CRM protela procedimento contra médico indiciado por pedofilia
O médico Álvaro Cardoso, indiciado pela Polícia Civil suspeito dos crimes de estupro de vulnerável e pedofilia, ainda encontra-se com seu registro ativo no Conselho Regional de Medicina (CRM). Segundo informações, até o momento procedimentos contra o médico no Conselho está sendo protelado. Qual o motivo? Os familiares das vítimas querem saber?
No site do CRM/PA o nome do médico preso preventivamente pela Justiça, consta como ativo, sem nenhuma ressalva. A exemplo de outro caso de Polícia que repercutiu na cidade, a prisão do vereador Reginaldo Campos, está sofrendo processo de cassação na Câmara.
ENTENDA O CASO: A manhã do dia 03 de julho deste ano foi bastante tumultuada em Santarém, oeste do Pará. O motivo foi a história que revoltou toda a população, que viu perplexa o desenrolar do caso, aonde um médico é suspeito de promover uma rede de pedofilia no município, além de ter praticado estupro de vulnerável. De acordo com informações, o médico aliciou pelo menos duas mulheres para dar evasão aos seus pensamentos inescrupulosos. Entre elas, uma mãe que fez da própria filha, de apenas três meses de nascida, uma das vítimas do médico.
O esquema de pornografia infantil foi desmantelado, por policiais civis da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (DEACA), unidade vinculada ao Propaz de Santarém. As prisões são resultados da operação “Anjos da Guarda” realizada a partir de investigações policiais e provas dos crimes praticados pelos presos. O médico Álvaro Magalhães Cardoso, 36 anos, e Odete Friss Ebertz, 33, são acusados de estupro de vulnerável e de produzir, registrar e enviar fotos pornográficas de crianças.
Outra envolvida na operação foi Darliane Silva dos Santos, 26, que foi presa em flagrante pelo crime de oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente, previsto no artigo 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente. De acordo com a Polícia, na casa dela, foram apreendidos dispositivos eletrônicos nos quais constam imagens de crianças e adolescentes vítimas de crimes sexuais. “O material apreendido demonstra a materialidade do delito de estupro de vulnerável”, explicou a Delegada Adriene Pessoa.
As investigações demonstraram que ela praticava atos diversos de conjunção carnal com uma criança de três anos. Já Odete e Álvaro são apontados como responsáveis em praticar atos libidinosos diversos da conjunção carnal com uma criança de três meses, filha de Odete.
Em depoimentos, explica a delegada, as presas Darliane e Odete confessaram as práticas criminosas com as vítimas. “Além de gravarem, elas compartilharam e armazenaram imagens dos atos sexuais”, detalha a delegada. Segundo a policial civil, o médico Álvaro era quem incitava as mulheres a realizar os atos sexuais com as vítimas. Em depoimento, o médico manteve-se em silêncio e resguardou-se ao direito de se manifestar apenas na Justiça.
MÃE TERIA AMAMENTADO CRIANÇA, APÓS MÉDICO TER EJACULADO EM SEUS SEIOS: Detalhes sobre a investigação realizada pela Delegada Adriene Pessoa, revela uma verdadeira tragédia. Os detalhes da investigação foram apresentados pela Polícia.
“Uma mãe de uma criança de três meses de idade, mantinha um relacionamento antigo com o médico, inclusive eles chegaram a levar a criança para um motel da cidade, onde praticaram atos libidinosos, onde a mãe relata que após os dois manterem relação sexual, o médico ejaculou no rosto da criança e no seio da mãe, para que em seguida a criança mamasse”, disse a delegada.
Conforme exposto pela autoridade policial, os trabalhos investigativos iniciaram há um mês, e envolveu diversos policiais, conseguindo vasto material comprobatórios dos crimes praticados.
“Há cerca de um mês, nós recebemos a informação de que havia um médico em Santarém se relacionando com mulheres e ele pediria para essas mulheres agenciarem e levarem crianças para prática de atos libidinosos, crianças essas do sexo feminino e bem pequenas de forma que o interesse desse médico já se mostrava por um longo tempo, haja à vista de que ele já tinha relacionamento com essas mulheres, inclusive enquanto elas ainda estavam grávidas e uma das mulheres que ele usou, hoje, informou que em uma consulta no Pronto Socorro, ele identificou o número dela no prontuário e depois fez contato com ela, a partir daí eles começaram a se relacionar; com essa moça, ele pedia para que ela praticasse atos libidinosos com a criança de quase três anos, do sexo feminino, onde além da prática desses atos libidinosos ele pedia que enviasse para ele; e de contrapartida ela enviava essas fotos e vídeos, ele pedia para que ela estimulasse o órgão sexual da criança, o vídeo e as fotos são claras, onde ela aparece manipulando a genitália da criança e ele estimula, inclusive ele pede que da próxima vez, ela ensine a criança a colocar o dedo na genitália dela. A mulher tira várias fotos da região anal e genital da criança e envia para ele e ela continha esse material no celular e durante o depoimento ela disse, que fazia isso por que ela nutre um sentimento de amor por ele e em razão disso, ela fazia o que ele pedia. A outra mulher é a mãe de uma bebê de três meses de idade, que também já vinha de um relacionamento antigo com esse médico, inclusive eles chegaram a levar essa criança para um motel da cidade, nesse motel, eles praticaram atos libidinosos, diversos na condição carnal com essa criança, onde mantiveram relação sexual; ele ejaculou no rosto da criança e no seio da mulher para que a criança mamasse, em depoimento, a mulher disse que isso aconteceu uma única vez e que eles já tinham um relacionamento desde quando ela ainda estava grávida e que ela fez em razão dele ser médico, ela se sentia protegida”, relatou à imprensa a delegada Adriene Pessoa, em julho deste ano.
Na ocasião do cumprimento do mandado de busca e apreensão realizada na residência do médico, a policia se deparou com grande quantidade de imagens e vídeos de pornografia infantil.
“Durante apreensão na casa dele [médico], nós tínhamos tanto o mandado de busca e apreensão quanto o mandado de prisão, foi encontrado um vasto material de pornografia infantil, muitos vídeos, muitas fotos, onde ele de forma clara demonstra sentir prazer com crianças do sexo feminino. Nós ainda seguimos nas investigações, o que tudo indica é que ele talvez compartilhe esse material com outras pessoas, não necessariamente de Santarém, e nós seguimos com as investigações, inclusive para verificar a possibilidade de outras vítimas uma vez que nós já tínhamos conhecimento da vítima bebê e durante as investigações tomamos conhecimento que haveria uma outra criança. O médico comandava essa rede e existe uma relação entre os três, fica claro que ele estimula elas com vontade livre e consciente para que juntamente com ele cometam os atos libidinosos. As investigações mostram que ele já começava a se relacionar com elas ainda grávidas e as duas mulheres sendo que uma é mãe e a outra conhecia uma criança, sendo que essa segunda mulher, engravidou e nesse momento ele foi muito solidário com ela, ficou ao lado dela, porque ela perdeu a criança depois de sete dias e ele sempre muito presente, muito amigo, chegaram a essa outra criança. Então o que se verifica, que ele tem atração por crianças, ele já verifica isso desde a gestação daquela mulher, uma das mulheres é casada”, disse a autoridade policial.
Segundo a delegada titular da DEACA, não há dúvidas que o crime foi consumado, “a materialidade resta provada, tanto na conduta de compartilhar, uma vez que todos três compartilhavam uma conduta de armazenar material de conteúdo pornográfico, assim como resta provada a conduta de estupro de vulnerável pela prática do médico e das duas mulheres”.
CRM SE MANIFESTA: O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará, através de sua Assessoria de Comunicação, vem emitir nota.
Em relação à denúncia envolvendo o médico Álvaro Cardoso Magalhães, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará informa que, a denúncia foi recebida nesta Regional e, como todas as denúncias aqui protocoladas seguem os trâmites de acordo com o Código de Processo Ético Profissional (CPEP).
Atualmente, a mesma encontra-se tramitando dentro do prazo legal.
O CRM do Pará reitera que, os procedimentos relacionados às denúncias éticas nos Conselhos Regionais de Medicina são sigilosos, de acordo com o artigo 1º, do CPEP, garantindo ao profissional o direito à ampla defesa e ao contraditório.
A Nota é assinada por Rodrigo Monteiro (Assessor de Comunicação do CRM-PA).
NOTA DO EDITOR: Informamos que nossa reportagem esteve na Delegacia do CRM em Santarém, para saber informações sobre procedimentos do Conselho com relação à situação do médico Álvaro Cardoso, mas não obtivemos nenhuma resposta sobre o caso.
Fonte: RG 15/O Impacto