Sindicato dos Taxistas lutará contra UBER em Santarém
Antônio Carvalho, presidente da entidade, diz que categoria não aceita a concorrência desleal.
Nos últimos dias, tornaram-se fervorosas as discussões sobre a chegada em Santarém, de aplicativos de smartphone que possibilitam a chamada ‘carona remunerada’. Tanto o YetGo, que já funciona no Município, quanto o UBER, são ferramentas para dispositivos móveis que colocam os usuários que precisam do transporte, em contato direto com proprietários de automóveis de passageiros.
Grande inimigo dos táxis tradicionais, os aplicativos incomodam porque as empresas que operam o sistema possuem sede nos Estados Unidos, e não seguem as regras administrativas e comerciais tradicionais deste mercado.
“Tanto a população, quanto os trabalhadores taxistas são prejudicados. Primeiro pela insegurança que este sistema proporciona para quem utiliza. Segundo, porque nós enquanto taxistas temos que passar por uma série de exigências para obter a concessão da prefeitura. Pagamos taxas e impostos. E esses aplicativos, vão levar o dinheiro que deveria circular aqui, para o estrangeiro. A concorrência é totalmente desleal”, diz o presidente do Sindicato dos Taxistas de Santarém, Antônio Carvalho .
Desde que efetivou o funcionamento do primeiro aplicativo em Santarém, e com a possibilidade da chegado do UBER, os taxistas estão mobilizando-se para que as autoridades do município não permitam que isso ocorra. Nesta semana, em entrevista exclusiva à TV IMPACTO, o presidente do Sindicato dos Taxistas de Santarém, Antônio Carvalho, expôs a preocupação da categoria com a problemática. Acompanhe:
Jornal O Impacto: Presidente, de que forma os aplicativos como o UBER, tornam-se uma concorrência desleal?
Antônio Carvalho: Esse aplicativo só traz benefício para a empresa responsável pelo sistema. Eles disponibilizam um serviço 50% mais barato que o táxi convencional, e o dinheiro arrecadado não cai na mão do motorista e sim na conta da empresa responsável, o que sobra do valor da corrida é o que irão mandar para pessoa que executou o trabalho. Então querendo ou não, devemos considerar um trabalho ilegal dentro e fora do país, porque o indivíduo não paga imposto algum para transportar o passageiro de forma adequada. Nós que temos a concessão, pagamos vistoria na Secretaria de Transportes, onde passam de três a quatro vistorias bem minuciosas, se houver algo errado o veículo volta, aí tem de consertar o erro e retornar para fazer o procedimento novamente. Enquanto os transportes de uso particular não tem vistoria. Depois vamos para o DETRAN, lá encontramos outra taxa alta que pagamos somada à vistoria e por último a taxa do INMETRO que é responsável pela avaliação dos taxímetros, aqueles que estão irregulares voltam para ser arrumados, ou seja, passamos por três vistorias minuciosas para podermos qualificar nossos serviços e veículos. A população de Santarém deve se orgulhar, pois temos a melhor frota nesta categoria que hoje está à disposição da população. Somos 672 permissionários, a frota de táxi em Santarém é considerada a segunda melhor do estado do Pará. Estamos trabalhando em um projeto em que todo taxista terá que fazer um curso de inglês, pois hoje o mercado necessita que nossos taxistas dominem no mínimo 15% de inglês para poder se adequar.
Jornal O Impacto: Aplicativos deste tipo já operam em várias cidades do Brasil, eles pagam algum tipo de imposto ou taxa?
Antônio Carvalho: Não pagam nenhum tipo de imposto; a pessoa simplesmente liga para o indivíduo, e relata ao mesmo que ele está cadastrado no aplicativo, e a partir de agora ele se torna seu convidado especial para transportar qualquer passageiro com a maior tranquilidade. Mas como podemos dar tranquilidade a qualquer passageiro se o cadastro é feito em uma empresa que sabemos que está localizada no exterior, falando com estranhos, oferecendo uma garantia sem conhecer o indivíduo e sem ter noção se é qualificado profissionalmente para transportar passageiros. Assim como pode ser um cidadão, também poder ser um bandido, que pega um carro qualquer inscrito da forma que eles exigem, onde na verdade quem vai trabalhar naquele carro é outra pessoa, aqui em Santarém já começou esse tipo de problema, a pessoa se cadastra no aplicativo, e quem vai prestar o serviço não é aquela pessoa que está cadastrada e sim alguém completamente diferente, totalmente despreparada para fazer o transporte de qualquer passageiro.
