A curiosidade da juventude que despertou um campeão da canoagem oceânica
Indicado pelo Comitê Olímpico para ser um dos 100 condutores da Tocha Olímpica, no revezamento que acontece em Santarém no próximo dia 17, Hiel Gesã, tem uma história de longa data como canoísta no município de Santarém. É um dos precursores da canoagem oceânica na região oeste do Pará e seu currículo no esporte foi muito positivo na hora da escolha.
“A gente está aí na expectativa do dia 17 poder levantar essa tocha representando a população de Santarém. Estou muito feliz por ter sido escolhido pelo que eu já conquistei na canoagem”, declarou.
Hiel começou na canoagem por acaso. No início da década de 1980 comprou um caiaque de um primo seu por curiosidade de remar. Começou a praticar e na praia da Vera Paz, onde sempre tinha shows de verão e em 1985, participou de uma competição organizada pelo professor Djalma Lima, com outros nove remadores e ficou em segundo lugar numa prova de 1000 metros.
“Aquilo me despertou uma curiosidade muito grande, porque eu pensei assim, como é que em uma semana com um caiaque eu já consegui um segundo lugar competindo com pessoas que já remavam há mais de um ano. Então, aquilo me despertou para canoagem e eu não parei mais. Graças a Deus, colecionando títulos e hoje disputando na categoria Master que não deixa de ser uma categoria muito forte. Eu até falo para os meus amigos que a mesma distância que um atleta júnior e sênior rema num campeonato, que é em média 30 km, é a mesma distância que um máster vai remas. E a mesma medalha que um júnior ou sênior recebe, é a mesma que o máster vai ganhar. Não tem diferença alguma. Sem contar com a história que a gente carrega que muitas vezes serve de exemplo para quem está começando a caminhada na canoagem”, ressalta.
Do campeonato brasileiro de 2004, em Angra, que disputou na categoria turismo, quando ainda não remava na classe oceânica, Hiel guarda lembranças dos momentos difíceis, da força de vontade e da superação que o levaram ao topo do pódio. “A prova era de 18km, e com mais ou menos 2km de prova eu fui contornar uma ilha, o mar estava um pouco agitado e meu caiaque virou. E o regulamento dizia que se obtivesse ajuda da lancha de apoio o atleta estaria desclassificado. Então a lancha se aproximou, queria pegar meu barco e eu não deixei. Eu consegui subir numa pedra, consegui secar o caiaque, subi no barco novamente e voltei a remar”.
Àquela altura, quando o caiaque virou, Hiel estava liderando a prova, mas quando retomou já haviam passado oito caiaques na sua frente e ele havia caído para a nona posição. Mas, ele transformou aquele momento de dificuldade em foco e determinação para vencer.
“Como ainda estava no início da prova, com cerca de 2,5km, acreditei que dava para reverter e foi o que aconteceu. Fui passando um por um, e faltando 500 metros para concluir a prova, ultrapassei o primeiro colocado e venci a competição. Então acreditar sempre é o que me move e também nunca descuidar da preparação. Eu estou na água seis dias por semana, faça chuva ou faça sol. E ao menos novos que remam às vezes me ligam e dizem que não vão trenar porque estão com preguiça, mas eu estou sempre lá, remando”.
Por acreditar que conhecimento experiência não podem ficar guardados, Hiel treina cerca de 10 jovens que num futuro próximo podem despontar como grandes talentos da canoagem. E mesmo morando numa cidade que é banhada por rios, os atletas de Santarém têm plenas condições de se destacar nas provas de canoagem oceânica. Os títulos conquistados por Hiel comprovam isso.
Fonte: RG 15/O Impacto e Silvia Vieira/Semjel