MILTON CORRÊA Ed. 1215
DESEMPREGO NO PARÁ CHEGA A CERCA DE 24% ENTRE JOVENS DE 18 A 24 ANOS
Quase 24 por cento dos jovens, entre 18 e 24 anos, estão desempregados no Pará, de acordo com dados do IBGE. E um dos motivos apontados por especialistas que levam o estado a registrar números negativos pode ser a qualidade do Ensino Básico regular oferecido nas salas de aula. (Agência do Rádio. Com a colaboração de Cristiano Carlos, reportagem, Sara Rodrigues. Nas escolas, os estudantes paraenses alcançaram, em média, nota três, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o IDEB, que considera a nota quatro como média mínima ideal. A falta de conhecimentos básicos em matemática, português, ciências e tecnologias, por exemplo, prejudica o jovem quando ele passa a buscar emprego no mercado de trabalho, como lembra a especialista em Administração da Universidade de Brasília (UnB), Débora Barem. “Nós temos alguns problemas na educação de base de uma forma geral, não temos incentivos para que as crianças consigam digerir a matéria, o que é ciência, entender que não são coisas fora de nós”. O carro-chefe da indústria paraense é o setor de extração de minerais metálicos, responsável por quase 35 por cento das riquezas industriais produzidas no estado. De acordo com pesquisa publicada pela Fundação Dom Cabral, em 2016, 40 por cento das empresas têm dificuldades para encontrar profissionais aptos a preencher vagas técnicas. O problema é a falta de qualificação dos trabalhadores. O Diretor-Geral do SENAI, Rafael Lucchesi, ressalta que o ensino técnico profissional é o caminho mais curto para o jovem conseguir emprego. “Precisamos fazer um grande esforço se queremos ajudar a agenda de inclusão social para o jovem brasileiro melhorar a produtividade do trabalho, para melhorar a possibilidade dos jovens se inserirem no mercado de trabalho”. O trabalhador que conclui sua formação em cursos técnicos profissionais pode ter salário até 20 por cento maior, em comparação aos estudantes formandos da educação regular tradicional. O dado é de pesquisa PUC-Rio.
DEMANDA POR CRÉDITO DA MICRO E PEQUENA EMPRESA CRESCE 3,4 PONTOS EM JULHO, MAS AINDA É BAIXA, APONTAM CNDL/SPC BRASIL
Entre os empresários ouvidos, 73% descartam a possibilidade de contratar crédito nos próximos três meses. Quase metade não pretende investir em seus negócios até o fim do ano. Após um período de retração, o mercado começa a dar sinais de retomada das concessões de crédito. Cenário que vem resultando no aumento da demanda das micro e pequenas empresas do varejo e serviços (MPEs). Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que, entre junho e julho, o indicador que mede a intenção de contratar crédito registrou alta de 3,4 pontos. Em uma escala de zero a 100, o resultado de junho foi de 22,8 pontos, o valor máximo desde o início da série histórica. Já na comparação com os meses de julho dos anos anteriores, houve um aumento no apetite por crédito. Em julho de 2017, o índice estava em 11,3 pontos, ao passo que no mesmo período de 2016 ficou em 10,8 pontos. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito e quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados. Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, a recuperação gradual da economia já resulta em um quadro mais positivo. “A partir do momento em que observarmos maiores quedas reais dos juros, haverá um estímulo maior para a contratação de crédito nas empresas. Hoje, a confiança na retomada ainda é tímida, no entanto enxergamos nos setores do comércio e serviços vendas melhores”, afirma o presidente.
73% NÃO PLANEJAM CONTRATAR CRÉDITO NOS PRÓXIMOS MESES; 53% ACREDITAM QUE MANTERÃO NEGÓCIO COM RECURSOS PRÓPRIOS
Em termos percentuais, 14% dos micro e pequenos empresários consideram a possibilidade de contratar crédito pelos próximos três meses. Entre esses, 37% pretendem usar para capital de giro, 22% buscam recurso externo para pagar dívidas, 20% para reformar empresa e 18% para comprar equipamentos e maquinário. No entanto, 73% descartam a possibilidade de contratar crédito no terceiro trimestre, sobretudo por acreditarem que conseguirão manter o negócio com recursos próprios (53%) e porque consideram as taxas de juros muito altas (30%). Além desses, 25% disseram estar inseguros com as condições econômicas do país. Entre os empresários que pretendem tomar crédito nos próximos meses, 42% planejam contrair empréstimo, 17% buscam financiamentos e 10% querem contratar cartão de crédito empresarial. Em média, o valor a ser emprestado será de 35,887 mil reais. “Quando o ambiente de negócios estiver mais estável e com melhores perspectiva de consumo, enxergaremos um maior crescimento da demanda por crédito e investimento dos micro e pequenos empresários”, observa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
QUASE METADE DOS ENTREVISTADOS NÃO PRETENDE INVESTIR EM SEUS NEGÓCIOS; CAUTELA COM ECONOMIA É PRINCIPAL MOTIVO
Outro indicador mensurado pela CNDL e pelo SPC Brasil é o de Propensão a Investir. Em julho, o índice marcou 40,9 pontos. O setor de serviços apresentou maior interesse em investir (42,0 pontos) do que o varejista (39,9 pontos). Na comparação anual, isto é, com julho de 2017, o indicador avançou 13,2 pontos. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100 pontos, maior o apetite do MPE para investir nos próximos três meses; quanto mais distante, menor o apetite. De acordo com o levantamento, a intenção de investir avançou na passagem do ano, mas tem se mantido praticamente estável nos últimos meses, como reflexo das incertezas eleitorais. Quase metade (49%) afirmou que não pretende aplicar recursos para promover melhorias em seus negócios nos próximos 3 meses. A principal razão é o fato do país não ter se recuperado da crise até o momento (37%), enquanto 35% afirmaram não ver necessidade. Além desses, 20% disseram ter realizado investimentos recentemente e aguardam retorno dos recursos aplicados. Por outro lado, 34% dos empresários sinalizaram que pretendem investir no próximo trimestre, principalmente para aumentar as vendas (60%) e atender ao crescimento da demanda (22%). Entre os investimentos prioritários, destacam-se a compra de equipamentos e maquinários (25%), ampliação do estoque (24%), mídia e propaganda (23%) e reforma da empresa (23%).
