Estrada do Juá vira lixão a céu aberto
Um lixão a céu aberto, localizada na Estrada que dá acesso ao Lago do Juá, a poucos metros da rodovia Fernando Guilhon, virou motivo de preocupação para quem trabalha ou viaja em aeronaves, pelo Aeroporto Maestro Wilson Fonseca, em Santarém. É que devido à proximidade do lixão com a pista do aeroporto, segundo operadores, atraídos por lixo orgânico, urubus poderão causar riscos durante pousos e decolagens de aviões.
A presença de resíduos orgânicos e lixo doméstico atrai principalmente a espécie urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), que pode colidir em voo com os aviões e causar acidentes.
De acordo com operadores, as aves próximas ao aeródromo aumentam o risco de bird strikes. Os bird strikes são fatos relativamente comuns no Brasil, sendo que diversos aeroportos possuem elevado risco para colisões entre pássaros e aeronaves.
Embora a maioria dos incidentes não cause transtornos, numa conjugação de fatores a sucção de aves pelas turbinas pode chegar a derrubar um jato. Dependendo do ângulo, o choque entre um urubu de 3 quilos e uma aeronave a 300 quilômetros por hora alcança o impacto aproximado de 1 tonelada. O perigo fica ainda maior se a pancada ocorre logo após a decolagem, na aproximação final ou na corrida após o pouso, as situações mais delicadas durante um voo.
Além do encontrão, que em situações extremas deixa o avião desgovernado, há o risco de que uma ou mais aves entrem nas turbinas. Formado por dezenas de discos de lâminas, responsáveis por jogar o ar para trás e assim impulsionar a aeronave, o eixo central dos motores pode ter o funcionamento comprometido quando um animal entra ali. Os danos costumam ser proporcionais ao tamanho do invasor. Pássaros pequenos são fatiados e, embora vítimas de um destino cruel, não causam problemas. Os de maior porte, no entanto, são capazes de congestionar os rotores e ocasionar perda de potência, impedindo que o aparelho mantenha a altura e obrigando-o a aterrissar.
CONTAMINAÇÃO: Na Estrada do Juá, fiscalizações feitas pela Prefeitura de Santarém não são capazes de alterar o hábito desenvolvido pela população de despejar detritos no local, servindo apenas como área de pouso e descanso das aves. Além do perigo para a aviação, o lixão traz outros riscos à população, como doenças, insegurança e acidentes com veículos que trafegam pela estrada.
Segundo os moradores das proximidades, diariamente carroças, caçambas e caminhonetes despejam lixo no local. Restos de animais, resíduos de material de construção, carcaças e tubos de imagem de televisões, móveis e peças de carros e motocicletas são despejados no local. Os comunitários temem que o lixo também chegue ao leito do Lago do Juá e acelere o processo de contaminação do manancial.
ALERTA: Pouca gente sabe, mas jogar lixo nas ruas e estradas, ou atirar objetos do veículo é infração média, prevista no artigo 172 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O condutor recebe multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira de habilitação. Além da preocupação com a segurança nas estradas, atirar lixo do carro prejudica a natureza e contribui para entupir esgotos e canais de escoamento de chuva. Os objetos mais comuns nas vias, como cascas de frutas e papel, levam de dois a 12 meses para se decompor; os chicletes, duram cinco anos; as latas de alumínio, de 200 a 400 anos; e as garrafas de vidros podem durar até um milhão de anos.
Fonte: RG 15/O Impacto