Peninha: “Agência Nacional de Transportes menospreza região do Tapajós”
Vereador Peninha critica audiências para debater construção da Ferrogrão
“Fiquei revoltado e quero aqui manifestar meu repúdio contra a ANTT-Agência Nacional de Transportes Terrestres, e comungar com a posição do deputado federal José Priante que também protestou sobre audiências públicas marcadas para discutir o Projeto da Ferrogrão nas cidades de Cuiabá, Mato Grosso e em Brasília-Distrito Federal”. A manifestação é do vereador Peninha, que na manhã de terça-feira (31), usando a tribuna da Câmara em Itaituba, criticou a ANTT, classificando como falta de respeito com o povo da região do Tapajós em realizar audiências públicas para debater a construção da ferrovia em locais que nada tem a ver com a estrada. “É uma vergonha as audiências públicas serem marcadas para debater um projeto que vai mexer com a região, em cidades distantes do projeto e não ser realizada em nossa região, onde será construída esta ferrovia”, criticou várias vezes o Edil.
“Mais uma vez o Governo Federal ignora nossa região, não debatendo este assunto com a gente. Esta ferrovia, segundo seu projeto, começa na cidade de Sinop, no Mato Grosso e vai passar pelos municípios de Novo Progresso, Trairão, até os portos em Miritituba, no município de Itaituba. Esta estrada de ferro vai mudar nossa região, por isso temos de ser ouvidos. Temos de saber para quem será esta ferrovia, de que forma vai funcionar e quais as vantagens para nossa região”, frisou o parlamentar.
“Brasília e Cuiabá não serão afetadas por esta ferrovia, por que realizar debate nestas capitais?”, indagou Peninha. “Agora, se propalada que também vão realizar audiência em Belém. Estão brincando com a nossa cara. Belém também não será afetada com esta estrada de ferro, por que fazer audiência lá? Nossa região, Novo Progresso, Trairão e Itaituba, sim, serão afetadas e muito”, disse Peninha.
“É hora de reunirmos forças e DIZERMOS NÃO À FERROGRÃO. Ou então, que a construção desta ferrovia seja discutida com a gente. Lembro, que quando se propalou a construção desta ferrovia, me manifestei contra. Sou contra por vários motivos, entre eles o desemprego e a redução de arrecadação na região. Com a ferrovia, as milhares de carretas deixarão de circular, com isso as centenas de postos de combustíveis vão sofrer. Os restaurantes, as borracharias, lanchonetes, mecânicas estarão ameaçadas de fechar ou de demitirem seus empregados. Por estes e outros motivos, temos que sermos ouvidos sobre este projeto da construção da Ferrogrão”, disse Peninha.
“Fica aqui meu REPÚDIO contra a ANTT-Agência Nacional de Transportes Terrestres e que seja encaminhado ofício à ANTT no sentido de priorizar as audiências para serem realizadas nos municípios que serão atingidos diretamente pela construção da Ferrogrão, como Novo Progresso, Trairão e Itaituba. Ao mesmo tempo, que seja encaminhada cópia desta denúncia à bancada de deputados e senadores do Pará, no sentido de cobrarem da ANTT que as audiências sejam realizadas em Novo Progresso, Trairão e Itaituba, no Estado do Pará”, finalizou Peninha.
EMPRESA INGLESA REQUER MAIS DE 1,5 MILHÃO DE HECTARES NO TAPAJÓS: Conforme o mapa mineral do DNPM, a empresa inglesa Anglo Níquel requereu 173 áreas para pesquisa de cobre nos municípios de Itaituba, Jacareacanga, Trairão e Novo Progresso, um montante de aproximadamente 1.700.000 hectares, ou seja 17.000 km2. A denúncia é do vereador Peninha, que está preocupado com esta situação, pois grande parte dos requerimentos se sobrepõe em áreas já requeridas ou que tem gente trabalhando. Os requerimentos custaram à empresa Anglo Níquel em torno de R$ 250.000,00, entre montagem dos processos e taxas do DNPM, já que cada processo junto ao DNPM custa em torno de R$ 1.000,00.
O Vereador acredita que quando da análise por parte dos técnicos do DNPM de cada requerimento, a maioria será indeferido, pois estão sobre áreas já que requeridas, ou seja, haverá interferência de áreas. Mas, o que vem chamando atenção do Vereador, é que os 173 requerimentos que deram entrada no DNPM são para pesquisa de cobre, todavia, estas áreas são ricas em ouro e cassiterita. “Tanto é, que tem gente trabalhando há anos extraindo ouro e cassiterita”, ressaltou Peninha.
“O que espero, é que esta empresa recolha o ISS sobre estes alvarás de pesquisas, pois hoje temos centenas de alvarás de pesquisas, que já foram realizadas e até agora não foi recolhido aos cofres públicos municipal o ISS-Imposto Sobre Serviço da pesquisa. Também espero que o DNPM analise com carinho estes processos, pois chamo atenção para áreas que já existem requerimentos, assim como também garimpeiros trabalhando”, finalizou o Vereador.
FIQUE POR DENTRO: No dia 1º de julho deste ano, começou a operar o Fundo de Cooperação Brasil-China, que tem a Ferrogrão – ferrovia que liga Sinop (MT) a Miritituba (PA) – entre os projetos prioritários no setor de infraestrutura no Brasil. Para estruturar o projeto da Ferrogrão, a Estação da Luz Participações (EDLP) se juntou às maiores tradings de agronegócio com atuação no Brasil, entre elas a ADM, Amaggi, Bunge, Cargill e LDC. A comissão criada pelo fundo vai avaliar projetos de investimento voltados para a ampliação da capacidade produtiva do País em áreas de interesse do Brasil, e também do mercado chinês.
Para representantes do setor produtivo brasileiro, a construção da Ferrogrão, além de ser um importante meio de escoamento da produção brasileira de grãos e outros produtos para exportação, se torna um projeto indutor de novos investimentos no Pará. Com investimentos em estações de transbordo de cargas, Mirituba conta hoje com capacidade de 16 milhões de toneladas. O mesmo ocorre em Santarém, com 5 milhões de toneladas; e Vila do Conde , com 15 milhões de toneladas.
Segundo o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, o Fundo bilateral é resultado de várias rodadas de negociação entre os dois países sobre a forma de gestão dos recursos. Para a China, que investiu US$ 40 bilhões no Brasil nos últimos anos, essa é uma parceria estratégica. O interesse do mercado chinês pela Ferrogrão se traduz em números ligados ao consumo de produtos agropecuários brasileiros, sobretudo, a soja.
O potencial do Arco Norte como corredor de exportações, sobretudo, via portos do Estado do Pará, já faz parte da equação de negócios de produtores e exportadores da região Centro-Oeste: até 2010, as exportações por essa rota não passavam de 6 milhões de toneladas/ano; saltaram para 16 milhões de toneladas em 2015; e poderão superar 25 milhões de toneladas em 2017, segundo estudos da Fundação Dom Cabral (FDC). As estimativas para este ano, no entanto, consideram melhorias na BR-163, que liga Mato Grosso ao Pará, além de outros trechos em outras rodovias da região Norte.
Fonte: RG 15/O Impacto