Denúncia do fechamento de escolas e certificação de professores durante I Ação Popular de Educação do campo do Baixo Amazonas
Prof. Salomão Hage (UFPA) fala durante plenária do Fórum na sede do Ministério Público em Santarém.
Duzentos professores que atuam em Casas Familiares Rurais (CFR) da região Oeste do Pará receberam certificação durante a I Ação Popular de Educação do Campo dos Povos das Águas e das Florestas do Baixo Amazonas (FECAFBAM), ocorrida nos dias 27 e 28 de abril, na sede do Ministério Público do Pará, em Santarém. Na ocasião, foram selecionados os representantes das entidades para compor a direção do FECAFBAM.
O coordenador do Fórum Paraense de Educação do Campo e também da Escola da Terra, Prof. Salomão Hage (UFPA), denunciou o fechamento de escolas. “Mais de cem mil escolas foram fechadas no Brasil no período de 2000 a 2015. No estado do Pará foram 5.355, sendo 4.411 na cidade e 944 no campo”. E acrescentou: “Na região do Baixo Amazonas, o município de Oriximiná foi o que mais fechou escolas: 36 no total”.
Maria Erivete foi uma das que receberam o certificado do curso ofertado pela Escola da Terra (MEC/ICED/UFPA). Ela comemorou a vitória relembrando as dificuldades e os desafios que enfrenta no cotidiano das escolas rurais: “Hoje é um momento de festa, nós vencemos obstáculos e tenho certeza de que cada um de nós, que está hoje aqui, está fazendo a diferença lá em nossas comunidades, nas escolas rurais em que atuamos”.
Durante os dois da plenária foram apresentados levantamento sobre a situação das escolas rurais de municípios do Baixo Amazonas. A professora da Ufopa e coordenadora do FECAFBAM, Solange Ximenes (Iced), que também coordena o grupo Formação de Professores na Amazônia Paraense (Formazon), apresentou análise parcial da infraestrutura das escolas do campo do município de Mojuí dos Campos, que atende 2.743 em 53 escolas: “Dessas, 13 escolas não possuem funcionários, em função do pequeno número de alunos, e dez ainda são de madeira. Em nenhuma delas há esgoto. Nove são possuem rede de energia elétrica”.
Os dados foram sistematizados a partir de um questionário enviado à secretaria de educação, que também respondeu à seguinte pergunta: Qual a perspectiva da gestão municipal para a educação do campo? “A gestão municipal visa melhorar a estrutura física das escolas do campo, tendo como carro-chefe uma formação de qualidade para os professores, valorizando de modo especial do povo do lugar”.
Solange Ximenes elucidou o papel da Ufopa no fórum: “A universidade tem um papel preponderante, integra o Fórum do Baixo Amazonas numa perspectiva de pensar e analisar políticas e promover pesquisas e estudos sobre a realidade da educação do campo”.
Especialização em Pedagogia da Alternância – A Universidade Federal do Oeste do Pará oferta o curso de pós-graduação lato sensu em Pedagogia da Alternância e Desenvolvimento Rural, que recebe professores que atuam na educação do campo de todo o estado do Pará.
Aluno do curso de especialização, Gilvandro Serrão atua há três anos em uma Casa Familiar Rural em Breves, na Ilha do Marajó. Para chegar a Santarém, enfrentou horas de barco e avião. Mesmo assim, classificou de “gratificante” a experiência. “As realidades são muito diferentes. Lá nós trabalhamos com 71 alunos e formamos uma turma em Técnico em Florestas. Eles apreendem a ter um novo olhar sobre seus lotes. A Casa Familiar é uma das principais políticas públicas que chegam até a comunidade, que fica distante de tudo”.
A professora Helen Pessoa (ICS/Ufopa) explicou que o curso foi criado a partir da solicitação da Associação das Casas Familiares Rurais (ARCAFAR). “A metodologia do curso é uma proposta dentro da metodologia da alternância. É realizado em três módulos, com 360 horas. Os alunos ficam 15 dias em atividades da universidade e depois retornam para as casas familiares rurais e levam atividades para serem realizadas”. O curso recebe alunos de todas as regiões do estado.
Estiveram presentes à I Ação do Fórum a promotora pública Lílian Braga; representante do Instituto Federal de Educação; representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém; professores que atuam na educação do campo na Região do Baixo Amazonas; e representantes das secretarias municipais de educação dos municípios de Óbidos, Monte Alegre e Oriximiná.
Fonte: RG 15/O Impacto e Lenne Santos/Ufopa