SETEMBRO: 80% DAS EMPRESAS IRÃO PERDER CERTIFICAÇÕES ISO 9001 E 14001
Por Alexandre Pierro (*)
No mês de setembro, a versão 2008 da norma ISO 9001 (qualidade) e a versão 2004 da norma ISO 14001 (ambiental) simplesmente perderão a validade. Segundo dados obtidos no site do Inmetro, responsável pela acreditação das normas no Brasil, cerca de 80% das empresas brasileiras certificadas – mais de 19 mil – ainda não efetuaram a migração para a nova versão da norma, que está em vigor desde 2015. As empresas que não fizerem a atualização, perderão a certificação por completo. Entre os motivos para o atraso, estão os cortes advindos da crise, a falta de conhecimento dos empresários quanto à necessidade de atualização e o velho hábito do brasileiro de deixar tudo para a última hora. De tempos em tempos as normas são revistas, a fim de garantir que os requisitos avaliados estejam em conformidade com as transformações pelas quais o mercado atravessa. O objetivo é mantê-las atualizadas, garantindo sempre as melhores práticas. A grande novidade da versão 2015 é a inclusão de metodologias para a gestão de riscos, garantindo mais qualidade aos produtos, redução dos impactos ambientais e dos problemas financeiros. As normas dão garantias ao mercado de que suas organizações possuem altos padrões de qualidade dos produtos e/ou serviços prestados (ISO 9001), além que cumprem rigorosamente as legislações ambientais do país (ISO 14001). O Brasil já foi o 10° país do mundo em número de certificações, sendo o maior da América Latina. No total, 19.274 empresas brasileiras conquistaram a ISO 9001 na versão 2008. No entanto, apenas 3.184 possuem a versão 2015. No caso da ISO 14001, 2.226 possuem a versão 2004. Na 2015, apenas 401. De acordo com o mesmo levantamento, as indústrias, o mercado de construção civil e automobilístico são os que estão mais atrasados na atualização da norma. Caso as empresas realmente deixem de fazer a migração, passaremos então ao menor número de empresas certificadas no continente latino-americano. Dessa forma, o Brasil irá perder competitividade com empresas estrangeiras e uma parcela significativa da sua participação no mercado exterior. Além de melhoria nos processos, empresas certificadas conquistam muitos outros benefícios. Há significativa redução nos desperdícios, os chamados savings, e ainda uma grande melhoria na imagem perante o perante a sociedade, visto que várias ações de marketing valorizam esse tipo de reconhecimento. Cabe destacar ainda que boa parte das empresas de grande porte e multinacionais só costumam aceitar fornecedores certificados, reduzindo drasticamente a participação de mercado das não certificadas. Isso reduz o market share e, consequentemente, as possibilidades de receita das empresas. O custo de ficar de fora das oportunidades certamente é muito mais alto do que os investimentos envolvidos para a conquista das certificações. As empresas de pequeno e médio porte, cujo faturamento não justifica a manutenção de um departamento interno de qualidade, devem recorrer às consultorias. Além de contar com auditores especializados, que conhecem cada detalhe dos requisitos, essas empresas cuidam de todo o processo, desde a análise da organização, passando pela apresentação da solução até o acompanhamento junto às certificadoras, que farão apenas a avaliação dos itens da norma. Normalmente, essas consultorias atrelam parte de sua remuneração ao sucesso da certificação. Sendo assim, a empresa tem garantia na qualidade do serviço prestado. A grande questão é que, se as empresas ainda não iniciaram o processo de atualização no mês que vem elas perderam a certificação das normas. Afinal apesar de simples, o processo é um pouco demorado. Em média, leva-se em torno de 6 a 8 meses para concluir todas as etapas da certificação ou da recertificação. Portanto, veremos nos próximos anos o Brasil perdendo muita competitividade no mercado global. O fato pode agravar ainda mais a crise que assola o Brasil, inclusive influenciando negativamente o PIB.
(*) Alexandre Pierro é engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.