Sheila Faro: “É preciso criar uma nova forma de fazer sindicalismo”
Presidente do Sinjor/PA e o Diretor Regional Joab Ferreira estiveram no Comunic Tapajós 2018
No dia 7 de abril foi comemorado o dia do jornalista. Para celebrar a data, o Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor/PA), por meio da diretoria regional do Tapajós, realizou um evento que reuniu os profissionais da área de comunicação.
O Comunic Tapajós 2018 aconteceu no sábado (7), no auditório da Unama/Santarém, e trouxe como propostas, possibilitar a qualificação e promover o debate em temas que afetam o dia a dia dos associados.
Demonstrando a importância de descentralizar a atuação do sindicato, em prol do fortalecimento da categoria, a presidente do Sinjor/PA, Sheila Faro, participou do Comunic Tapajós.
Em entrevista à nossa reportagem, durante sua estadia em Santarém, Sheila falou sobre os novos desafios da entidade no estado do Pará.
“A relação do Sindicato com os jornalistas ou qualquer Sindicato com sua respectiva categoria nunca é muito amigável. Têm pessoas que ficam com medo de se relacionar com o Sindicato, mas não pelo medo da relação e sim pelo que o patronato pode pensar dessa relação do trabalhador com o seu representante de classe. Mas aos poucos a gente vem tentando superar isso. Uma das inovações que essa nova diretoria do Sindicato decidiu investir, é em não mais ser aquele Sindicato que irá fazer panelaço ou que vai fazer greve e gritar na porta da empresa. Vamos investir no diálogo, acima de tudo. Não deu certo, obviamente que a gente vai para ‘pancada, põe a luva de boxe e vamos ver no que vai dar’. No entanto, achamos que é importantíssimo estabelecer um diálogo, porque se você briga muito com a empresa e não estabelece uma dinâmica de diálogo permanente com a empresa, quem padece no purgatório é a pessoa que você representa, que é o trabalhador. Não é isso que a gente quer”, afirma Faro.
Para a líder sindical, as recentes mudanças na legislação trabalhista, impõem novas formas de atuação das entidades representativas dos trabalhadores, e segundo ela, o diálogo deve ser priorizado.
“Primeiramente, o investimento no diálogo com as empresas tem sido fundamental e aí nós inauguramos uma forma de fazer sindicalismo, porque após a reforma trabalhista não tem como os sindicatos sobreviverem da forma que eles existiam antes, ou você se adapta ou você está fadado a morrer, porque a própria reforma trabalhista chegou para nos ferir de morte, tanto os representantes do trabalhador por meio dos Sindicatos e com as associações”, disse Sheila.
Outra estratégia utilizada pelo Sinjor/PA visando promover melhoria na forma de atuação do sindicato com seus associados, são os contínuos processos de formação. Conforme explica a presidente, o profissional qualificado torna-se mais competitivo no mercado de trabalho:
“Investir na capacitação do profissional, foi o jeito que encontramos de conseguir trazer o profissional para mais perto do Sindicato, para que ele converse sobre a capacitação, para que ele invista cada vez mais na capacitação de trabalho. Ao fim, se continuar do jeito que está com essa reforma trabalhista, ele vai continuar enxugando cada vez mais e só irão sobreviver aqueles que mais se qualificarem, além de trazê-lo para perto da gente, mostrar para ele que é importante, que a gente consegue conquistar novos direitos, mas fundamentalmente garantir a efetivação dos direitos que já existem. Então, é nesse sentido que o Sindicato está aqui, para chamar cada vez mais jornalistas para perto dele, porque o Sindicato no Pará não é feito só por mim que sou presidente, tão pouco feito só pelo Joab, que é o presidente da nossa Diretoria Regional, é feito por cada um dos jornalistas, pelo repórter cinematográfico, por todos os trabalhadores na área da comunicação fundamentalmente jornalística. É isso que a gente quer, trazer esse cara para perto da gente, para somar e dizer que se a gente não estiver junto nessa fase principalmente, não tem como sobrevivermos”, declarou Sheila Faro.
O DESAFIO DAS FAKE NEWS: Em um contexto turbulento no qual a sociedade está enfrentando, seja no campo econômico ou político, o papel do jornalista constitui um divisor de águas, para uma sociedade que é gravemente afetada pela disseminação de notícias falsas. As chamadas fake news, têm causado alvoroço pelo munda afora, e podem ser determinantes nas eleições deste ano, assim como foi na eleição presidencial dos Estado Unidos.
Segundo a presidente do Sinjor/PA, as notíciais falsas que ganham proporções destruidoras na internet, podem ser considerada o mal do século:
“O fake news é a pior praga do nosso século. Nesse sentido o jornalista tem uma missão de fundamental importância para sociedade, a Constituição prevê que todo cidadão tem de ter acesso à moradia, educação, saúde e, nesse bojo também tem de ter direito à informação. É missão social nossa, como jornalistas, que consigamos garantir essa informação para o cidadão. E como é que iremos garantir? De forma ética, responsável, com zelo nessa informação. Isso nos diferencia dos maus profissionais que existem em qualquer área. Existem os bons e maus profissionais na área da medicina, na área da engenharia, bem como existe na nossa área, não estamos isentos disso. É função nossa garantir que a sociedade seja tratada com cuidado e responsabilidade na hora da mesma ter acesso à informação. Não é um mal médico que mata, o mal jornalista pode começar uma guerra com uma notícia infundada, também pode levar uma população a um grande problema de saúde, problema mental através de uma informação mal dada. Então, vamos tomar cuidado com isso. Eu sei que hoje se contrapondo a ética e apuração dos fatos a gente precisa correr na agilidade para poder postar a informação o mais rápido possível e dar o furo, mas não podemos perder a essência de um bom jornalismo, que é o jornalismo ético, responsável e extremamente cuidadoso com quem vai receber essa informação. Então, fake news não pode prosperar em uma época em que a gente está produzindo conteúdo de responsabilidade, com profissionais com excelência, como existe hoje aqui em Santarém”, finalizou Sheila Faro, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará.
