Realidade, pragmatismo e independência
Artigo de Thaina Lopes Torres da Silva
Na última quinta-feira (23), foi realizada na vila da Ressaca (PA), uma reunião para discutir o empreendimento do Projeto Volta Grande da empresa Belo Sun. Na oportunidade. houve protestos da população a favor do mesmo.
O chamado Projeto Volta Grande (PVG), da canadense Belo Sun, tem sua origem nas pesquisas da Verena Mineração, por volta de 1976, com outra mineradora que não mais existe; pesquisas essas que foram abandonadas por mais de 40 anos, assim como o desenvolvimento do povo da região, a não ser por alguns poucos que enriqueceram na ilegalidade, explorando a massa pobre e abandonada.
O povo da Volta Grande do Xingu (VGX) continua pobre, vivendo da pequena agricultura – incapaz de concorrer a preços competitivos. As riquezas geradas através das atividades ilegais da extração de madeira e do garimpo beneficiaram poucos – afinal o crime não recolhe imposto. E sem imposto não há saneamento, saúde, segurança e educação. Muito de nossos municípios dependem quase que exclusivamente dos fundos participativos pagos por Belém e/ou Brasília. O IBGE publicou em 2014 que a região está entre as mais carentes do Brasil.
Por tudo isso a população decidiu apoiar o projeto, indo de encontro as idéias trabalhadas por algumas ONGs que defendem que a empresa trará malefícios ao meio ambiente e consequentemente a este mesmo povo, mas que ao que parece não vem ganhando muitos adeptos, já que quase a totalidade das pessoas atingidas pelo PVG só vêem benefícios e esperança de desenvolvimento.
A Belo Sun vem com uma proposta de mudar esta realidade. Dizem ter um projeto inovador, integrado ao meio social e que desenvolva a economia regional. E depois de um início que veio com a desconfiança, verificou-se através de debates e leituras que não se tratava de apenas promessas.
Tal convicção surgiu dos deveres que implicam sua licença, a empresa terá que cumprir sob risco de vir a ser penalizada, suspensa – caso não cumpra
com as regras ou persista no erro – culminando até no encerramento de suas atividades.
A Belo Sun, afirma ainda que não tem pretensão de ser a melhor empresa do mundo, mas está nos ideais de seus executivos, o bem de todos os atingidos pelo seu projeto. Que apesar das inegáveis comparações com a hidroelétrica Belo Monte, o projeto de energia apenas serviu para aprender a não cometer alguns erros que aconteceram. E estão no contrato, cláusulas socioambientais – as condicionantes da licença da Belo Sun – que impõe uma conduta a ser observada pela empresa, sob pena de vir a perder os bilhões em investimentos.
Cumprindo tudo o que está na licença dará uma enorme oportunidade ao povo da VGX em sair desta situação de abandono, e é exatamente isso que fez com as pessoas saíssem de suas casas para demonstram apoio ao PVG.
“As ONGs dizem para sermos contra o projeto Volta Grande, não nos oferecem qualquer contrapartida! Viver do rio e da floresta é bom, mas remédio custa caro, educação de qualidade também, segurança nem se fala. A Belo Sun é a opção para nossa redenção. Queremos decidir livremente sobre o que queremos para o nosso futuro. Isso é independência”, disse Elias, resumindo o pensamento das pessoas reunidas naquele dia.