Documentário sobre identidade de quilombolas do Baixo Amazonas será exibido na comunidade do Pacoval, em Alenquer
Integrantes do Marambiré apresentam-se em Alenquer. .
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História
O Marambiré ocorre principalmente em homenagem a São Benedito, um santo católico venerado em Portugal desde o século 16 e que, ao ser trazido ao Brasil pelos padres portugueses, por ser ex-escravo, foi prontamente adotado pelos escravos, tornando-se um santo negro de grande devoção. A festa maior inicia em 14 de dezembro, dia de Santa Luzia, e termina em 20 de janeiro, dia de São Sebastião. O ponto alto dos festejos ocorre no dia 6 de janeiro, dia de São Benedito.
Além do forte aspecto religioso, o Marambiré tornou-se um símbolo da resistência étnica, não somente da comunidade do Pacoval, mas de diversas outras localizadas no baixo Amazonas. Nas letras das músicas, as referências à África, ao sofrimento e ao passado escravista são fortes, marcando o pertencimento étnico e a identidade afrodescendente.
Ele se desenvolve de maneira ritualística e teatral, seguindo passos que determinam diferentes formações – como fileiras ou rodas –, músicas e cantos e atuações dos personagens envolvidos. Um dos ritmos que embala o momento é o Lundum, muito parecido com o Carimbó e o Marabaixo. Os personagens são o Rei do Congo, a Rainha do Congo, as rainhas auxiliares, os cabeçários, o caixeiro, o contra-mestre e os valsares. A presença de uma “corte” é muito comum em diversas manifestações culturais de origem africana.
Os dançarinos vestem trajes brancos e coloridos, coroas e capacetes feitos de fitas e papéis de seda e crepom coloridos, que substituem as penas de pássaros usadas no passado. O ritmo da dança é dado pela caixa e pelos pandeiros. Como retrata o documentário, as letras das músicas são bastante antigas e, segundo a comunidade, não são mudadas desde que foram criadas. Cada parte do ritual tem seus cantos específicos. Ao mesmo tempo em que as músicas evocam São Benedito, rendem tributo à nobreza – ao Rei e à Rainha do Congo – e seus vassalos, atualmente chamados de valsares.
André dos Santos
O diretor do documentário é quilombola, nascido na comunidade Boa Vista, no alto rio Trombetas, no Pará, a primeira comunidade de remanescentes de quilombos a receber o título coletivo e definitivo de suas terras, em 1995. Há cinco anos, vem se dedicando a produzir documentários sobre a vida e a cultura de comunidades afrodescendentes na Amazônia, como forma de divulgar e preservar esses saberes, sabendo da importância que o audiovisual tem para esse feito.
Sobre o Rumos Itaú Cultural
O Itaú Cultural mantém o programa Rumos desde 1997. Este que é um dos primeiros editais públicos do Brasil para a produção e a difusão de trabalhos de artistas, produtores e pesquisadores brasileiros, já ultrapassou os 52 mil projetos inscritos vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,3 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 6 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados. Nesta edição de 2017-2018, os projetos inscritos serão examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país.
Em seguida, passarão por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 22 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição.
Fonte: RG 15/O Impacto e Assessoria de imprensa/Sorella Conteúdo