Ozório Juvenil: “Projeto da Belo Sun é transparente e desenvolverá região”
Deputado Estadual Ozório Juvenil diz que projeto segue protocolo da mineração industrial
O deputado estadual Ozório Juvenil, que vê no projeto da Belo Sun, uma oportunidade para a região sudoeste do Pará, alavancar seu desenvolvimento, concede entrevista ao IMPACTO. Confira:
Jornal O Impacto: Deputado, hoje a Internet permite que fatos antes restritos a alguns setores passem ao domínio público, a exemplo da contaminação do ambiente em Paracatu e Nova Lima – Minas Gerais. Embora haja controvérsias, há suspeita de que os casos de câncer naquelas cidades estão correlacionados à contaminação pelo arsênio liberado na mineração do ouro. A mineração na Volta Grande será próxima ao Xingu, isso não representa risco de contaminação de suas águas?
Deputado Ozório Juvenil: Pergunta de suma importância. Não devemos ver a mineração do ouro apenas pelo lado positivo, ou seja, pelos recursos que vai gerar. E esse é o papel de vocês. Cabe à imprensa: esclarecer o povo, literalmente agir como um “Advogado do Diabo” em defesa da transparência, da segurança, enfim, dos interesses da sociedade. Todavia, como você bem ressaltou, o assunto é polêmico, ainda há dúvida quanto a comprovação científica dessa correlação, o que não significa deixar de investigá-la a fundo. Agora uma coisa é certa: mais riscos traz o garimpo na Volta Grande, como vem sendo realizado há mais de quarenta anos, sem nenhum cuidado com o meio ambiente, especialmente pelo uso do mercúrio na separação do ouro, cujo efluente da lavagem altamente contaminado corre livremente na natureza. Apesar deste absurdo, não vejo falar de índice anormal de câncer na população da Ressaca e demais populações do entorno da zona do garimpo, ressalte-se extremamente predatório. No projeto da Belo Sun consta que a mineração industrial pela grande quantidade de efluentes e rejeitos produzidos gera riscos de contaminação. Não há como evitar a liberação de elementos químicos no processo de mineração do ouro. Nas rochas que contem o filão estão agregados vários minerais, dentre eles a arsenopirita que contém arsênio. Entretanto, esses materiais contaminados ficam de forma segura isolados em áreas de contenção. Hoje o uso de tecnologias mais eficientes melhorou muito a segurança contra acidentes desse tipo. A evolução é a essência do desenvolvimento de tecnologias. Veja o caso das cirurgias de transplante de Órgãos. Nos seus primórdios eram bastante limitadas, aterrorizavam e, tinham altíssimos riscos de vida, restritas a poucos profissionais. Hoje são cirurgias relativamente seguras, realizadas em vários centros cirúrgicos espalhados pelo Brasil. Obviamente que evoluiu a partir da correção de erros passados. O mesmo se dá com a mineração industrial. No caso do projeto de mineração da Belo Sun, percebe-se que o mesmo é transparente e, segue todo o protocolo técnico de mineração industrial a céu aberto, assim como atende aos pré-requisitos de prevenção a acidentes exigidos pela legislação ambiental vigente, ressalte-se cada vez mais rigorosa. Eu acredito que a Belo Sun, sobretudo, por uma questão de ordem pragmática, afinal, são bilhões investidos nesse projeto, ser a maior interessada em evitar problemas dessa natureza. Entretanto, cabe a nós, sociedade, principalmente aos Órgãos de fiscalização, agir como manda a sabedoria popular: “Um olho no padre, o outro na missa”, isto é, fiscalizar.
Jornal O Impacto: Que dizer, então, que para Vossa Excelência, embora admitindo que a mineração traga riscos à natureza, o mais importante é o desenvolvimento de nossa economia?
Deputado Ozório Juvenil: Absolutamente, acho que não me fiz entender bem. O que eu defendo é a importância de uma economia forte, o que é óbvio. Os grandes avanços da humanidade ocorrem em sua grande maioria nos Países de primeiro mundo. Isso não é mera coincidência! Essa correlação é intrínseca ao processo de evolução da humanidade desde que o homem saiu da era das cavernas. A ação antrópica na natureza é imprescindível à subsistência e evolução da humanidade. Será que é possível imaginar um mundo com bilhões de pessoas se alimentarem, enfim, usufruir dos bens de consumo que produzem sem intervir na natureza? Isso não quer dizer que eu estou defendendo um antropocentrismo exacerbado, pragmático, irracional, que vem gerando grandes impactos, cujo reflexo drástico no meio ambiente impõe urgência em mudanças profundas na utilização de nossas matrizes energéticas porque a natureza já dá claros sinais de fadiga. Não me cabe aqui fazer palanque. Mas eu me considero uma pessoa relativamente bem informada. Na condição de cidadão consciente, sobretudo, enquanto Deputado, cujo poder outorgado me impõe defender políticas e projetos que promovam o bem estar da população de meu Estado, também, por ser paraense e, amar o meu Estado, eu jamais defenderia o desenvolvimento econômico em detrimento da segurança do meio ambiente, especialmente da saúde de nossa população. Entendo e, é válida neste momento, toda preocupação com a precaução a desastres ecológicos. Mas, sinceramente, quanto a isso fico tranquilo. Até porque o projeto da Belo Sun ainda não possui a liberação da licença de operação, que só ocorrerá após a análise e homologação das condicionantes elencadas nas Oficinas Participativas, que comtemplam dentre vários tópicos um rigoroso projeto de segurança ao meio ambiente.
Jornal O Impacto: Este projeto vai gerar processo demográfico, consequentemente demandas sociais. Altamira já vem sofrendo com o aumento da população gerado pela construção da Hidrelétrica de Belo Monte, que tem acarretado impactos ambientais e sérios transtornos à ambiência urbana. O que pensa Vossa Excelência a este respeito, quando for encerrada a extração do ouro na Volta Grande do Xingu.
Deputado Ozório Juvenil: Tudo vai depender de nós, da forma como vamos usar os recursos gerados pela extração do ouro. Eu não vejo o aumento da população necessariamente como um impacto negativo, muito pelo contrário. Se os recursos gerados forem investidos corretamente pelos nossos governantes, o crescimento demográfico poderá ser um fator muito positivo, porque aumenta a circulação de dinheiro e de mercadorias, sobretudo, o potencial de produção pela disponibilidade de mão de obra. Vou citar um exemplo que ilustra meu ponto de vista. Petrolina, em Pernambuco, fica no Vale do São Francisco. Na década de setenta, quando da construção da Hidrelétrica de Sobradinho, sofreu grande impacto demográfico. Inobstante ser aquela região semiárida, isto é, com muito poucos recursos naturais, o que não é o nosso caso, hoje é uma das economias mais pujantes do Nordeste e centro geoeconômico de um dos maiores Polos fruticultores do mundo, exportando frutas para os mais diversos mercados internacionais. Com os recursos injetados na região, a fruticultura desenvolveu-se, proporcionou a instalação de agroindústrias que geram emprego e renda, sendo a renda per capita da população bem acima de muitas regiões do País, economicamente desenvolvidas. Não podemos nos esquecer de que a região do Sudoeste do Pará tem vocação natural e condições edafo climáticas excelentes para o desenvolvimento das atividades agropecuárias. O que falta realmente são recursos e, incrementar políticas públicas neste sentido. Para que isso ocorra, vou lutar incansavelmente. Honra-me ser um protagonista na defesa desta bandeira.
Fonte: RG 15/O Impacto