Ex procuradora da Prefeitura de Tucuruí é acusada por 10 crimes
O Ministério Público do Estado, por meio da 2ª promotora de Justiça de Tucuruí, Amanda Luciana Sales Lobato, divulgou na quarta-feira (17), ter oferecido denúncia contra a advogada Gláucia Rodrigues Brasil Oliveira – ex procuradora-geral da cidade – e outras três pessoas por envolvimento em vários crimes.
Em dezembro passado, o CORREIO DE CARAJÁS divulgou a prisão dela, realizada pela Polícia Civil, junto de três policiais militares. Eles foram apontados por envolvimento em um esquema de recebimento de propina de fazendeiros para realizarem reintegrações de posse de forma ilegal, nos municípios de Pacajá e Tucuruí.
Dentre os presos, estava também o marido de Gláucia, comandante do Batalhão de Polícia Militar de Tucuruí, major Leonardo do Carmo Oliveira. Conforme as investigações, ele prestava serviço de segurança particular para o prefeito atualmente afastado, Arthur Brito, e ambos utilizavam documentos falsificados para realização de reintegrações de posse ilegais em fazendas ocupadas por movimentos de trabalhadores rurais.
Dentre as documentações falsificadas, eles apresentavam, de acordo com as investigações, mandados judiciais, boletins de ocorrência e documentos de títulos de terra. A advogada, conforme o Ministério Público do Estado do Pará, irá responder pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, falsa comunicação de crime, apropriação indébita, receptação, falsidade ideológica, dano, peculato, coação no curso do processo e constituição de milícia privada, este como coautora.
Os demais denunciados neste processo são o funcionário público Eduardo da Silva Seoane, por receptação e constituição de milícia privada, o eletricista José Nilson Teixeira e o pecuarista Carlos D’Ávila Bitencourt, ambos por receptação. A promotoria divulgou ter sido descoberto que um pecuarista possuía uma fazenda há 22 anos e havia sofrido três invasões em cinco anos, sendo a última em fevereiro do ano passado.
Carlos D’Ávila, um dos acusados, seria o administrador da propriedade e teria entrado em contato com o proprietário informando que o major Leonardo Oliveira, marido da advogada, poderia expulsar os invasores, acrescentando que a esposa deste, a advogada Gláucia Rodrigues, trataria das questões jurídicas, mas declarou que tudo seria feito de forma legal.
Eles acertaram, ainda, o valor de R$ 70 mil que seria pago ao casal pelo serviço. Em vez de ser movida ação judicial, no entanto, o major teria reunido alguns policiais militares e viaturas e ido até a fazenda para expulsar os invasores. O grupo é acusado de ter chegado ao local atirando e destruindo barracos. Além disso, durante as investigações, a Polícia Civil também apurou que Gláucia utilizava um veículo roubado e com documentação adulterada.
Ainda segundo o Ministério Público, a advogada recebeu o pagamento em duas parcelas, mas como os invasores retornaram ao local, o casal novamente esquematizou a retirada dos ocupantes, desta vez sem viaturas em decorrência de uma denúncia já feita à Corregedoria da PM por conta da ação anterior. Os dois chegaram a ser filmados e fotografados no local, acompanhados de viaturas e policiais fardados.
Enquanto Gláucia e as três pessoas acusadas serão processadas pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará, o caso do major e dos demais policiais militares presos ficará à cargo da Procuradoria de Justiça Militar e da Justiça Militar, em decorrência da condição de militares.
Gláucia Brasil esteve presente diversas vezes na mídia no último ano e não apenas por envolvimento nos crimes pelos quais está sendo agora acusada. Ela era a procuradora-geral do município quando foram iniciadas as operações policiais em decorrência das investigações do assassinato do prefeito da cidade, Jones William Galvão, ocorrido em julho de 2017. A ação culminou na prisão da mãe do vice dele, que estava à frente da prefeitura. Josy Brito foi presa em outubro, suspeita de ser a mandante do assassinato.
Gláucia foi à público várias vezes defender Arthur Brito que, posteriormente, acabou afastado por improbidade administrativa. O Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor/PA) chegou a emitir nota de repúdio lamentando o que considerou “atitude autoritária da atual Procuradora da Prefeitura Municipal de Tucuruí”. Conforme a entidade, a então servidora tentou impedir e dificultar o exercício de função de uma equipe de jornalismo durante cobertura da operação da Polícia Civil.
Fonte: Correio de Carajás