Zampietro: “Hippies terão que respeitar turistas e moradores de Alter do Chão”
José Carlos Zampietro é conhecedor dos problemas enfrentados pela população da Vila Balneária.
Morando há 18 anos na vila balneária e com grande experiência na área turística, o empresário do ramo hoteleiro, José Carlos Zampietro, foi nomeado pelo prefeito Nélio Aguiar como novo Administrador de Alter do Chão.
Disposto a trabalhar para melhorar o dia a dia dos moradores e visitantes, Zampietro falou com exclusividade ao Jornal O Impacto sobre alguns dos desafios que terá pela frente, e de início já deixou o recado.
“Como muitas pessoas sabem, eu estou iniciando agora, sempre fui um crítico de algumas coisas em Alter do Chão. Fui convidado a participar dessa administração e quando a gente critica e depois é convidado a participar, é meio complicado se dizer não. Então, estou me colocando à disposição para tentar ajudar da melhor maneira possível; temos o alinhamento do Prefeito, vamos tentar fazer colocações, mas temos também a nossa maneira de administrar. Não deixo aqui crítica nenhuma à administração anterior, cada um tem a sua forma, cada um tem a sua maneira, mas nós temos de mudar muita coisa ainda e vamos trabalhar em cima disso. Eu quero frisar que não sou político, não pretendo cargo nenhum, eu quero ajudar a arrumar a Vila de Alter do Chão. Eu moro lá há 18 anos, damos empregos a muita gente. Lutamos e não há interesse pessoal, é um interesse coletivo; peço também que olhemos para a população local, não só para o turista, ele é importantíssimo, pois é dele que nós vivemos, mas temos de olhar para as mazelas que estão acontecendo ali, pois tem muita coisa errada; é como se fosse uma cidade grande e o Poder Público ainda não chegou para tomar conta. Eu vou conversar com quem for de direito, vamos buscar uma forma de oferecer para a população local, condições de ter uma vida decente dentro de um local como aquele. As belezas naturais são lindas, como todo mundo fala, mas as mazelas chegaram!”, informou José Carlos.
Junto à nossa reportagem, o empresário e novo administrador de Alter do Chão, respondeu, ainda, sobre pontos polêmicos, como por exemplo, a presença cada vez maior de hippies nas praças da Vila. Acompanhe.
Jornal O Impacto: Sobre a demanda dos turistas em Alter do Chão que não conseguiram fazer saques nas agências da Vila por falta de dinheiro, qual a medida tomada?
José Carlos Zampietro: Isso aconteceu não só no Réveillon, mas já há dias. Nós percebemos que o turista hospedado ali tem como hábito sair de sua localidade sem dinheiro, ele faz uso do cartão, particularmente acho um erro, pois se você vem para a Amazônia, você não tem muita noção da situação; não que não sejamos competentes nesse sentido, mas é um lugar que ainda se tem dificuldades; você tem problema de internet, de espaço, mas já estamos conversando a respeito para achar um local adequado para instalar um caixa 24 horas e é necessário ter o apoio da Polícia Militar, vamos conversar com o Comandante para ver em que local é viável e o que a gente pode fazer. Realmente recebemos essas reclamações e são justas! O turista que vem do Sul ou do Sudeste está acostumado com isso; a máquina estava quebrada ou não havia dinheiro, houve uma falha muito grande de quem é responsável.
Jornal O Impacto: Outra reclamação que chegou à nossa redação é em relação aos “hippies” que fazem consumo de drogas em plena praça, já houve caso de fazerem necessidades fisiológicas em ambientes públicos. Qual o posicionamento de vocês em relação a isso?
José Carlos Zampietro: É um dos problemas mais sérios. A Vila tem muitos problemas, mas esse é um urgente! Com todo respeito que temos pelo ser humano, turista, morador e hippies, eu acho um absurdo o que está acontecendo lá; parece que tomaram conta, fazem o que querem na hora que querem e eu não vejo assim, vejo que eles são cidadãos como nós, mas eles não têm os direitos maiores que os nossos; eles têm de respeitar a comunidade local, as leis locais. Eles têm de seguir um padrão, que é o padrão regido pela Administração, pela Polícia, por quem é de direito, e eles acham que como eles usam o termo “direito de ir e vir” têm direito de fazer o que quiserem, não é por aí! Volto a frisar, nós respeitamos o espaço deles e respeitamos a maneira de vida deles, cada um tem a sua, mas eles têm de respeitar as normas locais e para isso vamos buscar os órgãos competentes para poder tomarmos uma ação.
Jornal O Impacto: Como andam os preparativos para o Carnaval em Alter do Chão?
