Os acidentes de trânsito geram ao Pará um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões por ano. Segundo levantamento realizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), o Estado desponta como um dos que mais gastam em acidentes, considerando desde o resgate, tratamento médico-hospitalar, custo previdenciário, recuperação dos sequelados até os danos ao patrimônio. Apenas em 2015, o custo total com esses acidentes no Estado foi de R$ 2.123.745.287,15 – o 10º maior valor absoluto dentre todas as Unidades da Federação. O estudo ainda calculou o custo para cada cidadão paraense desses acidentes: R$ 258,77. O valor per capita é superior ao custo nacional, que representou um prejuízo individual de R$ 255,69.
Esse custo significa o quanto cada habitante desembolsou durante todo o ano, uma vez que os gastos com os acidentes de trânsito são pagos por meio de impostos, recurso que deixou de ser investido em saúde, educação, saneamento básico, por causa de acidentes de trânsito que poderiam ser evitados.
O montante gasto no Pará é o suficiente para construir 13 hospitais equivalentes ao Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), o maior hospital público da Região Metropolitana de Belém, com 250 leitos. Esse mesmo recurso também poderia ser utilizado para a compra de 26 mil ambulâncias, 690 unidades básicas de saúde e para a implantação de 265 escolas técnicas equivalentes à de Santarém, um investimento de R$ 8 milhões e que atende a 1.400 alunos.
O prejuízo aos cofres públicos do Pará com os acidentes de trânsito disparam ano a ano. De acordo com o levantamento, em 2009, o custo total com esses acidentes foi de R$ 995,3 milhões; em 2010, foi para R$ 1,37 bilhão; em 2011, subiu para R$ 1,46 bilhão; em 2012, saltou para R$ 1,75 bilhão, em 2013, para R$ 1,89 bilhão; e no seguinte, alcançou a marca de R$ 2,04 bilhões. Entre 2014 e 2015, a pesquisa registra um acréscimo nos custos com acidente de trânsito de quase R$ 79 milhões, o que corresponde a uma alta de 4%. O movimento é contrário ao nacional, que no mesmo período registrou uma queda de 7%, reduzindo os gastos de R$ 56,02 bilhões para R$ 52,28 bilhões.
O levantamento da ONSV mostra que em 2015, quando foi registrado o recorde de gastos com acidentes de trânsito no Pará, foram registradas 1.060 vítimas fatais pelas vias do Estado, o que representa uma morte a cada 8 horas. Desse total, 505 (47,64%) estavam envolvidas em acidentes com motocicletas, 405 (38,21%) eram pedestres, 108 (10,19%) estavam em automóveis, 23 (2,17%) em caminhões e ônibus e 19 (1,79%) eram ciclistas. “É praticamente uma pessoa sequelada por minuto. Três mortes Por dia. Além disso, 80% dos hospitais estão ocupados com lesionados em acidentes de transito”, avalia o diretor-presidente da ONSV, José Aurélio Ramalho, que ressalta que os números mostram a necessidade de mais investimentos em políticas públicas para evitar acidentes. “É a questão da educação. Então, nós temos que focar na formação do condutor e na educação de trânsito nas escolas.”