Assentados anunciam bloqueio da Curuá-Una

 “Queremos que as autoridades parem de nos enrolar. Lá dentro do assentamento não tem bicho, mas sim seres humanos que precisam do mínimo necessário para ter qualidade de vida”, assim explicou Sancler Oliveira, presidente da Associação de Moradores da Comunidade União Corta Corda (ASMUCC), sobre a manifestação que será realizada pelos moradores, que promete bloquear por tempo indeterminado a Rodovia Santarém/Curuá-Una, na segunda-feira (05/12).

“Os problemas enfrentados por nós assentados do Corta Corda se perduram por anos. Nós estamos firmes em nossas reivindicações, e queremos que sejam resolvidas pelas autoridades. Já chega da gente estar esperando. Entra ano sai ano e o Incra não faz nada. Por outro lado, o Ministério Público não ajuda na cobrança junto ao Incra para que os processos tenham transparência total. Dentro do assentamento tem pessoas, pais de família, trabalhadores que precisam regularizar a sua situação, que precisam ter qualidade de vida”, acrescentou Sancler.

Os moradores possuem uma vasta pauta para serem atendidas, entre elas estão: Definição da área do assentamento; Georeferenciamento das áreas; Regularização dos assentados perante o Incra; Titulação dos lotes; Liberação de desmate de até 3 hectares para a agricultura familiar; Assistência Técnica Rural; e a Construção de Ponte sobre o rio Curuá-Una.

“Nós vamos querer que tragam para nós um documento, ou seja, um encaminhamento dizendo a data que irá iniciar os trabalhos dentro do assentamento, se não vier, nós não vamos desocupar a rodovia. Estamos há mais de cinco meses trabalhando e planejando a ocupação da PA-370, inclusive com relação ao acampamento e à alimentação. Nós queremos que nossas autoridades resolvam, se não resolverem nós não vamos sair. Outra coisa, em relação às demandas do INCRA, nós vamos reivindicar que venha uma pessoa de Brasília negociar conosco, porque do INCRA daqui nós não queremos, pois só tem gente que não quer trabalhar. Não querem ajudar a gente. Hoje nós temos uma Superintendência raquítica, que não tem postura nenhuma, e que não respeita o assentado. Já fomos lá várias vezes, realizamos várias reuniões, saímos de lá envergonhados porque nós não tivemos sequer uma posição sobre nossos problemas. Portanto, nós queremos negociar com uma pessoa de Brasília. Pedimos a compreensão da população de modo em geral, pois esse fechamento da Curuá-Una, é uma luta pelo bem da comunidade, porque nós precisamos de no mínimo de qualidade de vida. No bloqueio, vai ter passagem para pessoas que estão doentes e para grávidas”, explicou a liderança dos assentados.

Sancler Oliveira disse à nossa equipe de reportagem, que o bloqueio da PA-370, é a única forma que os moradores encontram para que as autoridades se pronunciem.

“Nós realizamos diversas reuniões, na qual a associação convidou o Ministério Público, o INCRA o Terra Legal, IBAMA, entre outros órgão. E nenhum dessas instituições se manifestaram. Realizamos uma audiência pública em agosto, e convidamos todos esses órgãos, nem o INCRA e nem o Ministério Público, que são os órgãos que trabalham em relação a questões do assentamento, compareceram. Procuramos a redação do Jornal O Impacto, para pedir encarecidamente, que o Ministério Público nos apoie em nossas demandas. Se o Incra e outros órgãos competente não virem para negociar, nós não deixaremos a PA-370. Em nome da situação de abandono que estamos enfrentando nos assentamentos, eu convoco outras associações que venham unir forças junto conosco e assim faremos uma grande manifestação. Nós estamos cansados de estarmos todos os dias na porta do Incra e do MP cobrando que façam alguma coisa. A gente não tem uma resposta”, disse o líder dos assentados do Corta Corda.

À MARGEM DA LEI: Outras questões abordadas pelo o presidente da Associação de Moradores são as constantes ameaças de morte feitas por madeireiros que atuam irregularmente no local. Segundo ele, a vida no assentamento tornou-se cheia de incertezas.

“Nossa preocupação hoje, é com a questão da grilagem de terras. Nós assentados estamos frequentemente sendo ameaçados pelos madeireiros. Ficamos preocupados, porque o INCRA e o IBAMA/Santarém saem para fazer uma fiscalização, em vez deles fiscalizarem os madeireiros, eles fiscalizam o pobre do assentado que está dentro do seu lote. Então, são coisas que a gente já não suporta mais. Nós moramos há mais de 40 anos na área, e queremos o que é nosso de direito. Temos uma pauta, e diante desta pauta nós vamos discutir com as autoridades, e queremos que as coisas de fato aconteçam. A questão da ponte, entre outras tantas. Então, eu gostaria de pedir para as nossas autoridades, que têm o poder da caneta, o poder de decisão, para que elas possam olhar com bons olhos para nossas demandas, nós estamos ali para pedir o mínimo, não somos assassinos, não somos traficantes ou bandidos, pelo contrário, somos pessoas de bem que querem que os seus direitos sejam efetivados”, conclui Sancler Oliveira.

