Polêmica – Feirantes culpam carros de peixe por sujeira na orla
José Dorismar denuncia que caminhões despejam dejetos podres nas canaletas
A Ação Civil do Ministério Público Estadual, solicitando que a Prefeitura retire a Feira do Tablado, que está localizada na orla da cidade, em frente ao Mercadão 2000, dando um prazo de 60 dias para que os feirantes sejam remanejados para outro local, causou grande repercussão para quem trabalha no local. Nossa reportagem foi até a Feira do Tablado e conversou com o presidente da Associação da Feira do Tablado do Mercadão 2000, o senhor José Dorismar dos Santos, que falou sobre essa polêmica.
José Dorismar informou que até agora não chegou nenhum documento, tanto da Prefeitura quanto do Ministério Público, informando sobre a situação. “Até o presente momento não fomos comunicados oficialmente, tomamos conhecimento disso apenas através da imprensa e pela população, mas em relação a algum documento oficial, ainda nada foi entregue à nossa Associação”, declarou José Dorismar.
Quando foi questionado sobre a situação da Feira do Tablado, onde o MPE alega que está em precárias condições, mesmo sabendo que de lá todos tiram o sustento de suas famílias, José Dorismar declarou o seguinte: “As condições em que o próprio Ministério Público nos questionou, durante uma reunião que tivemos com a Promotora, a principal exigência foi sobre o ambiente de trabalho. Realmente aqui não temos as condições adequadas, porque nunca tivemos nenhum apoio da Prefeitura. Tudo que temos aqui fomos nós que colocamos. Não pagamos tributos, mas em compensação não damos despesas e arcamos com os custos de toda manutenção do local”.
O presidente da Associação da feira do Tablado falou sobre a falta de uma atenção maior do poder público, para que torne a Feira um lugar bem estruturado e organizado. “No governo do ex-prefeito Alexandre Von, procuramos a Secretaria de Saúde para conversarmos e fazer uma parceria, até pelo zelo aqui na frente do Tablado. O Secretario, na época, disse que iria fazer uma reunião para conversarmos sobre isso, mas essa reunião nunca aconteceu. A única coisa que realmente apareceu foi a informação de que iriam nos tirar daqui, por muitos motivos, mas a Prefeitura em si nunca se manifestou. Nós sabemos, agora, que o prefeito Nélio Aguiar está solidário conosco e falou que iria nos apoiar, mas até agora estamos esperando por ele”.
Ao ser questionado sobre o fedor que exala no local, onde algumas pessoas dizem que supostamente vem da Feira do Tablado, José Dorismar foi enfático: “Nós comercializamos apenas frutas em geral e outros produtos como queijos e piracuí, ou seja, produtos que não causam mal cheiro. O que provoca mal cheiro é uma lama que escorre dos caminhões-baús que descarregam peixe, inclusive não são nem daqui de Santarém, trata-se de caminhões que vêm do Mato Grosso e de outras cidades de fora da região. São eles que despejam essa lama fedorenta. Em muitas situações nós pagamos pessoas para lavar a canaleta que passa próximo à Feira, para evitar esse mal cheiro. Já vimos a presença de tapurús, mas sabemos que não são das bananas que vendemos”, denunciou.
“Atualmente existe 45 barracas na Feira do Tablado, e trabalham aqui 75 pais de famílias, sem contar com os carregadores. Nós estamos aqui há 11 anos, mas a sua origem começou no Mercado Modelo. Portanto, existe há mais de 60 anos”, disse José Dorismar.
O presidente da Associação falou que se sentem menos importantes pelo fato de estruturarem o Mercado de Peixe, que antes era anexo ao tablado, enquanto Feira do Tablado, com venda de frutas, foi esquecida e agora está sendo ameaçada de extinção. “Existe uma indiferença, na época em que iria ser construída essa estrutura, nós até pagamos junto à Colônia de Pescadores Z-20 uma coleta para fazer a maquete da Feira. Naquela época estávamos garantidos para trabalhar ao lado deles, no tablado novo de concreto. Mas na hora da entrega, foram privilegiados apenas os vendedores de peixe, e nós fomos excluídos. Como relatei, nós procuramos a Secretaria responsável no governo do ex-prefeito Alexandre Von e não obtivemos resposta. Também na época em que a Feira do Tablado foi pro fundo, devido à grande cheia dos rios Tapajós e Amazonas, procuramos a Secretaria no governo da ex-prefeita Maria do Carmo, para pedir um apoio com relação às madeiras. Na ocasião, fomos atendidos e nos forneceram a madeira, mas logo em seguida veio uma cobrança por parte da serraria que forneceu a madeira, pelo fato de que a Prefeitura não havia pago tudo e consequentemente tivemos que pagar, inclusive posso provar, porque temos todas as notas fiscais, certificando que nós pagamos a madeira que foi usada para reestruturar a Feira do Tablado”, declarou.
“O recado que vamos mandar às autoridades, em especial ao Ministério Público, sobre uma possível desocupação da Feira do Tablado, é que, se realmente eles querem cobrar algo, gostaria que nos dessem a oportunidade de fazermos o melhor. Por exemplo, eu tive que ir buscar conhecimento para executar a maneira que eles querem que trabalhemos, mas só se manifestam fazendo cobranças”. Diante das alegações do presidente da Associação da Feira do Tablado, podemos observar que eles querem apenas uma atenção maior das autoridades e uma oportunidade, para que possam trabalhar de forma correta e em condições dignas. Até o momento não chegou nenhuma notificação sobre desocupação, mas se nada for resolvido a situação desses pais de família pode se tornar crítica.
FISCALIZAÇÃO NAS CARRETAS DE PEIXE: O vereador Dayan Serique (PPS) teve o requerimento nº 526/2017 aprovado por unanimidade durante a sessão de segunda-feira (24), na Câmara Municipal de Santarém. “O requerimento solicita autorização da Prefeitura Municipal para que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) e a Vigilância Sanitária tratem de intensificar a fiscalização dos caminhões frigoríficos que vendem peixes em frente à Feira do Mercadão 2000. Ressalta-se que os caminhões que comercializam esses produtos, são trazidos de outras regiões, que não sabemos a procedência, forma de acondicionamento desses peixe, fato que coloca em risco a saúde dos consumidores. E mais, esta comercialização torna-se desleal com os pescadores de nossa região”, disse o Vereador, que solicitou, ainda, que a Secretaria de Trânsito (SMT) esteja presente na fiscalização de permanência desses veículos, que comercializam o pescado.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto