Especialista Sergio Castro fala sobre as possibilidades para melhoria do serviços
Especialista Sergio Castro fala sobre as possibilidades para melhoria do serviços
Quando falamos em barreiras para que o município de Santarém tenha um desenvolvimento pleno, alguns desafios postos há décadas ainda são gargalos. Inumeramos além do excesso de burocrácia, a falta de infraestrutura das rodovias, a energia e claro, os péssimos serviços de internet.
O rede mundial de computadores tornou-se algo que está mais presente em nossas vidas, os santarenos não estão fora desse contexto. Youtube, Facebook, Blogs, Whatsapp, enfim, uma infinidade de informações chegando todos os dias nos lares santarenos. Porém, existem algumas dúvida e uma grande necessidade de respostas em relação à precariedade da nossa internet. Antes, nossa internet era muito defasada, quase não se conseguia abrir vídeos nos computadores e celulares, mas hoje é nitido e notório que as coisas melhoraram. Porém, se compararmos a internet do nosso Município e as cidades do Oeste do Pará com outros polos, iremos notar uma diferença discrepante. Por conta disso, entrevistamos o professor Sérgio Castro, que é coordenador dos curso de Tecnologia da Informação e Redes de Computadores da UNAMA, nos fala sobre essa problemática.
Jornal O Impacto – Uma das principais dúvidas da população é por que nossa internet, mesmo no contexto atual, sendo comparada a outros polos, é tão fraca?
Sérgio Castro: Nós temos uma situação que foi muito bem colocada. Hoje nós temos uma grande gama de serviços ofertados pela internet que não se tinha há um tempo atrás. Por exemplo, vídeos na internet, onde pessoas estão assistindo filmes hoje através da internet, ouvindo músicas na internet, algumas empresas estão transferindo seus serviços para a internet, bem como os bancos. Porém, a internet não avançou como se esperava. Primeiro que, de uma maneira em geral, a internet ainda é muito requisitada, cobrada por serviços que estão se colocando para os usuários, e ela não acompanha. Em nosso caso, em especial, nós temos problemas que ainda pioram, como por exemplo, para que a internet chegue aqui, é somente por um meio de transmissão, que é o Linhão do Tramoeste. Então, se no meio do caminho houver algum problema, nós vamos ser prejudicados. Nas cidade cuja internet vai passando pelo caminho, se houver interrupção de energia por exemplo, a internet paralisa.
Jornal O Impacto – Por que nossa internet é tão cara em relação a outras regiões do país?
Sergio Castro: Pelo valor que nós pagamos em Santarém apenas pela internet, em Belém, por exemplo, você recebe internet, tv por assinatura e telefone.Realmente é um custo elevado para o consumidor. Isso porque, primeiro, a utilização deste meio de transmissão é cobrado, então, para que um provedor aqui da cidade adquira internet, ele tem de pagar para trazer ela até aqui, passando por esse caminho que existe. Outro aspecto, é que alguns provedores maiores aqui na cidade, com maior poder aquisitivo, vamos dizer assim; têm condição de comprar uma quantidade maior de internet, e acabam vendendo para provedores menores, então o que acontece, se esse provedor maior tiver problema, três ou quatro provedores também terão problemas. Se nós visitarmos Belém, ou outro grande centro urbano, observamos que os cabos de fibra optica, e outro tipos de cabos, passam por canais próprios, geralmente no subsolo da calçada. E aqui infelizmente a gente não tem essa estrutura e o único caminho que a nossa fibra corre para chegar até a nossa residência ou comércio, é por meio do postes de energia. Então, aqui e ali um medidor de energia pega fogo, que é uma coisa bem comum aqui para nós, a fibra que percorre aquele caminho fatalmente será atingida, e o serviço interrompido.
Jornal o Impacto – Tem a possibilidade da nossa internet ficar mais barata? Qual seria a solução para ficar mais em conta e ao mesmo tempo mais veloz?
Sergio Castro: Uma das soluções, para que não haja mais problema de interrupção, é você criar redundância, ou seja, a internet chegaria aqui na cidade através de outros canais, diferente do Tramoeste que nós temos hoje. Talvez desta forma, teríamos também uma concorrência entre esses meios, e quem cobrasse mais barato para chegar com internet até aqui, levaria vantagem e nós consumidores com certeza também seríamos agraciados pela redução dos preços. Ressalte-se que outra questão é em relação ao Poder Público. Acredito que se houvesse uma mobilização maior, tanto de políticos da cidade, como de representantes do setor produtivo, se a cobrança fosse maior, haveria sim a possilidade de se colocar links ou canais em oferta para que supra essa necessidade.
Jornal O Impacto – A procura pelos cursos de tecnologia tem sido intensa?
Sergio Castro: Nós temos uma oferta de serviços e uma necessidade muito grande na área. Principalmente por conta da quantidade de provedores de internet que estão se instalando e de empresas que vêm de fora para cá. Ainda temos uma procura tímida quando falamos dessas duas linhas trabalho aqui na cidade, tanto em rede de computadores, como de sistemas de tecnologia da informação. A cada dia que passa nós temos um demanda maior pelo uso da internet, não é mais luxo, é uma necessidade imensa. Um exemplo são os serviços bancários, que priorizam o atendimento online. Temos as TV’s e cursos diversos, e até mesmo de pós-graduação. É uma realiade que não tem volta, as pessoas hoje vivem com serviços ofertados na internet, infelizmente, em contrapartida, temos um tímida procura quando se fala de cursos de tecnologia. Precisamos de profissionais da área, precisamos de um suporte muito grande por parte destes profissionais. Se comerçamos a mudar essa realidade, eu acredito que as coisas irão começar a mudar.
USO DA INTERNET: De acordo com o documento “Economia da Informação 2017: Digitalização, Comércio e Desenvolvimento” da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, o Brasil tinha 120 milhões de usuários de Internet em 2015, atrás dos EUA, com 242 milhões, da Índia, com 333 milhões, e da China, com 705 milhões. Por aqui, os preços da banda larga fixa podem ser três vezes maiores que nos países desenvolvidos, enquanto o preço da banda larga móvel pode ser duas vezes maior, segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT). Nos últimos anos, o crescimento das assinaturas de banda larga fixa foi menor que o da banda larga móvel em todas as regiões.
ANATEL QUER INVESTIMENTO PRIVADO – O vice-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Igor de Freitas, ao participar do debate “Políticas públicas para um setor estruturante”, promovido durante o Painel Telebrasil 2017, em Brasília (DF), destacou as dificuldades regionais do país para a ampliação da banda larga. “Minha visão é mais liberal: as empresas precisam de flexibilidade para fazer suas escolhas, porque escolhas erradas podem fazer as empresas até saírem do mercado”, afirmou.
Segundo Igor de Freitas, existe uma escassez de recursos públicos, por isso considera ser “impossível uma política do filé sem osso, e o osso é grande mesmo, essa exigência é importante sim”. Ou seja, as empresas que querem atuar em locais atrativos, com grande potencial de lucro devem também atender às áreas mais distantes, remotas, de menor interesse que acabam oferecendo maior risco, por meio dos compromissos de abrangência exigidos nos editais de licitação da Anatel.
Para ele, são necessários investimentos privados. E completou: “não há como trabalhar com uma política rentável e deixar de lado uma que precisa ser desenvolvida ainda”.
Por: Edmundo Baía Junior
Fonte: RG 15/O Impacto