Vereador ameaça colegas com gravação comprometedora
O clima esquentou e por pouco o caldo não entornou de vez para os vereadores na Câmara Municipal de Santarém. E tudo porque o vereador Gerlande Castro (PSDB) achou de revelar na tribuna que um dos vereadores (não citou o nome) teria beneficiado um de seus eleitores com uma casa do projeto “Minha Casa, Minha Vida”. E pior ainda, teria gravações que comprovam o delito praticado pelo Vereador desonesto. Uma revelação que coloca em suspeita a integridade dos 20 vereadores santarenos e que a Comissão de Ética e a Corregedoria Legislativa devem apurar.
Sobre o assunto, o vereador Geovani Aguiar declarou ao jornal O Impacto que o vereador Gerlande trouxe mesmo a denúncia à Câmara Municipal. “Ele disse que nessa gravação o Vereador autorizava entregar casas do ‘Minha Casa, Minha Vida’ para certas pessoas. Então, ele tem que revelar o nome do Vereador e mostrar a gravação que disse que possui. Essa é uma denúncia gravíssima”, disse o vereador Geovani Aguiar. “Nós queremos saber do vereador Gerlande quem é o acusado”. Esta denúncia, conforme Geovani, coloca em xeque a integridade da Câmara Municipal. “Nesse momento, todos nós somos suspeitos. É lamentável que 20 paguem por um. O vereador Dayan Serique disse inclusive que vai chamar Gerlande Castro de mentiroso, se ele não conseguir provar essa grave acusação”, falou Geovani Aguiar.
Face às acusações feitas pelo vereador Gerlande Castro de que um Vereador santareno teria beneficiado um eleitor no Programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, o vereador Dayan Serique ficou indignado. “Este é um fato lamentável; as acusações foram generalizadas, quando deveria ter sido dado o nome do acusado. O que não se pode é colocar todos sob suspeita, assim não se adquire credibilidade”, disse Dayan.
Dayan Serique vai mais além: “Quando você ventila a informação, mas não fala o nome, seu discurso parece ser mentiroso ou sensacionalista; e a tribuna da Câmara não é para trazer informações sensacionalistas, para que a população saiba que na Câmara de Santarém as pessoas tratam com a verdade. Se a pessoa não consegue provar o que diz, acaba passando por mentiroso”, declarou Serique.
Em declaração ao jornal O Impacto, ele defendeu que “a Tribuna da Câmara é um local de responsabilidade. Diante de um pronunciamento, de uma denúncia, o Vereador tem que vir embasado, caso contrário, corre o risco de cometer crime de injúria, calúnia ou difamação. Na verdade, o vereador Gerlande foi muito infeliz no momento em que citou a denúncia, mas não disse o nome do Vereador envolvido”, falou Dayan Serique. O parlamentar municipal lembra as responsabilidades que cercam o Vereador, enfatizando que “se alguém quer credibilidade, deve citar o nome para não deixar todo mundo sob suspeita; então, a gente lamenta que ainda exista esse tipo de pronunciamento, porque como eu disse, a Tribuna da Câmara é um local de responsabilidade onde tem que ser feitas as denúncias, mas tem que vir com provas para que não seja injusto, leviano e não cometa nenhum crime”, lamentou o Vereador, citando que: “infelizmente nem todo mundo pensa assim, o que eu vejo são o vereadores cobrando transparência na distribuição das casas do Programa, que realmente sejam contempladas as famílias que merecem. Então, só temos a lamentar que o uso da tribuna na Câmara Municipal tenha sido banalizado e essa atitude venha enfraquecer o Poder Legislativo. A maioria dos vereadores não comunga desse pensamento”, finalizou Dayan Serique.
Conforme o vereador Ney Santanna, corregedor da Câmara Municipal, a atitude tomada em relação à postura acusatória de Gerlande Castro seguirá os trâmites do Legislativo municipal. “Vamos marcar uma reunião interna com os vereadores e o presidente desta Casa, onde vamos indagar do vereador Gerlande Castro a origem desse comentário, e se ele tem provas. Essa é uma acusação séria, grave. Gerlande vai ter que mostrar quem é o Vereador desta acusação. Não podemos comprometer a integridade moral das pessoas, principalmente desta Casa legislativa”, concluiu o vereador Ney Santanna.
GERLANDE AFIRMA QUE VEREADOR PROMETEU CASA NO RESIDENCIAL: Em declaração ao jornal O Impacto, o vereador Gerlande Castro afirmou que de fato teria havido uma promessa por parte de um colega seu também Vereador de Santarém, em “dar um jeitinho” para conseguir uma casa do Projeto “Minha Casa, Minha Vida”. “Na verdade, essa denúncia é um ato normal, faz parte do nosso papel de legislador e representante do povo”, disse Gerlande.
