Gilberto Aguiar: “Combate ao tráfico de drogas é prioridade da Polícia”
Superintendente da Polícia Civil fala sobre a intensificação dos trabalhos no combate ao crime
O debate em torno do aumento da criminalidade em Santarém e Região não é diferente de outras regiões do País. Estaticamente está comprovado que o crime de tráfico de drogas está diretamente ligado a outros tipos de crimes, tais como: roubos, furtos e homicídios. brigas entre facções rivais para domínio de regiões de venda de drogas, tornaram-se frequente na Pérola do Tapajós.
Em entrevista ao Jornal O Impacto, o Delegado Gilberto Aguiar, titular da Superintendência da Polícia Civil do Médio e Baixo Amazonas, chamada também de 12ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP) e que abrange 13 municípios, fala sobre esse assunto e também sobre o recente acontecimento no município de Pau D’arco, onde, após confronto com a Polícia, 10 pessoas que ocupavam ilegalmente uma fazenda, foram a óbito. Acompanhe os detalhes:
Jornal O Impacto: Delegado, o setor da imprensa que acompanha as ações policiais tem observado que diariamente aumenta o número de pessoas presas por tráfico de drogas. A situação preocupa as forças de segurança?
Gilberto Aguiar: A Polícia Civil tem uma estatística de controle dessas situações, se trata de um dos crimes que se combate quase que diariamente. Os órgãos de segurança pública tem essa preocupação, até porque o tráfico de drogas é um crime que acaba fomentando o próprio crime de roubo, e grande parte dos homicídios que tem acontecido na cidade tem ligação direta com o tráfico de drogas. A disputa do tráfico de drogas acaba fazendo com que algumas facções acabem se digladiando e em razão disso, acabam acontecendo alguns homicídios. A Polícia Civil está atenta a essas situações, nós temos feito algumas operações de combate de tráfico de drogas, os órgãos de segurança pública estão imbuídos com esse objetivo de tirar de circulação esses indivíduos, recentemente nós tivemos uma grande operação em embarcações. O que dificulta o trabalho da Polícia é exatamente as poucas fiscalizações que tem acontecido, principalmente em decorrência do número reduzido de policiais, isso acaba fazendo com que a passagem de drogas seja deixada de ser fiscalizada, em razão desse pouco efetivo, mas o trabalho continua. A gente espera que o combate possa resultar em algumas prisões, o nosso planejamento tem o sentido de fazer com que possamos cada vez mais tentar minimizar essa situação do tráfico de drogas, não só aqui em Santarém, mas em toda nossa região.
Jornal O Impacto: Na semana passada nós tivemos uma operação no sudeste do Pará, que resultou em dez mortes. O senhor como um agente das forças de segurança, que avaliação faz sobre essa situação?
Gilberto Aguiar: Veja só, essa é uma situação que preocupa muito os órgãos de segurança pública. Nós não temos conhecimento de causas, pois não estávamos no local, não participamos da ação, mas a gente espera que apuração do inquérito policial possa esclarecer exatamente em que circunstâncias essa situação ocorreu. Segundo informações, os policiais estavam ali para cumprir mandados de prisão, busca e apreensão.
Jornal O Impacto: Numa situação dessas, há muitas críticas com relação ao trabalho das forças de segurança. Levando-se em consideração, que nestas ocasiões, a Polícia é a representante legítima do Estado, e consequentemente da sociedade, na sua visão, por que há essa inversão de valores?
Gilberto Aguiar: Infelizmente isso tem acontecido rotineiramente, os policiais envolvidos em algumas situações sempre fazem essa relação, envolvendo, não só policiais civis como policias militares. A própria população de certa forma acaba fomentando essa situação, alguns órgão de direitos humanos também estão fazendo o seu papel constitucional de defender a sociedade, mas os policiais também são seres humanos e devem ser tratados com respeito. Não podemos tirar nenhuma conclusão antes da apuração definitiva dos fatos. O que não se pode é punir determinados policiais sem ao menos ouvi-los, que eles possam passar por um procedimento em que eles possam se defender. Então, a gente tem essa preocupação de fazer com que os fatos passam ser esclarecidos, não podemos omitir qualquer tipo de opinião, antes de uma apuração realmente feita, de maneira correta, de maneira isenta de qualquer tipo de parcialidade. Esperamos que esses fatos possam ser esclarecidos principalmente para população, que é a mais interessada, e que os policiais possam de fato continuar suas atividades em defesa da sociedade.
Jornal O Impacto: Aqui em Santarém nós temos grandes áreas ocupadas, como por exemplo, a ocupação da Avenida Fernando Guilhon, próximo ao lago do Juá. Haverá um trabalho com relação a essas ocupações?
Gilberto Aguiar: As ocupações também fazem parte infelizmente da rotina dos órgãos policiais. Nós temos visto este crescimento, principalmente nessa área em que você se referiu. Há uma preocupação, o Estado está se antecipando, perante o fato de já ter sido criada a UPP do Santarenzinho, que já foi um passo a mais. Nós precisamos apenas fazer com que a UPP do Santarenzinho possa trabalhar em forma de plantão 24 horas por dia, mas somente com concurso público poderemos tentar verificar essa situação. As invasões em Santarém nos preocupam, os órgãos de segurança pública estão atentos também a isso, muitos conflitos em decorrência dessas ocupações irregulares já estão chegando até a Polícia e os órgãos de segurança pública federal, estadual e municipal possam também cumprir com sua função constitucional, através de políticas públicas. Nós sabemos que um problema social não decorre apenas do fato de combate e da repressão ao crime, nós sabemos que muitos problemas sociais se devem a ausência do Estado e de políticas públicas, então, faz-se necessário que nós possamos unir forças em todos os setores.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto
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