José Carlos Zampietro: Na verdade, quem comanda essa festa é a Secretaria de Cultura e foi acertado lá em Alter do Chão de haver dois dias, domingo e segunda, mas nem por isso vamos deixar de aproveitar o período de carnaval. Já é de praxe das administrações antigas de fazer o carnaval no sábado e também na terça, a Prefeitura é quem banca o domingo e a segunda com a sua estrutura e a administração local, mais precisamente o Conselho Comunitário é quem comanda esses outros dias numa administração independente, para que não faltem as condições para que a população continue brincando. Aproveito a oportunidade para dizer que nós gostaríamos, junto aos órgãos competentes e secretarias, de tentar resgatar aquele carnaval antigo de Alter do Chão, aquele de poucos anos atrás; a forma, os grupos, os blocos, era uma brincadeira muito sadia, muito tranquila, aonde as famílias iam, e ultimamente não tem acontecido isso. Agora já estamos muito em cima e não tem muito que se fazer, mas eu acredito que para os próximos anos vamos buscar maneiras que se torne uma brincadeira saudável como sempre foi.
Jornal O Impacto: O Sairé, maior festival do Oeste do Pará, já tem data para este ano?
José Carlos Zampietro: Nós fizemos uma reunião, que felizmente foi muito produtiva, com o Secretário de Turismo, Secretário de Cultura, Direção dos Botos e associações; chegamos à conclusão de que o Sairé é a festa máxima que nós temos. Então, temos que trabalhar turisticamente isso e, você sabe que no turismo você se programa com um ano de antecedência, para qualquer lugar que se vai, são operadoras, agências, todo mundo se programa um ano antes. Felizmente chegou-se ao consenso que nesse governo do prefeito Nélio Aguiar, já foram definidas as datas. Nesse ano o Sairé será do dia 21 ao dia 25 de setembro. Seria sempre na terceira semana depois do feriado de 7 de setembro para não acumular as duas festividades; tem de se aproveitar os dois fins de semana. A Vila por sua vez não tem estrutura para ter um evento de 7 de Setembro e em seguida o Sairé, é necessária uma organização. Então, será sempre na terceira semana e já divulgando o calendário para os quatro anos do mandato do atual Prefeito.
Jornal O Impacto: O que a gestão priorizará para atrair turistas para a Vila Balneária?
José Carlos Zampietro: Nós estamos visando o atendimento ao turista, na forma de atender, questões de saúde, de informações turísticas; nós estamos muito aquém. Alter do Chão, hoje, é a bola da vez no turismo em São Paulo. Nós recebemos muita gente, todo mundo empolgado com a região, com as belezas naturais, mas nós deixamos muito a desejar no atendimento, em todos os sentidos; nos hotéis, nas barracas da praça, nas barracas das praias, são muitas reclamações, e com razão! Precisamos falar a mesma língua; estamos conversando com as pessoas que tomam conta desse setor, para ver se a gente se une para falar uma língua só, temos de atender o turista, pois todos em Alter do Chão, sem exceção, vivem às custas do turismo e se não tiver turista não tem turismo. Se perdermos essa oportunidade em que estamos com a bola cheia, se ela murchar, sairemos de campo. Não podemos e não temos o direito de fazer com que Alter do Chão retroceda em termo de turismo.
O turista é exigente, ele paga caro para vir pra cá, ele precisa ser bem tratado, nós temos de oferecer qualidade a eles, mas infelizmente nisso estamos pecando; temos muitas coisas boas, mas estamos falhando em pontos essenciais e eu acho que conversando com a comunidade, com as pessoas que prestam esses serviços a gente vai chegar a um bom senso e mostrar como fazer para a comunidade de uma maneira geral, usufruir disso. Temos de explorar o turismo, não o turista!
O Impacto: Recebemos muitas queixas dos preços praticados na Vila. Existe alguma regulação desses valores?
José Carlos Zampietro: Na terça-feira tivemos uma reunião com a associação dos donos de barracas da praia e com o Secretário de Turismo, aonde foi falado exatamente isso. Ele (Secretário) solicitou, e nós corroboramos que tem de haver uma organização entre o dono da barraca e o garçom, que é onde acontecem os problemas. Então, é preciso fazer uma tabela de preço, para que o turista saiba o que está sendo cobrado dele, pois é cobrado às vezes de acordo com a cara do cliente. Tem de ter um pouco mais de profissionalismo, e eles entenderem e verem que estão errados em alguns pontos. A Associação está conversando a respeito e nós estamos dando todo apoio, mas nós precisamos ajudá-los também, se nós os abandonarmos eles não sairão da mesmice; eles pedem ajuda e acho que é uma obrigação do governo, da Secretaria, da Administração, cada um colaborar de uma maneira para que eles possam ter condições de oferecer um atendimento digno e de qualidade para quem chega.
Por: Rafael Duarte
Fonte: RG 15/O Impacto