ENTENDA O CASO: ASSENTADOS DENUNCIAM AMEAÇAS DE MORTE POR MADEIREIROS: No dia 31 de março, um grupo de moradores do assentamento Corta Corda, localizado na região da Rodovia Curuá-Una, município de Santarém, estiveram na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para cobrar providências quanto à regularização da terra que ocupam. Mesmo com tantas manifestações e pedidos dos moradores para que o órgão resolva a questão, nenhuma providência foi tomada.

O projeto de Assentamento Corta Corda foi criado em novembro de 1997, com aproximadamente 72 mil hectares, para assentar 468 famílias e, atualmente, já conta com aproximadamente 700 famílias. Segundo a Associação de Moradores, o local tem sofrido com ações de madeireiras que atuam de maneira irregular na região. Além de serem ameaçados e já terem sido vítimas de muitos confrontos com os madeireiros, os comunitários estão sendo autuados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) como se fossem eles os responsáveis pela agressão ambiental.  Na época, o valor da multa foi de 795 mil reais, que deveriam ser pagos pela associação de moradores. Ainda de acordo com os moradores, a questão foi levada ao Ministério Público Federal que determinou um prazo para o INCRA regularizar e demarcar corretamente a área do assentamento e por fim aos conflitos na região.

“Recebemos um documento, de que o INCRA iria começar a atuar dentro da nossa região, a partir do dia 15 de março e infelizmente não foi mandado ninguém para campo pra fechar o projeto e resolver nossa situação e agora estamos sendo autuados pelo IBAMA que nos acusa de sermos passivos com a ação dos madeireiros, o que não é verdade. Então, viemos procurar o INCRA novamente para que tome uma providência. Tudo o que a gente fez até hoje foi com documento, respaldado pelo Ministério Público e demais órgãos”, ressaltou na época Sancler Oliveira, presidente da Associação.

O representante denunciou que existem madeireiros que estão roubando a madeira do local há mais de 30 anos sem nenhuma interferência do poder público, causando prejuízo e intimidando a comunidade. “Tem muitos grileiros nesta área, que tem intimidado todo mundo e todos sabem disso. Já mataram amigos nossos dentro do assentamento e não foram punidos. O assentamento era pra ser uma área onde pudéssemos trabalhar e tirar nosso sustento, mas por conta da incompetência do INCRA, as coisas estão travadas. Vamos provar que não temos nenhum envolvimento com este desmatamento, que estamos pagando por algo que não fizemos e sofrendo por conta das pessoas que vem trabalhar no órgão pra fazer política. Estamos correndo atrás do nosso direito porque sabemos que todo cidadão tem que ter sua terra e pedimos para as autoridades agirem o mais rápido possível, senão vai morrer muita gente por lá”, conclui Sancler Oliveira.

Por: Edmundo Baía Júnior

3 comentários em “Assentados anunciam bloqueio da Curuá-Una

  • 3 de dezembro de 2016 em 10:32
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    O IBAMA É UMA MÁFIA LIGADA AO GDA GRUPO DE DEFESA DA AMAZÔNIA QUE CAPTA RECURSOS PÚBLICOS E PRIVADOS INTERNACIONAIS PARA NÃO DEIXAR A AMAZÔNIA SER OCUPADA.
    OS ASSENTAMENTOS PRECISAM SER FANTASMAS E NÃO TEM NINGUÉM ENCIMA, PARA O GRUPO DO GDA, PT, PC DO B, PSOL, E PSTU DESVIAREM E FRAUDAREM A REFORMA AGRÁRIA E A REGULARIZAÇÃO DE ÁREAS, POIS DEVEM INVESTIGAR ESTE GDA QUE VÃO ACHAR ESTES CONVÊNIOS PÚBLICOS APOIADOS PELO INCRA E TERRA LEGAL…..
    A QUESTÃO É QUE ESTE GDA ESTÁ PROTEGIDO PELO LADO OBSCURO DA LEI.
    O STTR É O PORTAL DO INFERNO DOS COLONOS ILUDIDOS E ENGANADOS.

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  • 2 de dezembro de 2016 em 01:39
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    INCRA é um órgão Inútil, só funcionou bem na época dos militares depois que a bandidagem civil assumiu o poder é só política. A única forma desse pessoal que está a 30 anos esperando documento de terra é essa.

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  • 1 de dezembro de 2016 em 20:59
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    GOSTEI DO APELIDO, SUPERINTENDENTE RAQUÍTICA, SIGNIFICA O QUE, FILHA DE RATO

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