COMUNIC TAPAJÓS 2018: O evento constituiu-se como importante momento para os jornalistas do oeste do Pará, em especial ao contar com a presença da presidente do Sinjor/PA, o que confirma a proposta de descentralização das ações.
Conforme expõe Joab Ferreira, presidente da Diretoria Regional Tapajós, a proposta é justamente trazer os debates inerentes à atuação dos profissionais do jornalismo, as suas demandas e direitos.
“A gente julga que é fundamental que aconteça esses eventos, para que a gente consiga qualificar nossa classe, os estudantes consigam ter essa interação com os profissionais, e a gente promover o debate. Observamos o testemunho de várias pessoas que disseram ter se surpreendido com o evento. Isso melhora a sociedade, porque o jornalista trabalha para a sociedade. Um jornalista quanto mais qualificado, mais capaz ele será de realizar o trabalho. Então, a diretoria do Sinjor, tem essa função também, de qualificar os profissionais e promover o debate. A gente sempre fala isso, trabalhamos em prol de uma sociedade melhor, e a gente somente consegue construir com cidadãos melhores e com profissionais melhores capazes de fazer esta transformação”, explicou.
Joab afirmou que outros eventos deverão acontecer, na expectativa de proporcionar à categoria momentos contínuos de formação e debate para o avanço do reconhecimento do papel importante exercido pelos jornalistas na sociedade.
“Estamos elaborando um cronograma para tornar esses eventos, cursos, oficinas e workshops, para que eles aconteçam mais vezes ao longo do ano. E a gente já planeja também, um outro evento maior, para que possamos integrar toda a região oeste do Pará, pois é importante trazer os profissionais de outras cidades para participar de tudo isso. Não adianta a gente somente qualificar os profissionais de Santarém, precisamos incluir outros municípios, uma vez que, a diretoria regional atua em todo oeste do Pará, o sindicato atua em todo o estado, e desta forma, a ideia é que a gente consiga qualificar e treinar todos os profissionais do estado. É claro que dando um passo de cada vez. Estamos felizes de ver as pessoas participando, de obter o feedback, e a ideia é que a gente possa prosseguir, sentido a demanda dos profissionais, o que os profissionais da região precisam. Não adianta a gente trazer uma proposta que não seja adequada. Então a gente vai analisar esse perfil, e trazer na medida do necessário”.
FORMAÇÃO: Além de possibilitar o debate de temas importantes para o exercício da profissão, trazendo para os sindicalizados do oeste paraense, a possibilidade de interação com a direção do Sinjor/PA, o Comunic Tapajós também promoveu a qualificação dos participantes.
A Oficina de Escola Prática de Comunicação disponibilizou a formação no tema Gestão de Conteúdos para Redes Sociais, cujo palestrante foi o publicitário Petterson Farias.
Quem participou do Comunic Tapajós 2018 pôde aprender um pouco das principais estratégias quando o assunto é comunicação nas redes socais.
“A essência da rede social é a informalidade sempre. Quando você se posta de forma muita austera, muito séria, eu acredito que isso rechaça um pouco as pessoas, porque a rede social pressupõe mesmo um relacionamento, assim como a gente trata o amigo, um parente, um familiar, então é necessária a informalidade. Claro que existe situações muito específicas, de algumas marcas, de algumas instituições que lidam com coisas mais sérias, que você precisa ser mais formal. Uma comunicação informal aproxima mais as pessoas, uma fala coloquial traz as pessoas que têm dificuldade de entender um discurso, uma teoria, um textão mais rebuscado. Isso não tira a credibilidade, não te descredencia para falar sobre nenhum assunto”, explicou o palestrante Petterson.
Para o publicitário, a gestão de conteúdo nas redes sociais deve buscar primeiramente um relacionamento, o chamado engajamento do público. “Antes de sair vendendo qualquer coisa, é preciso construir uma história, baseada numa prestação serviço que seja útil para as pessoas”, afirma.
Neste novo jeito de fazer comunicação, uma corrida desesperada acontece na busca do sucesso nas redes sociais, sendo assim, os erros são inevitáveis. Como agir diante de uma situação, por exemplo, em que uma postagem nas redes sociais ganha interpretação diferente da qual havia-se planejado, perguntamos.
“Nas redes sociais estamos sempre passíveis de erro. Quando acontece temos de assumir o erro, e pedir desculpas e depois a gente segue em frente. Acredito que é pior sempre para a marca ou para instituição, quando o erro está lá posto, e você está fingindo que nada aconteceu”, diz Petterson Farias.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto