MILTON CORRÊA Ed. 1167
50% DOS TOMADORES DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS ATRASAM PRESTAÇÕES, INDICA PESQUISA DO SPC BRASIL E CNDL
Levantamento revela ainda que 58% dos consumidores não recorreram às compras a prazo ou ao empréstimo de recursos, enquanto 42% recorreram a pelo menos uma forma de crédito. Seis em cada dez consumidores pretendem cortar gastos
### Apesar de a economia nacional acenar com os primeiros sinais de retomada, os consumidores ainda enfrentam algumas dificuldades para obter crédito e pagar suas contas em dia.
### Entre os consumidores com empréstimos e financiamentos, 34% admitem que houve atrasos ao longo do contrato e 16% dizem estar, no momento, com parcelas pendentes de pagamento, o que totaliza 50% desses consumidores com dificuldades para honrar os compromissos.
### É o que revela o Indicador de Uso do Crédito de agosto apurado pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
### A sondagem mostra ainda que 14% dos entrevistados contraiu algum empréstimo e possui atualmente parcelas a pagar, enquanto 18% têm parcelas de financiamentos pendentes.
### A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, alerta para o perigo de endividamento. “A inadimplência atinge hoje cerca de 59 milhões de consumidores no Brasil, o que representa quase 40% da população adulta. O contexto de crise econômica, com desemprego elevado e redução da renda das famílias, agrava ainda mais o cenário. Diante dessa realidade, é importante que o consumidor se planeje financeiramente, evitando assumir compromissos com os quais não terá condições financeiras de arcar no futuro”, diz a economista.
### A avaliação do grau de dificuldade para conseguir aprovação em empréstimos e financiamentos mostrou que 44% dos consumidores dizem considerar difícil ou muito difícil a contratação do serviço, enquanto para 18% não é nem fácil nem difícil, e para 15%, fácil ou muito fácil.
### Nas lojas, considerando apenas aqueles que tentaram fazer alguma compra parcelada, 63% tiveram o crédito negado, sendo o motivo principal a inadimplência (24%), seguida da renda insuficiente (11%).
### Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o cenário de recessão acaba intensificando os cuidados das instituições financeiras no momento de conceder crédito, o que dificulta seu acesso pelo consumidor. “Com a retomada gradual da economia, a situação deve se reverter. Dados recentes do Banco Central ilustram esse cenário e mostram uma pequena alta nas concessões de crédito direcionado a pessoas físicas”, avalia Pinheiro.
CARTÃO DE CRÉDITO AINDA É MODALIDADE MAIS UTILIZADA POR 35% DOS CONSUMIDORES
### De acordo com a sondagem, em agosto, 58% dos consumidores não recorreram às compras à prazo ou ao empréstimo de recursos, ante 42% que recorreram a pelo menos uma forma de crédito.
### Como nos meses anteriores, o cartão de crédito foi a modalidade mais utilizada, mencionada por 35% dos consumidores. Aparecem em seguida o cartão de loja/crediário, citado por 13%, o limite do cheque especial (6%), os empréstimos (4%) e, por fim, os financiamentos (3%).O Indicador de Uso do Crédito registrou 27,2 pontos.
### O resultado ficou muito próximo da média dos meses anteriores. Quanto mais próximo de 100, maior o número de usuários e de frequência do uso das modalidades.
VALOR DA FATURA AUMENTOU PARA QUASE 40% DOS USUÁRIOS DE CARTÃO
### Entre os usuários do cartão, 39% notaram aumento do valor de sua fatura, ao passo que 26% notaram redução e 31% disseram que o valor permaneceu o mesmo. Ainda de acordo com a sondagem, o valor médio das faturas em agosto foi de R$ 630,59.
### Quanto aos produtos e serviços mais comprados com o cartão, itens de primeira necessidade encabeçam a lista das compras: 59% mencionam alimentos em supermercado, seguidos dos itens de farmácia e remédios, citados por 53%, roupas e calçados (32%), combustíveis (32%), roupas, calçados e assessórios (32%) e bares e restaurantes (28%).
SEIS EM CADA DEZ CONSUMIDORES PRETENDEM CORTAR GASTOS
### O Indicador de Propensão ao Consumo busca medir se o intento dos consumidores é aumentar, diminuir ou manter os seus gastos no mês posterior à pesquisa.
### Projetando o orçamento para o mês seguinte à coleta dos dados, ou seja, o mês de outubro, a maior parte dos consumidores (59%) pretende cortar gastos, 32% pretende manter o mesmo o nível de gasto e apenas 5% pretendem aumentar o nível de gastos.
