Conflitos agrários assustam população do Pará
O aumento da violência no campo, nas últimas semanas, assusta a população do Pará. Entre eles, no último sábado, 15, pistoleiros atearam fogo no acampamento Hugo Chávez, localizado na zona rural de Marabá, no sudeste do Pará. Além de atear fogo nas barracas, os pistoleiros promoveram terror a dezenas de famílias.
Segundo testemunhas, a ação dos pistoleiros começou com um tiroteio por volta de 23h, de sábado. Os ocupantes informaram que uma caminhonete que passou em frente ao acampamento, disparou vários tiros em direção à entrada do local. Outra caminhonete, com vários homens armados fecharam a estrada que fica em frente ao acampamento.
De acordo com os ocupantes, após algumas horas de trégua, o tiroteio recomeçou às 13h, de domingo, 16, onde também os pistoleiros atearam fogo ao redor do acampamento. Os ocupantes revelaram que várias mulheres e crianças passaram mal no local. As famílias se concentram em uma residência no acampamento. Após os ataques dos pistoleiros, não houve registro de pessoas feridas.
O acampamento Hugo Chávez tem três anos de existência e fica distante 14 km de Marabá, na BR-155. A estrada liga as cidades de Marabá a Redenção.
AFLIÇÃO – Por conta do aumento da violência no campo, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou que acompanha com pesar os conflitos e os massacres sofridos por trabalhadores rurais, no Pará. A prisão temporária de 13 policiais envolvidos no Massacre de Pau D’Arco, no inicio deste mês, segundo a CPT, é um passo importante no processo de investigação que precisa continuar até chegar aos latifundiários do Sul do Pará.
“A prisão desses 11 PMs e dois policiais civis ocorre por meio da atuação do Ministério Público do Estado do Pará, que solicitou os mandados ao juiz da Vara Criminal de Redenção, Haroldo Silva da Fonseca. Agora, é essencial que a apuração do caso esclareça os laços entre os grandes proprietários de terras na região e esses agentes públicos. Mesmo com toda a repercussão da chacina ocorrida no dia 24 de maio, os ataques contra os trabalhadores rurais que lutam para serem assentados na Fazenda Santa Lúcia continuam”, declarou, em nota, a CPT.
Atualmente, de acordo com a CPT, os companheiros dos dez mortos estão acampados ao lado da Fazenda Santa Lúcia, em um terreno do Incra, esperando que o instituto realize a reforma agrária no local. A terra em disputa está nas mãos da família Babinski, sendo que a suposta propriedade tem fortes indícios de se tratar de uma terra grilada. Essa mesma família possui terras que, somadas, tem um território maior que a cidade de Belo Horizonte.
MORTE NO CAMPO – Na noite de 7 deste mês, após receber ameaças, Rosenildo Pereira de Almeida, 44 anos, foi assassinado com tiros a queima-roupa. Ele era um dos líderes da ocupação na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’Arco (PA), local onde 10 camponeses foram mortos durante uma operação policial no dia 24 de maio deste ano.
O crime ocorreu em uma cidade próxima, Rio Maria, para onde o líder Rosenildo, conhecido como “Negão”, havia ido para se esconder, depois de reiteradas ameaças de morte. Segundo informações preliminares da CPT, ele teria sido executado com três tiros na cabeça por dois motoqueiros.
A informação foi confirmada pela organização não governamental Justiça Global, que presta auxílio social e jurídico ao acampamento. A assessoria da Polícia Civil do Pará também confirmou as circunstâncias do homicídio, mas disse desconhecer se a vítima era uma liderança da ocupação na Fazenda Santa Lúcia.
Fonte: RG 15/O Impacto