Jornal O Impacto: Então, podemos citar como exemplo, seria um tipo de profissional comparado aos mototaxistas clandestinos? Indivíduos que trabalham transportando pessoas sem o respaldo da lei e sem pagar os devidos impostos obrigatórios?
Antônio Carvalho: Quem paga seus direitos merece seus direitos. Aquelas pessoas que não pagam direito nenhum e querem prestar um serviço do mesmo jeito que as pessoas que pagam, não se adéquam ao sistema, como o indivíduo pode sobreviver dessa forma? Por exemplo, eu vou a uma loja e compro uma moto, já saio de lá com dois capacetes, e imediatamente transportando passageiros de qualquer maneira, e ao mesmo tempo existe um cidadão que paga por seus direitos na Prefeitura, a sua moto é adequada para o serviço de transporte de passageiros, e chega alguém que não paga e mesmo assim quer fazer o serviço dos que pagam, não tem cabimento. A mesma coisa se enquadra para os portadores de carro particular, os carros particulares não são feitos para transportar passageiros e sim os amigos e a própria família. Transportar passageiros e de responsabilidade dos táxis, a Constituição Brasileira ampara o táxi, ninguém pode ferir a não ser uma entidade idêntica ao táxi.
Jornal O Impacto: Diante dessa problemática que aflinge a categoria que o senhor representa, qual recado você daria para nossas autoridades nesse momento?
Antônio Carvalho: Senhores e senhoras de Santarém e demais autoridades, vereadores e Prefeito, peço encarecidamente, olhem para essa categoria sofredora, pais de família, que exercem respeito e responsabilidade ao fornecer um serviço adequado, por favor, olhem com carinho para o serviço que nossos taxistas prestam à população santarena. Merecemos um tratamento melhor. Os aplicativos YetGo e UBER, aos que pensam que esses serviços irão trazer benefícios para Santarém, estão muito enganados. Primeiramente de forma nenhuma um transporte como esse irá trazer segurança para os usuários, lembrando que ninguém sabe quem vai transportar, de acordo com o que temos acompanhado pelo Brasil a fora através dos meios de comunicação, o índice de violência ocasionado por esse tipo de serviço é muito grande. Com toda certeza ainda temos sossego, mas se a população de Santarém aceitar essa situação poderemos esperar grandes prejuízos e transtornos para nossa população.
Jornal O Impacto: Nesta semana, houve uma situação em que uma senhora esqueceu sua bolsa no banco do passageiro de um determinado táxi, e quando o taxista notou a bolsa constatou que havia um valor alto no interior da mesma e seguiu com uma atitude louvável.
Antônio Carvalho: A passageira esqueceu sua bolsa no interior do táxi no banco de trás, sorte que o motorista viu a bolsa, logo em seguida ele me ligou, e disse “seu Antônio encontrei uma bolsa de uma senhora no carro, com um celular desligado e com valor alto (R$ 3.620,00)”. Então, eu passei a chamar todo mundo através do rádio aplicativo que nós temos, se aparecesse alguém fazendo a busca de uma determinada bolsa no interior do carro com a ST de tal número, que me procura-se para fazer a devolução, no dia seguinte fomos a uma emissora de televisão, fizemos o anúncio e em poucas horas a proprietária da bolsa apareceu. É esse tipo de confiança que passamos para os nossos usuários. É até bom ter falado disso porque lá no Sindicato nós temos guardado muitos objetos deixados por passageiros, como guarda-chuvas e sandálias e de vez em quando aparece o dono para receber. E se Deus permitir iremos sempre proporcionar o melhor para nossos usuários.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto