Chineses decidem investir em siderúrgica e porto no Maranhão
A gigante siderúrgica CBSteel esteve com o governador Flávio Dino (PC do B), na segunda-feira (19), para assinar o documento de doação do terreno onde será construída a cidade inteligente da empresa, que deve gerar nada menos que 10 mil postos de trabalho no Estado.
As negociações dos chineses com os maranhenses começaram em 2015. Agora, o projeto siderúrgico entrou, segundo o presidente da corporação, na fase final de preparativos. Já na construção, prevista para iniciar no segundo semestre de 2018, milhares de postos de trabalho serão gerados.
A cidade inteligente da gigante do setor, CBSteel, será levantada no município de Bacabeira, com capacidade de produzir 8 milhões de toneladas de aço ao ano. As expectativas do Governo maranhense e dos investidores é de que, com a instalação do empreendimento, uma cadeia de outros negócios industriais também se desenvolva na região.
Outro grupo chinês tem investido forte no Estado vizinho. Com obras iniciadas na última semana, o Porto São Luís ocupará uma área de 200 hectares, que agrega ao Complexo Portuário do Estado seis berços, ponte de acesso, acesso rodoferroviário e ferroviário e praticamente dobra a atual capacidade de movimentação de cargas do Porto Itaqui.
O investimento privado, que vai gerar 5 mil empregos diretos, é da ordem de R$ 1,7 bilhão e tem participação majoritária da gigante chinesa da área de infraestrutura e construção Communications Construction Company (CCCC) an América.
REAÇÃO
Em nota publicada nas redes sociais, assinada pelo presidente do Partido Verde (PV) no Pará, José Carlos Lima afirma que seu partido não aceita que o destino do Estado seja a eterna pobreza e criticou o Governo do Estado por não conseguir atrair as parcerias necessárias para alavancar a economia local.
“Não culpamos o Governo do Maranhão, mas não podemos deixar de denunciar a baixa capacidade empreendedora do Governo do Estado do Pará”. Além do PV, parlamentares de outros partidos também mostraram frustrados e indignados com a decisão e culpam o governador Simão Jatene pela perda. E afirmam que o projeto da ferrovia Norte/Sul, no valor de R$ 14 bilhões, apresentado aos chineses não foi convincente pela falta de atrativos e de estudos de viabilidade econômica.
Para deputados, Pará está sem credibilidade
Membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os crimes ambientais cometidos pela Hydro em Barcarena, o deputado estadual José Scaff (MDB) lamenta que o próprio gestor do Pará não acredite na potencialidade do Estado que governa.
“Mesmo bem localiza do geograficamente, o Pará padece com a falta de credibilidade de quem o governa, e aí o Maranhão, pequeno se comparado a nós, passa na frente com esse grande empreendimento”, analisa. “Incompetência é tão grande que nem ele indo lá nos trouxe algo. Precisamos de uma reviravolta para que não sintamos mais todos esses dissabores”, disparou.
Colega de bancada, o deputado Francisco Melo, o Chicão, mesmo sem conhecer detalhes do acordo entre o Maranhão e a multinacional, afirma que Jatene, quando se trata de projetos grandiosos, está mais interessado em ‘fazer barulho’ e gerar notícia. “O PSDB trabalha com base na mentira, enganando a população. Acho que essas ideias surgem na cabeça dele e ele joga para a população, porque não tem obras para mostrar. A imprensa dá uma cobertura, ele aparece e diz que está tentando trazer algo”, afirma.
“O fato é que não temos nada aqui para dizer: o Governo fez essa ou aquela obra relevante”, lamenta. “É um discurso vazio, enquanto escolas caem, militares morrem, crime organizado toma conta do Estado”, critica.
Viagem de Jatene e comitiva à China foi em vão
No ano passado, o governador gastou R$ 500 mil em uma viagem à China com enorme comitiva. O objetivo era atrair os chineses para o projeto imaginado pelo Governo de construir uma ferrovia de Norte a Sul do Estado no valor de R$ 14 bilhões. Com a decisão dos chineses, a viagem, como o DIÁRIO já havia anunciado, acabou se transformando em mais um grande passeio turístico.
Para quem não lembra, o tucano escolheu a dedo o privilegiado grupo de servidores públicos estaduais, composto por cerca de 30 pessoas consumindo algo em torno de 10 a 12 diárias, que o acompanhou na “excursão”, em setembro do ano passado. O passeio pago com dinheiro público ainda incluía um encontro com representantes do Instituto Confúcio, voltado ao ensino da língua oficial da China, o mandarim.
PROPOSTA DE JATENE ERA VAGA; VIAGEM FOI À TOA
Foram gastos meio milhão de reais para a expedição ao continente asiático sob o pretexto de apresentar ao presidente da China Communications Constructions Company (CCCC) para a América do Sul, Chang Yunbo e outros diretores da empresa chinesa, em Pequim, o projeto da ferrovia paraense.
No entanto, o braço sul-americano da CCCC tem sua sede em São Paulo, onde Chang Yunbo despacha regularmente, o que automaticamente torna a viagem um grande desperdício de tempo e dinheiro.
À época uma fonte informou ao DIÁRIO que o que foi apresentado aos chineses foi considerado vago, já que o projeto não tem nem mesmo um estudo de viabilidade técnica e econômica consistente. Nem sequer havia a aprovação ambiental por parte dos órgãos do próprio
governo estadual.
Fonte: Dol