O parlamentar municipal mostrou o motivo de sua indignação, que motivou a denúncia na tribuna e no jornal O Impacto. “Para fazer esse tipo de denúncia, fui buscar subsídios na parte sentimental, humana e política. Nós não temos o poder, como Vereador, em direcionar que vamos conseguir casas para alguém”, disse ele.
Indignado, Gerlande Castro vai mais além e promete reforçar suas acusações: “Eu tenho certeza que não vai acontecer dessa família que não fez parte do cadastro ser beneficiada, mas se isso acontecer, vou à tribuna denunciar publicamente”, avisou o Vereador.
CONFRONTOS ENTRE PARLAMENTARES: Quanto aos ataques sofridos por parte de seus colegas de plenário municipal, ele afirma que não têm fundamento, o caso nem merece todo esse alvoroço que causou. “Não falei que algum Vereador conseguiu casa para alguém, mas quem promete está brincando com sentimentos das pessoas, do jeito como aconteceu”, afirmou Gerlande. “Não se pode prometer algo que não é da responsabilidade do Vereador, sim da Prefeitura, da Caixa Econômica. Prometer não é realizar, ainda mais para uma família que não faz parte do Cadastro, e que não está na espera de receber a casa no Residencial popular”, declarou.
Mesmo sem ainda ter mostrado nem aos vereadores, nem a imprensa, as gravações que teria em seu poder, Gerlande Castro afirmou a equipe do jornal O Impacto que suas denúncias têm fundamento. “Existiu a promessa de um Vereador em conseguir a casa para essa família carente, mas eu não afirmei que foi concretizada”, isentou-se o edil santareno.
PREFEITURA PROÍBE VENDAS NO RESIDENCIAL: A equipe do jornal O Impacto esteve esta semana no recém inaugurado Residencial Salvação, onde ouviu reclamações de moradores. Conforme estas pessoas, eles estariam impedidos de colocar vendas de churrasquinhos, batatas fritas, frutas e até chopinho na frente de suas casas. Um ato falho por parte do poder público municipal, quando se sabe que na área residencial existem muitas famílias carentes, em sua maioria pessoas desempregadas e outras que vivem de subemprego. Com essa fonte de renda extra, no dia de pagar a mensalidade da própria casa no Residencial os problemas financeiros de quem conta com renda mínima seriam amenizados.
“Eu acho que a Prefeitura ou a Caixa não podem impedir ninguém de ganhar seu pão de cada dia”, diz um morador que por motivos óbvios, medo de perder a casa, não quis se identificar. Junto com ele, muitos chefes e responsáveis por famílias se sentem impedidas de “ganhar um trocado extra” para ajudar no orçamento familiar. Como todo bom brasileiro, tem outros mais ousados que “dão um jeitinho” nem que seja para vender o conhecido “churrasquinho de gato”.
O problema da permissão que tem que ser dada aos moradores do Residencial, para que façam suas “vendas“ e ganhem um dinheiro a mais para ajudar nas despesas, foi levado ao conhecimento dos vereadores, na Câmara municipal de Santarém, onde encontrou votos a favor. O vereador Gerlande Castro (PSDB) defendeu o funcionamento de pequenos comércios dentro do conjunto, com a finalidade de atender os moradores e também gerar renda a famílias que sobrevivem de pequenos negócios, desde que devidamente organizado.
E foi mais além, citando que esta semana foi até ao Núcleo de Gerenciamento de Obras (NGO) para conversar sobre a possibilidade de famílias que moram no local buscarem seu pão de cada dia, com vendas de tacacá e outros produtos. “Fiz meu papel de levar o caso lá com a responsável pelo setor, que é a dona Odeíse e ela nos colocou que serão feitas reuniões com os moradores, para se decidir o que vai ser possível trabalhar e o que não se poderá trabalhar. Eu acho que é uma forma de assegurar que não vai desorganizar”, ressaltou.
VEREADOR DEFENDE, MAS COM RESSALVAS: Gerlande Castro esclareceu que a área do Residencial Salvação é bem organizada, mas se o cidadão vai puxar um quarto pra fazer um salão de beleza, por exemplo, ele vai tirar a frente do vizinho do lado, pois os terrenos não são grandes. “Mas essa discussão será feita junto com os moradores. A gente defende que haja pequenos comércios no conjunto, mas que seja organizado. Não se pode tirar a liberdade de ninguém, de estar na frente da sua casa, mas é preciso avaliar o tipo de comércio necessário para atender a comunidade e se a Prefeitura não tiver esse cuidado, vai ficar desorganizado”, argumentou.
O Vereador acrescentou que a Prefeitura vai ficar um ano lá dentro com toda a estrutura para atender as necessidades dos moradores, enquanto a empresa construtora ficará três meses para dar apoio no caso de algum conserto nas residências. Quanto a ganhar o pão de cada dia praticando comércio “informal”, órgãos da Prefeitura estão “estudando” o caso; depois da formatura, prometem resolver a questão.
Por: Carlos Cruz