### Os efeitos da crise se destacam entre as justificativas para os que irão diminuir o consumo: 23% mencionam os altos preços, 17% o desemprego e 8% a redução da renda. Além desses, 11% citam o endividamento e a situação financeira difícil e 9% citam a intenção de fazer reserva financeira. O fato de estar sempre tentando economizar foi mencionado por 22% dos entrevistados.
### Desconsiderando-se os itens de supermercado, na lista dos produtos que os consumidores pretendem comprar no mês de outubro, os remédios lideraram (23%), seguido pelas roupas, calçados e acessórios (20%).
### Em seguida, aparecem as recargas para telefone celular (17%), perfumes e cosméticos (11%), materiais de construção (7%), eletrodomésticos (7%), salão de beleza (6%), artigos de cama, mesa e banho (6%).
### Bens de maior valor aparecem só ao final da lista, com os smartphone sendo citados por 5%, os carros citados por 3% e casa própria citada por 3%. Destacam-se ainda 25% que não pretendem comprar nenhum dos itens elencados.
### Refletindo sobre o estado de suas finanças em setembro, a maior parte dos consumidores (43%) disse estar no zero a zero, isto é, sem sobra nem falta de recursos.
### Não é baixo, a propósito, o percentual de consumidores que dizem estar no vermelho, isto é, sem conseguir pagar todas as contas – o percentual chegou a 36%. Apenas 15% disseram estar no azul, sendo que 4% pretendem gastar sua sobra de recursos e 11% pretendem poupar.
### “Esses números mostram o impacto da crise e, em muitos casos, da negligência com as próprias finanças, nos orçamentos familiares. E, como não poderia ser diferente, acabam por impactar o consumo, seja pela decisão do próprio consumidor de adia-lo, seja pela restrição do crédito”, ressalta Marcela Kawauti.
FEIRA REUNIRÁ PRODUTORES DE SEMENTES TRADICIONAIS DA REGIÃO OESTE
Agência Pará de Noticias
### A Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), por meio de suas regionais no oeste do Pará, promovem nos dias 20 e 21 de outubro, no município de Santarém, a 2ª Feira da Agrobiodiversidade e Segurança Alimentar do Oeste do Pará.
### De acordo com os organizadores, o objetivo principal do evento é promover o intercâmbio entre agricultores familiares e formar um banco de sementes denominadas crioulas, além de valorizar a agricultura familiar da região e mostrar à população os produtos e a importância dessa cadeia.
### As crioulas são sementes tradicionais, não modificadas geneticamente, ou seja, são cultivadas, mantidas e selecionadas por gerações de agricultores familiares.
### Elas formam a base alimentar de muitas comunidades rurais e servem, também, à população das cidades. Guardam importantes informações genéticas, não somente para as comunidades que as conservam, mas para a toda cadeia produtiva.
### De acordo com o engenheiro agrônomo da Sedap/Regional de Santarém, Sérgio Campos, o tema desta 2ª Feira relaciona-se com o lema proposto pela Campanha da Fraternidade deste ano – Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida; Cultivar e guardar a criação.
### “A igreja católica é nossa parceira no evento, por conta do lema trabalhado na campanha da CNBB deste ano, que têm tudo a ver com nossa Feira.
### Precisamos fortalecer esse tema, principalmente em relação ao desenvolvimento da agricultura familiar e da segurança alimentar da nossa região para que possamos fazer esse intercâmbio de sementes e garantir que outras gerações tenham acesso a elas”, explicou.
BANCO DE SEMENTES
### Para assegurar o desenvolvimento de um maior número de espécies disponíveis, o escritório regional da Emater iniciou trabalho de catalogação das crioulas, por meio de um banco de sementes.
### A identificação é feita por meio de informações repassadas pelos próprios produtores em trabalhos que os extensionistas vêm realizando. Inicialmente, o banco de sementes vem sendo formado com o apoio de comunidades rurais da região metropolitana de Santarém, que integra à sede os municípios de Belterra e Mojuí dos Campos, totalizando mais de 50 “guardiões de sementes”, atualmente.
### “Foi pensando em preservar essas espécies que decidimos promover uma feira de troca de sementes, realizada no ano passado, onde nós cadastramos 45 produtores que se dispuseram a ser o que chamamos de ‘guardiões de sementes’.
### Eles guardam as sementes nativas de um ano para outro, fortalecendo um hábito que vinha se perdendo com o passar das gerações”, informou Idivaldo Gamboa, extensionista rural da Emater, responsável pela catalogação dos produtores e formação do banco de sementes.