem.
Por: Edmundo Baía Junior
Quando falamos de governo não estou me referindo a uma pessoa especifica ou esfera de governo. Estamos se referindo a uma máquina administrativa ultrapassada , desgastada , carcomida e lenta que não acompanha o ritmo e as necessidades da sociedade. Isso vale para federal , estadual e municipal.
Quando falamos em governo nesse caso, não estamos falando de um pessoa ou de esfera de governo. Mas sim de uma maquina velha , carcomida e enferrujada que não acompanha o ritmo e as necessidades dos munícipes.
BEM FEITO ESTE RAPAZ ERA O MAIOR CABO ELEITORAL DO VONmito