Setrans não concorda com argumento do Prefeito
Três semanas depois do Conselho Municipal de Transportes (CMT) aprovar o aumento da tarifa do transporte coleito urbano, dos atuais R$ 2,25, para R$ 2,70, continua a falta de diálogo entre o prefeito de Santarém, Alexandre Von (PSDB) e o Sindicato das Empresas de Transporte Público de Passageiros de Santarém (Setrans).
Para entrar em vigor, a proposta foi encaminhada ao prefeito Alexandre Von, que deve aprovar ou não o reajuste da tarifa. Atualmente, a tarifa cobrada na cidade é R$ 2,25 inteira e R$ 0,75 para estudantes.
Mesmo com a nova proposta de reajuste na tarifa de ônibus, votada e aprovada pelo CMT, durante reunião no dia 23 de maio último, o prefeito Von, em entrevista à imprensa local, declarou que a proposta foi feita “sem aval da Prefeitura”, formada por representantes da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT), Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Turismo (Semdtur) e Gabinete Municipal.
A declaração de Von revoltou a classe empresarial. O presidente do Setrans, Washington do Vale disse que os empresários não concordam com os argumentos usados pelo prefeito Von. “Na verdade, nunca houve uma votação com a maior lisura possível dessa que aconteceu agora, em maio de 2016. Nós não concordamos com esses argumentos que o Prefeito está usando. Já elaboramos um oficio pedindo um encontro com ele, e até agora não obtivemos resposta. Só nos resta bater a porta da Justiça, para resolver essa situação, porque as empresas a cada ano, precisam de aumento”, revelou o empresário.
Para Washington, já que os trabalhadores precisam de aumento, por conta de tudo aumentar durante o ano, as empresas também. “Nós fazemos parte desse grupo de trabalhadores que precisam de aumento, porque nós também participamos do açougue, do supermercado, do posto de gasolina, temos filhos nas escolas e nas faculdades. A gente precisa, também, pra gerir o nosso negócio, porque quando aumenta o petróleo, tudo em torno dele aumenta”, aponta Washington do Vale.
Segundo ele, nós quatro anos de governo, os empresários foram recebidos apenas uma vez pelo prefeito Von. “Não negociamos com o prefeito Alexandre Von, porque nesses praticamente quatro anos de governo, ele nos recebeu apenas uma vez. Nesse dia ficou avalizado com ele, que a cada mês que passasse do encontro dele conosco, ele reuniria com a gente e, íamos traçar assuntos pertinentes ao transporte coletivo urbano de Santarém”, diz o presidente do Setrans.
Ele acrescenta que como isso não aconteceu, a classe empresarial desde janeiro deste ano, teve a oportunidade de entregar ao CMT a nova planilha, que foi devidamente legalizada e respeitados os prazos. Washington assevera que o Conselho é totalmente capaz de aprovar legalmente a planilha, por conta dos membros terem sidos empossados pelo próprio prefeito Von.
“Inclusive, o Prefeito fez uma solenidade para empossar cada membro que faz parte do Conselho Municipal de Transportes. Nessa solenidade, ele empossou oito representantes da Sociedade Civil Organizada, quatro representantes do governo e quatro representantes dos trabalhadores e dos concessionários do transporte coletivo urbano. Nessa única reunião que tivemos com ele, foi criado uma Comissão de Avaliação de Assuntos Econômicos, pertinente ao Conselho”, lembra Washington.
De acordo com ele, essa comissão avaliou a planilha dos empresários, ponderou e ‘aparou as arestas’. “E enquanto apresentamos uma planilha com a proposta de R$ 3,33, a comissão apontou o valor de R$ 2,83. Essa apuração de R$ 2,83 foi colocada pela comissão e debatida entre os demais membros e chegou-se a uma tarifa de consenso quando os representantes dos trabalhadores apontou um valor de R$ 2,70. Não era R$ 3,33, e nem R$ 2,83, mas R$ 2,70, que foi uma tarifa de consenso”, colocou Washington do Vale.
VALIDAÇÃO: A nova tarifa, segundo Washington do Vale, foi avalizada pela União das Entidades Comunitárias de Santarém (Unecos) e pelos demais conselheiros. “Os representantes da Prefeitura que tem quatro cadeiras e os estudantes se abstiveram dos votos. Mesmo assim, conseguimos a maioria simples, que são oito representantes mais um. Nós tivemos esses nove votos e o Conselho fez uma resolução para a Prefeitura, e nessa resolução o Prefeito não reconhece a aprovação da nossa tarifa. Ele (Von) está divulgando que os membros do Conselho que aprovaram a tarifa foram comprados… foi isso… foi aquilo!”, exclama o empresário.
Washington esclarece que para que a classe empresarial possa gerar o transporte coletivo com segurança, conforto e tranquilidade para os usuários são necessários, que a cada ano tenha aumento no valor da tarifa. “A gente precisa a cada ano ter aumento sim. Ele (Von) alega que a gente já passou três anos, no governo passado, mais um ano quando ele assumiu a Prefeitura. Nós estávamos com quatro anos sem aumento e suportamos tudo isso, porque a gente não vai suportar o ano. Só que anteriormente a situação era outra e, hoje, o País passa por um arrocho financeiro muito grande e as empresas não estão alheias a isso. As empresas também são participantes e, nós vivemos no Brasil. Então, precisamos desse aumento para poder sobrevivermos”, afirma.
Por: Manoel Cardoso
Fonte: RG 15/O Impacto