Santarém em situação de alerta e risco de dengue
Sem limpeza e manutenção, os cemitérios do centro da cidade representam risco de proliferação do mosquito da dengue.
De acordo com estudo divulgado pelo Ministério da Saúde, Santarém e mais de 38 municípios paraenses estão na lista referente à situação de alerta e risco de surto de dengue. Mesmo que em 2016 o Município tenha registrado poucos casos da doença, a cada ano, ela é motivo de preocupação para os santarenos. Nos quatro cantos da cidade, é possível observar milhares de terrenos baldios, muitos deles tornam-se verdadeiros lixões a céu aberto. Até mesmo em regiões com boa infraestrutura urbana, como por exemplo, o centro da cidade, é fácil perceber esse tipo de descaso.
Moradores que residem próximo aos cemitérios, também denunciam que a falta de manutenção e limpeza do logradouro público, representa um grande perigo à saúde da população, pois, até mesmo uma simples homenagem aos entes queridos, como a disponibilização de vasos com plantas, com as chuvas frequentes neste periodo, pode transformar o gesto de carinho, em criadouro para o mosquito aedes aegypti.
Um dos locais que mais acontecem casos da doença são os cemitérios São João batista e Nossa Senhora dos Mártires, na área central da cidade, que não recebeu a atenção devida do governo do ex-prefeito Von, sendo que nesta época de chuvas e com algumas sepulturas quebradas, a água se acumula e se transforma em criadouro do mosquito transmissor da doença.
Diante do quadro, o Governo Federal intensificará sua atuação contra o mosquito transmissor da dengue, vírus zika e febre chikungunya. Para reforçar a prevenção, o Ministério da Saúde vai repassar a todos os municípios brasileiros e ao Distrito Federal R$ 152 milhões extras destinados a ações de combate ao mosquito aedes aegypti. Para os 144 municípios do Pará, serão destinados R$ 11,4 milhões para enfrentamento do vetor.
O recurso foi garantido em portaria publicada no último dia 29 de dezembro e deverá ser liberado aos municípios em duas etapas. Na primeira, R$ 91,2 milhões serão repassados a partir da data da publicação da portaria. Para o estado do Pará, a primeira parcela corresponde a R$ 6,8 milhões. O repasse da segunda parcela está condicionado ao cumprimento de alguns critérios, cujas informações deverão ser consolidas pelas secretarias estaduais de Saúde e repassadas ao ministério até o dia 30 de junho de 2017.
Para receberem a segunda parcela de R$ 60,8 milhões, sendo R$ 4,5 milhões para o Pará, os municípios deverão: realizar o Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) para os casos de cidades com mais de dois mil imóveis; já os municípios com menos de 2 mil imóveis deverão realizar o Levantamento de Índice Amostral (LIA); as cidades sem infestação do mosquito deverão realizar monitoramento por ovitrampa ou larvitrampa e excepcionalmente serão consideradas as metodologias alternativas de levantamento de índices executados pelos municípios, desde que essas informações sejam repassadas ao governo federal.
Elaborado pelo Ministério da Saúde, em conjunto com estados e municípios, o Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), é considerado um instrumento fundamental para orientar as ações de controle da dengue, o que possibilita aos gestores locais de saúde anteciparem as ações de prevenção. O último LIRAa, divulgado pelo Ministério da Saúde, em novembro deste ano, apontou que 855 cidades encontram-se em situação de alerta e risco de surto de dengue, chikungunya e zika. Isso representa 37,4% dos municípios pesquisados, enquanto que 62,8% dos municípios (1.429) estão em situação satisfatória.
Atualmente, são 39 municípios do Pará em situação de alerta e risco de surto de dengue, chikungunya e zika, incluindo Belém, Ananindeua, Castanhal, Marabá e Santarém. “A maioria dos focos foi encontrada em locais com acúmulo de lixo (42%). O armazenamento de água representa 29% dos possíveis criadouros, e os depósitos domiciliares 28%. A partir dessas informações, é possível direcionar as ações de combate ao aedes”, explicou o Ministro.
O Brasil registrou, até 10 de dezembro do ano passado, 1.487.673 casos de dengue. Considerando as regiões do País, Sudeste e Nordeste apresentam os maiores números de casos, com 855.425 casos e 323.558 casos, respectivamente. Em seguida estão as regiões Centro-Oeste (197.033), Sul (73.196) e Norte (38.461).
MONITORAMENTO: As ações de combate à dengue competem aos municípios, que devem cumprir metas. Entre os procedimentos essenciais estão vistorias domiciliares por agentes de controle de endemias. Paralelamente, a Sespa faz o monitoramento dos 144 municípios, que receberam o incentivo do Ministério da Saúde para vigilância, prevenção e controle da dengue, e orienta as prefeituras sobre o uso correto de inseticidas (larvicidas e adulticidas).
A Secretaria de Saúde também promove visitas técnicas aos municípios para assessoramento das ações do programa de combate à dengue, além de apoiar a capacitação para o atendimento de casos de febre chikungunya e zika.
Quando há necessidade, a Sespa faz o controle vetorial, como bloqueio de transmissão viral nas localidades, e articula ações com órgãos municipais de saneamento e limpeza urbana, tendo em vista a melhoria da coleta e destinação adequada de resíduos sólidos. Também são realizadas ações educativas e de mobilização, para incentivar a participação da população no controle da dengue.
SINTOMAS: Os vírus da dengue, chikungunya e zika são transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, e provocam sintomas parecidos, como febre e dores musculares. Mas as doenças têm gravidades diferentes. A dengue é a mais perigosa, devido aos quatro sorotipos diferentes do vírus, causando febre repentina, dores musculares, falta de ar e indisposição. A forma mais grave da doença é caracterizada por hemorragias e pode levar à morte.
A chikungunya caracteriza-se principalmente pelas intensas dores nas articulações. Os sintomas duram entre 10 e 15 dias, mas as dores podem permanecer por meses, e até anos. Complicações sérias e morte são muito raras. Já a zika apresenta sintomas que se limitam a, no máximo, sete dias.
Mesmo com o período de estiagem na região, quando há menor volume de chuvas, a população deve continuar combatendo possíveis criadouros do mosquito. Se houver dificuldade, as pessoas devem acionar os programas municipais de controle da dengue mantidos pelas prefeituras. As equipes de profissionais capacitados visitam as casas para inspecionar possíveis locais que sirvam de criadouro para o mosquito, com o objetivo de eliminar os focos e orientar os moradores quanto à prevenção e controle do Aedes aegypti.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto